Cameron Diaz sempre conversa com ela e Jennifer Love Hewitt é viciada em seu site, assim como seis milhões de pessoas que o acessam mensalmente atrás de suas previsões. A americana Susan Miller, 50 e poucos anos, talvez pisciana, é a astróloga mais pop da internet. Seu portal, o Astrology Zone, completa neste ano 15 anos de história.

Mesmo quem nunca se interessou pelo assunto é fã dela, que não analisa o futuro de um signo por notas de quatro linhas, como nos jornais, mas em calhamaços de textos, que saem todos os meses e se tornam uma bússola para a vida de seus milhares de fãs.

Apesar de toda a aura que existe ao seu redor, Susan é uma muher simples, modesta e muito simpática. Para entrevistá-la é preciso tempo, pois a partir do dia 20 de cada mês ela se dedica a fazer o horóscopo até o final do mês. Cada signo leva sete horas para ficar pronto, garante.

Ela também não conversa por e-mail. Pode parecer arrogância, mas não é: ela adora conversar com estranhos. Alonga-se nas respostas, divaga, fala sobre a própria família, entra no Twitter e reclama que ele “baleou” e, quando se percebe, lá se foi uma hora de papo – ops, entrevista.

Ao Virgula , Susan conta a sua história, sobre como sua mãe a ensinou a ser astróloga e também revela um grave problema de saúde que possui. Também adianta que vem ao Brasil no próximo verão e que está louca para realizar uma conversa com os fãs paulistanos. Alguém duvida que será um sucesso? Nem é preciso de previsão.

Susan, você sabe o quanto é popular no Brasil?
Sério? Eu comecei a entrar no Facebook e no Twitter em junho e tem tanta gente de São Paulo que me segue! É muito excitante! Adoro vocês, todos são felizes como eu! É um povo de muito bom humor, como os italianos. Vou para aí no verão, quero ir para o Rio e conhecer o Pão de Açúcar. Depois quero ir para São Paulo e conversar com todos esses seguidores. Poderia alugar um local, conseguir um patrocinador, seria muito legal!
Por que a astrologia fascina tanto as pessoas?
Pela mesma razão pela qual eu sou fascinada. Acredito que Deus tenha planos para nos ajudar, nos iluminar e todas as outras coisas que a vida nos dá. Se você olhar atrás no tempo, lá para a Mesopotâmia e a Babilônia, há 2.500 anos antes de Cristo, para quando a astrologia começou, naquela época as pessoas eram curiosas sobre o que vinha depois, sobre como programar nossa vida para que ela se torne mais interessante, segura, mais próspera, saudável. O sentimento é o mesmo. Mas então só o rei tinha um astrólogo, porque era muito caro. Hoje, na internet, qualquer um tem o seu. É muito mais democrático. A internet permitiu às pessoas verem como astrologia funciona. Digo sempre que sou uma filósofa que usa a astrologia para mostrar os mistérios da vida. Escrevo para pessoas que não acreditam necessariamente (em astrologia), e entendo os céticos. Espero que esses me leiam por seis meses e vejam o que acontece depois disso.

O interesse por esse assunto é algo familiar?
Minhas filhas me consultam para tomar suas decisões. Elas têm 20 e poucos anos e ainda me chamam de “mamãe”, acho tão fofo! Minha mãe é astróloga, mas nunca contou a ninguém, nos tempos dela isso não era algo aceito. Quando eu tinha 14 anos fiz uma operação para salvar a minha vida e fiquei paralisada. Queria saber se poderia andar novamente e meu médico disse que tinha de esquecer o colégio, estudar em casa e ir ao hospital todo dia por seis meses. E levou três anos. Fui uma paciente por 11 meses, fiz transfusões de sangue várias vezes. Ela não queria que eu aprendesse porque um dia iria começar a ler para meus amigos, mas eu não tinha amigos, ninguém ia me visitar… Aí ela me ensinou durante 12 anos. Também aprendi comunicação, filosofia e religião. Ela é uma ótima professora.

Por que você não revela seu signo? Como você se sente ao ler o seu próprio futuro?
Ah, eu não digo para ninguém. Mas você pode ler muito de mim nas previsões, dá para saber qual é. Minha irmã mais velha estava com dificuldades financeiras no ano retrasado e eu disse para ela que eu seria ela no ano seguinte. E aconteceu: quebrei minha perna, tive um sério problema com meus olhos… O maior desafio da minha vida foi no ano passado. Isso me deixou muito forte. E você precisa ficar relaxada (ao ler uma previsão negativa), saber que é seu momento de mostrar o seu caráter. Não tive medo, era o meu momento.

Você faz previsões para políticos ou celebridades de Hollywood, em particular?
Cameron Diaz fala comigo o tempo todo. Nenhum político me procurou, eles deveriam. Mas depois de Nancy Regan (esposa do ex-presidente americano Donald Regan) todos têm medo. A mídia tira sarro disso. Aqui em Nova York há muitas pessoas de negócios e executivos de TV que adoram. Quanto mais pressão você sofre em sua profissão, mais gosta do brainstorm que a astrologia lhe dá. Ela lhe instiga a ter muitas ideias. Você se sente confiante.

Quais são seus hobbies?
Eu amo fotografia e antes de ser astróloga em tempo integral eu trabalhava numa agência de fotos publicitárias. Interessante falar disso, ninguém nunca me perguntou. Meu pai tinha uma loja de produtos italianos muito famosa, a gente vivia em cima dela, então eu cozinho muito bem.
 
Você era fotógrafa? Como passou a ser apenas astróloga?
Eu conhecia o marido de uma editora da Time Warner e virei melhor amiga dela. Ela achava que eu estava no negócio errado, que devia escrever astrologia em tempo real, ter uma coluna. Em 1994 ela me chamou e disse que tinha um livro para eu escrever em seis meses. E eu terminei, ela gostou, mas ela era a minha amiga, sabe? Depois do livrinho começar a vender ela me arranjou um encontro com o editor da Time Life. Eles queriam algo pequeno, uma coluna diária para mulheres. Eu falei que queria escrever algo grande, para homens e mulheres, uma vez por mês. Eu falei que escreveria 17 mil palavras, hoje faço o dobro. Eles só não sabiam onde eu escreveria dessa forma. Daí lembrei de minha mãe lendo meu mapa astral quando eu tinha 10 anos: ela me disse que eu ganharia a vida escrevendo em um novo meio de comunicação que ainda não tinha sido inventado. Ele mudaria o meu trabalho e seria o canal pelo qual  eu contribuiria com o mundo. Era a internet o meu destino! O aniversário do meu site é 17 de dezembro de 1995.

E hoje você escreve para quantos lugares?
Eu tenho uma coluna no jornal “MTV na Rua”, daí do Brasil, escrevo na Vogue japonesa, na Elle americana e na de Hong-Kong, numa revista na Turquia igual a Vanity Fair e em outra revista na Coréia, Também faço conteúdo mobile para celulares no Japão e nos Estados Unidos. Adoraria ter um programa de TV, cheguei a fazer um piloto para a Discovery há seis anos.

Você mencionou um certo problema de saúde anteriormente. Qual seria ele?
Fiz mais de 30 transfusões de sangue em minha vida, e estou bem, sempre me deram bom sangue. Cheguei a morrer em uma mesa de cirurgia em 1992. Tenho um problema de hemorragia interna apenas na parte esquerda, não é hemofilia, é nos vasos sanguíneos. Tenho sorte de estar viva. Então sempre quis ajudar as pessoas, me importo mesmo, não ligo para dinheiro. Tenho de aceitar vários trabalhos para pagar o site, a publicidade não dá conta… Algo sussurra para mim que devo fazer isso, tenho certeza que tenho de transmitir esperança, coragem, felicidade… É uma honra! Eu jamais vou vender meu site: minhas filhas falam que ele é o meu terceiro filho (risos).


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Exclusivo: astróloga pop, Susan Miller vem ao Brasil encontrar seus fãs