Assim como Marina Silva (PSB), Luciana Genro (PSOL) e Eduardo Jorge (PV), o candidato Aécio Neves (PSDB) respondeu às perguntas elaboradas pelo portal Virgula, todas focadas no universo do jovem brasileiro. 

A assessoria do candidato Pastor Everaldo (PSC) não respondeu à solicitação de entrevista, e a assessoria da presidenta Dilma Rousseff (PT) pediu desculpas por não ter conseguido responder a tempo, mas se comprometeu em falar com o Virgula no segundo turno das eleições.

Leia abaixo as respostas do candidato Aécio Neves.

Virgula – Como pretende aumentar o número de vagas nas universidades públicas federais durante a sua gestão?

A situação das universidades públicas no Brasil é preocupante. Do ponto de vista estrutural, grande parte das instituições apresenta problemas de manutenção de seus equipamentos e salas de aulas e problemas financeiros. Mas o problema principal é a falta de investimento no ensino em si, já que o grande papel da universidade é produzir conhecimento, realizar pesquisas, auxiliar no entendimento do mundo por meio da visão acadêmica. Para aumentar o número de vagas precisamos aprimorar o sistema de avaliação das condições de funcionamento das universidades e instituições de ensino superior, para superar as precariedades e melhorar a qualidade. Também é necessário garantir a autonomia plena das universidades, assim como a consolidação e ampliação da cooperação internacional entre universidades do país e do exterior, incentivando o aumento de intercâmbios de professores e alunos e integração das IES brasileiras em redes de inovação.


Virgula – O senhor é a favor de cobrar mensalidade de quem pode pagar nas universidades públicas?

A universidade pública deve manter sua gratuidade. Na verdade, a universidade pública precisa ser valorizada, seus professores reconhecidos e ter assegurada a sua autonomia administrativa e acadêmica. A universidade cumpre um papel fundamental, seja no sentido de formular ou de garantir acesso ao conhecimento.

Virgula – O que sugere para melhorar a educação de base no país?

Vamos estabelecer uma politica de valorização dos professores, carreira e formação, como está explicitado no programa de educação. Essa prioridade inclui a discussão com Estados e municípios a respeito das diretrizes nacionais da carreira, aumento da complementação da União ao Fundeb, definição de incentivos que tornem a carreira mais atraente desde o inicio, estímulos à inovação nos programas de formação inicial e programa de apoio aos estados e municípios nas ações de formação continuada. A segunda prioridade é a definição de mecanismos que de fato propiciem um regime de cooperação mais articulado e integrado entre os 3 níveis de governo sem o que é muito difícil criar um ambiente construtivo de melhoria da qualidade da educação básica, o maior desafio da educação brasileira. A educação básica vai mal, os resultados são preocupantes, sobretudo nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio. E as avaliações do MEC mostram um quadro de aumento das desigualdades educacionais no país que precisa ser enfrentado urgentemente com politicas corajosas que garantam maior equidade.


Virgula – O senhor é a favor das cotas para negros nas universidades?

As cotas são instrumentos fundamentais para garantir a igualdade de oportunidades. Temos compromissos com a igualdade racial e com políticas para a juventude que vão permitir a inclusão social de jovens e favorecer a luta contra o racismo e outras formas de discriminação em todo o Brasil. Lançamos durante a campanha o documento Pacto pela Igualdade Racial, com o objetivo de promover e garantir a participação da população negra em condições de igualdade na vida econômica, social, política e cultural do país. O documento, elaborado em conjunto com o Tucanafro, núcleo da militância negra do PSDB, reforça o compromisso de fortalecer os mecanismos de enfrentamento do racismo por meio da Política de Promoção da Igualdade Racial, conforme estabelecido pelo Estatuto da Igualdade Racial. O texto afirma ainda que será adotada como diretriz “a inclusão das vítimas de desigualdade étnico-racial, a valorização da igualdade étnica e o fortalecimento da identidade nacional brasileira.”

Virgula – O que pretende fazer em relação ao projeto de descriminalização da maconha?

Não é o momento para discutir a legalização ou a descriminalização da maconha. O Brasil não pode ser cobaia de uma experiência que ainda não demonstrou ter dado certo em outros países. A droga hoje é um dos problemas mais graves do país. O crime organizado domina setores importantes de grandes cidades. O crack se tornou uma epidemia que destrói famílias.

Virgula – O que acha da distribuição de kit anti-homofobia nas escolas?

O candidato não respondeu à pergunta.

Virgula – O senhor é a favor da criminalização da homofobia?

O governo federal deve se articular em diversos níveis para promover a igualdade de direitos da comunidade LGBT e ampliar a participação de ativistas nos debates internos. Vamos lutar por avanços no reconhecimento da identidade de gênero e na adoção de crianças por casais homoafetivos. E precisamos acabar com a homofobia. E para isso é preciso criminalizá-la.

Virgula – Qual é a sua proposta para capacitação de jovens para o primeiro emprego?

Precisamos adotar políticas eficazes de estímulo ao primeiro emprego. O PT fracassou ao desassociar o programa Primeiro Emprego da Escola. O Primeiro Emprego tem que ser uma consequência e um desdobramento da escolarização. Vamos estimular a conclusão da formação básica e de cursos de natureza técnica e profissional nos moldes do PRONATEC, enfatizando também o desenvolvimento de capacidades para inserção no campo da economia criativa. O jovem precisa de boa educação e formação técnica para entrar no mercado de trabalho. A educação é universal, mas é importante que essa formação técnica respeite as aptidões e vocações dos jovens. Também devemos dar incentivos para aumentar a oferta de cursos superiores nas áreas tecnológicas, expandir e aperfeiçoar o Fies e o Prouni, e aumentar o alcance do Pronatec.


Virgula – Como é possível incentivar o uso de meios de transporte alternativos, como a bicicleta, nas grandes cidades?

Cerca de 85% da população brasileira é urbana, com grande parte vivendo em metrópoles. A redução da mobilidade urbana nos nossos grandes centros tem trazido imensos prejuízos à qualidade de vida, degradando os espaços públicos, com sérios danos ambientais e, em consequência, à saúde pública. O Governo Federal deve exercer um papel transformador nas políticas e práticas urbanas brasileiras, empregando um repertório amplo de iniciativas que estimulem a adoção de abordagens integradoras e de inovações. Por isso, vamos lançar e financiar o Plano Nacional de Ciclovias, priorizando sua implantação em conjuntos habitacionais com mais de 500 unidades

Virgula – O senhor é a favor da descriminalização do aborto?

A legislação atual deve ser mantida. O fundamental é que haja cada vez mais informação, sobretudo a adolescentes de baixa renda no Brasil, sobre anticoncepcional e outras formas contraceptivas.


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Entrevista com os candidatos à presidência: Aécio Neves