A ex-atriz pornô Sasha Grey lançou seu primeiro romance, o livro erótico Juliette Society, em São Paulo na quarta-feira (21). Para conseguir um autógrafo da artista, o fã que chegasse à Livraria Cultura pouco depois das 18h30, início do evento, tinha de entrar no fim de uma fila que descia os três andares da loja e continuava na rua Alameda Santos. Enfileirados, alguns a partir das 16h, havia homens e mulheres de diferentes idades, a maioria jovem.

Ao chegar ao evento, Sasha conversou com jornalistas e se disse surpresa pela quantidade de pessoas que foram ao lançamento. Questionada se esperava que seu livro agradasse também às mulheres, uma vez que sua base de fãs é majoritariamente masculina, respondeu, sorrindo: “Eu tenho mais fãs mulheres do que você imagina”.

Ela explicou: “As mulheres em geral, hoje, gostam mais de conteúdo erótico. Mas quando escrevi o livro, quis homenagear alguns atores clássicos de literatura erótica, como Marquês de Sade e Voltaire. Eram obras satíricas, divertidas e que refletiam a sociedade e a cultura de seu tempo. Eu quis fazer o mesmo com esse livro. Não importa quem leia, pode ficar excitado ou enojado, pode dar uma boa risada”.

Todo cheia de digressões e referências a diretores como Alfred Hitchcock, Luis Buñuel e Jean-Luc Godard, a narrativa do livro acompanha a história de Catherine, uma jovem estudante de cinema que entra para uma sociedade secreta de sexo, formada por gente milionária e poderosa.

Sasha diz ter baseado sua história em coisas que leu, ouviu de pessoas ou que testemunhou. Ela admite que tem muitos pontos em comum com a protagonista. “Eu baseei Catherine em mim mesma quando tinha 18 anos, mas nós divergimos porque eu encontrei a pornografia, e ela não tinha nenhuma saída para expressar esses novos desejos que tinha. E nós temos opiniões diferentes sobre o amor. Eu sou mais positiva, e ela é mais cínica.”

Na capa da edição brasileira do livro, há uma frase creditada ao jornal britânico The Independent: “Destinada a ser a nova E.L. James [autora de Cinquenta Tons de Cinza]”. Apesar de não se identificar com esse livro, Sasha diz não se importar com as comparações.

“Quando eu fui escrever, sabia que haveria comparações, mas honestamente quis fazer algo com que as pessoas pudessem se identificar mais. Cinquenta Tons de Cinza segue uma história mais tradicional, enquanto o meu não. Mas acho que esse livro permitiu que a cultura de massa falasse mais abertamente sobre sadomasoquismo”, disse.

Sasha possui carreira no cinema, tendo trabalhado em filmes como Confissões de uma Garota de Programa (2009), de Steven Soderbergh, e Open Windows (com estreia nos EUA prevista para este ano), de Nacho Vigalondo, com Elijah Wood. Seu livro está prestes a virar um filme, com direção de Scott Burns.

“Espero que aconteça. Estamos trabalhando na produção”, disse. A artista diz que não pretende aparecer no longa, mas que já tem uma atriz em mente para o papel da protagonista. “Eu só pensei no papel de Catherine e gostaria de ter Mia Wasikowska [de Alice no País das Maravilhas]. Ela é ótima”.

Em relação a projetos futuros, Sasha pretende escrever uma sequência para Juliette Society e sonha em colaborar com alguns de seus diretores preferidos. “Eu adoraria trabalhar com Todd Solondz, cujos filmes eu adoro. Acho que é um dos melhores cineastas que estão na ativa hoje. Eu adoraria trabalhar com Jeff Nichols também. O filme Mud provavelmente foi o único que vi este ano nos cinemas americanos. E Michael Mann é um dos meus diretores preferidos. Eu adoro o poder que ele dá às mulheres no cinema”.


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Ex-atriz pornô Sasha Grey lança livro em SP: 'Tenho mais fãs mulheres do que imagina'