Moreno Veloso


Créditos: Divulgação/Caroline Bittencourt

Se você for buscar o motivo do sucesso de Caetano Veloso no meio indie, como ficou provado após o show consagrador do ícone baiano no festival Primavera Sound, em Barcelona, certamente irá descobrir o dedo de seu filho Moreno no meio.

Pedro Sá, guitarrista da banda de Caetano, por exemplo, é parceiro de Moreno e co-produziu Coisa Boa (Maravilha8/Pommelo Distribuições), álbum que Moreno lança nesta quinta-feira (26), no Teatro do Sesc Pompeia. No palco, além de Pedro, estarão Bruno di Lullo (baixo) e Rafael Rocha (bateria e percussão). 

“Ele é nosso parceiro nesse sentido musical de também mostrar o que está acontecendo”, diz sobre o pai. “Tanto ele quanto o Ricardinho (Dias Gomes), Pedro Sá, todo mundo, o Kassin, o Domenico, ou meu pai. Todos nós, a gente tem esse jeito de mostrar as coisas que a gente está ouvindo, procurar ouvir as coisas que as pessoas estão falando. Tanto das coisas que saem no jornal tanto do que os amigos falam: ‘Ah eu ouvi um canadense que faz um negócio estranho, tem uma pessoa ali no Pará que está misturando sei lá o que com sei lá o que”, conta Moreno.

Para o músico, trata-se de um diálogo. “Muitas vezes quando a gente se encontra, a gente vai se encontrar na casa do Pedro Sá e meu pai pode ir, ou a gente vai na casa de meu pai, ele mostra coisas para gente e a gente mostra coisas a ele, é uma troca de amigos musicais mesmo. Meu pai é um elemento que traz coisas novas também, assim como nossos outros amigos”, aponta.
 
A vibe familiar também permeia Coisa Boa, disco que o músico dedicada aos filhos, Rosa e José, e à mãe deles, Clara. “É claro que é muito cedo para falar isso, mas eles têm a música muito próximo e a proximidade com os estúdios, as máquinas, dá uma intimidade que pode servir a eles no futuro”, diz, sobre os filhos de 8 e 5 anos.

“Eles fazem músicas, gostam de fingir que estão tocando violão, dizem que estão inventando umas músicas e eles inventam umas músicas engraçadas. As duas últimas músicas que eles fizeram juntos se chamam Como É que o Mundo Foi Feito e Quem Foi que Fez Isso com o Mundo. Eles compõem juntos”, revela Moreno.

Em meio ao clima de Copa e do entusiasmo com Neymar, o filho de Caetano vê paralelo entre a atual geração de jogadores e a de músicos. “O Brasil tem essa característica, as paixões nacionais, digamos assim, elas promovem muitos talentos e o futebol e a música eu acho que são expoentes máximos dessas paixões e desses talentos. A quantidade de gente boa que surge de uma coisa e de outra é enorme. O mundo todo fica impressionado e a gente também fica”, afirma.

Entre os nomes da atual geração, Moreno destaca Rubinho Jacobina e Ana Claudia Lomelino, da banda Tono, da qual Ben Gil, filho de Gil, é o guitarrista. “Tem pessoas que eu admiro muitas e são muito próximas da gente, como o Rubinho Jacobina, é um compositor, cantor de primeiríssima qualidade, que, às vezes, ele desaparece, mas a gente se esforça muito para fazer ele aparecer. Ele faz parte da Orquestra Imperial com a gente e tem os trabalhos solo dele. Inclusive, eu e o Pedro Sá produzimos o último disco dele, que já está pronto tem um tempinho, mas ainda não conseguiu lançar, justamente por falta de aparecer alguma estutura que dê apoio, mas ele é uma das pessoas que eu mais admiro ultimamente. Tem a Ana Claudia Lomelino, da banda Tono, ela está começando um trabalho solo que eu estou muito admirado, quero que apareça logo”, torce.

O espírito agregador de Moreno é citado por ele mesmo ao comentar a proximidade entre a física e a música. Moreno é formado em física: “Eu acho que nessa proximidade que eu tenho com as máquinas e tal e nesse gosto que eu tenho pelos eletrônicos, computadores, isso se refletiu na física e vice-versa. Porque o trabalho no laboratório, coisa que eu gostava muito, a física experimental é bastante coletiva e a física teórica, muitas vezes solitária. Então eu gostava mais da parte coletiva porque eu gosto de ficar junto das pessoas e essa parte experimental da física estava muito perto dos eletrônicos, dos conhecimentos, da atenção que você presta dentro de um laborarório. É uma vida muito parecida com a de música, de gravação, de mixagem”, compara.

Do laboratório de Moreno e de seus amigos, como denota o nome do disco, só sai coisa boa.


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