Bruna Beber

Elisa Mendes Bruna Beber

Autora de seis livros, cinco de poesia e um infantil, a fluminense Bruna Beber, de 33 anos, é um nome de destaque na poesia contemporânea brasileira, com poemas publicados em antologias e sites de países como Alemanha, Argentina e México.

Seu novo livro, Ladainha (Record) chega para consolidar se juntar a nomes que ela mesma diz “acompanhar” e indica: Ana Martins Marques, Júlia de Carvalho Hansen, Fabrício Corsaletti, Marcelo Montenegro, Marília Garcia, Leonardo Gandolfi, Angélica Freitas, Alice Sant’Anna.

“Bruna mais uma vez recria o seu universo poético, em Ladainha, e zela por sua já admirada coloquialidade, fruto de um processo de escrita que passa muito pela escuta (áudios de alguns poemas estão no site brunabeber.com.br).”, afirma texto de apresentação do livro.

Nós conversamos com a poeta de Duque de Caxias, que falou sobre seus “rituais” de escrita, a relação com a música, ela é autora de uma música, Que Estrago, do novo disco de Letícia Novaes, em seu projeto Letrux, entre outros assuntos.

Como a música influencia o “flow” da sua poesia?
Bruna Beber – A música foi um dos caminhos que me fizeram chegar à poesia. Acho que sou um pouco viciada em música, ouço música todos os dias, pesquiso música de vários continentes, atuais e antigas, para ouvir e faço playlists para mim mesma e para os outros. Minha última série de playlists foi de músicas para os orixás africanos e santos brasileiros, foram oito ao todo. Enfim, a oralidade é algo que cada vez mais investigo na minha poesia.

Sem ouvido não há boca. Sem boca não há ouvido. Gosto dessa via de mão dupla, sou uma pessoa predominantemente da escuta, sempre uma aprendiz, e acho que a música educou ou abriu ou corrompeu ou ajudou ou calibrou meu ouvido para a poesia.

Você assina uma letra em parceria com a Letícia Novaes, no Letrux. Queria saber como foi que rolou e se isso te animou a fazer outras parcerias do tipo?
Beber – Eu já tinha feito músicas com outros parceiros, menos com a Letícia, que é minha amiga há mais de dez anos. Então a hora chegou, ela tinha uma proposta de começo de letra e nós continuamos. Na verdade, eu já tinha feito letra para algumas pessoas, outras musicaram poemas meus, em alguns casos eu também ajudei na música. Dessa vez foi a primeira que sentei com alguém para escrever uma canção. Gostei muito do processo e do resultado da Que Estrago.

O que você acha que está acontecendo de mais novo na poesia do Brasil e do mundo?
Beber – Tem muita gente escrevendo e publicando em todos os lugares do mundo, acredito que as cenas nunca foram tão profícuas. Ou antes não tinha internet ou eu viajava menos. No Brasil, que é o cenário que acompanho mais intimamente porque faço parte dele, se publica quinze vezes mais do que há dez anos, por exemplo. Ótimo, ideias e poéticas em circulação. Acho que escrever as pessoas sempre escreveram, mas agora há mais vias para publicação. Você me pergunta o que há de mais NOVO eu não sei responder, porque não consigo avaliar a poesia sob essa etiqueta, acho que há uma imensa diversidade de vozes e poetas desenvolvendo trabalhos bastante interessantes e múltiplos.

Ladainha é seu quinto livro, o que ficou mais fácil e difícil em seu processo pessoal de escrever e publicar hoje em relação de quando começou?
Beber  – A cada novo livro fico mais cascuda e mais bebê ao mesmo tempo. É sempre um recomeço. Vou ganhando e perdendo coisas, tentando preservar algumas. As facilidades e as dificuldades já variaram muito desde o primeiro livro, e acho que o processo transcorre a partir da busca, que muitas vezes se altera no meio do caminho.

Angélica de Freitas, na crítica da Quatro Cinco Um afirmou que você buscou “ancestralidades” e elementos da natureza como busca poética e espiritual. Você tem rituais para escrever?
Beber – Sim, mas não vou contar todos porque são muitos. Um deles é reescrever ao limite tudo que escrevo, o outro é gravar tudo que escrevo. Esses dois processos, basicamente, me acompanham desde que comecei a escrever e se intensificaram desde que publiquei meu primeiro livro. No Ladainha eu resolvi tornar essas gravações públicas: http://brunabeber.com.br/portfolio/ladainha

Que poetas da atualidade mais gosta e indica?
Beber  – Gosto, indico e acompanho de perto o trabalho de alguns contemporâneos brasileiros, como Ana Martins Marques, Júlia de Carvalho Hansen, Fabrício Corsaletti, Marcelo Montenegro, Marília Garcia, Leonardo Gandolfi, Angélica Freitas, Alice Sant’Anna.


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'Música calibrou meu ouvido para a poesia', diz Bruna Beber, destaque da nova geração