Para 86%, arte em espaços públicos melhora qualidade de vida em SP

Uma sondagem realizada pelo instituto de pesquisa Jumppi, que integra o ecossistema de inteligência de negócios Matter&Co, aponta que 85,8% dos moradores de São Paulo concordam que a presença da arte em espaços públicos melhora a qualidade de vida da cidade.

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Encomendada pelo Instituto Artxs, com coleta de dados feita pela Offerwise, a pesquisa “Percepções, hábitos e consumo de cultura e arte urbana” foi apresentada à Câmara Municipal de São Paulo em defesa do Projeto de Lei nº 379/2020, que pretende instituir a cidade como Galeria de Arte a Céu Aberto com Polos Artísticos, Culturais, Turísticos, Históricos e de Economia Criativa em larga escala e de livre acesso e reconhece as atividades dos artistas urbanos. Aprovado unanimemente e sem ressalvas na primeira instância, o PL segue para a segunda instância na Câmara. O resultado da pesquisa está disponível no site www.institutoolhar.com.br/blog.

A pesquisa realizada com 412 residentes de São Paulo a partir de 18 anos mostra que existe um apelo popular por mais acesso à cultura: 86,4% dos entrevistados concordam totalmente que os espaços públicos da cidade deveriam ser mais utilizados para promover acesso à arte e à cultura e 78,7% concordam totalmente ou parcialmente que o deslocamento e a distância são uma barreira para acessar bens e equipamentos culturais; em um ano, aproximadamente, 41,3% e 36,4% não visitaram galerias e museus, respectivamente, e 48,3% não assistiram a espetáculos de dança.

“A pesquisa mostra que, após um longo período de reclusão devido à pandemia, as pessoas querem retomar a interação com o ambiente onde vivem, estão buscando mais atividades culturais ao ar livre e apropriação dos espaços da cidade. Isso significa que estamos saindo de um período de compras funcionais, dos produtos em si, para uma procura por experiências. Para os órgão públicos, a pesquisa indica que é hora de apresentar novamente aos moradores atividades e serviços que aumentem a sensação de pertencimento e contribuam para a formação cultural do cidadão. Podemos também estender essa ideia a nível Brasil, uma vez que São Paulo é uma cidade multicultural, formada por pessoas de todo o país”, analisa Fernando Giberti, diretor de planejamento da Jumppi.

De forma geral, os entrevistados aprovam as diferentes linguagens da arte urbana, entre elas, a música (92,7%), a dança (91,3%), o teatro (86,9%), o circo (85,7%) e o grafite (78,2%). 67,3% discordam totalmente que a rua não é um lugar adequado para fazer arte; 12% discordam parcialmente dessa afirmativa.

Além disso, 89,2% concordam totalmente que é importante que a prefeitura incentive a arte urbana, 78,3% consideram importante para si mesmos frequentar atividades artísticas e culturais, 85,5% gostariam que houvesse mais ofertas de atividades culturais gratuitas em seus bairros, mas 30,6% se dizem parcialmente ou totalmente desconfortáveis ao visitar lugares como teatros e museus, dado que mostra que a democratização do acesso à arte é urgente.

“A Jumppi é um instituto seríssimo, com profissionais que conheço de longa data, e por isso os chamei para fazer essa pesquisa. Queríamos saber qual é a percepção das pessoas sobre a arte urbana, porque é uma arte extremamente acessível. Para se conectar com arte e cultura, você precisa ter tempo, e tempo é um privilégio. Se a gente coloca arte onde a população está, estamos dando acesso a ela, e isso é importante em São Paulo, onde há muita desigualdade social. A arte urbana é uma arte que você vê pelo caminho, em trânsito pela cidade. Nosso Projeto de Lei vai além, queremos aumentar o acesso ao consumo, mas também ao fazer, dar espaço a produtoras e artistas periféricos”, comenta Kleber Pagú, produtor cultural e cofundador do Instituto Atxs. Ao longo da carreira, Pagú produziu mais de 200 artistas urbanos, entre eles, Eduardo Kobra, durante a realização do maior mural de grafite do mundo, “Etnias” (Rio de Janeiro, 2016).

Outros insights importantes que a pesquisa traz são: 80% dos entrevistados acreditam que ações que visem valorizar a arte urbana podem diminuir e prevenir a violência na cidade, 86,6% acreditam que é importante garantir a acessibilidade da população à produção cultural da arte urbana, 82,2% acreditam que as ações do poder público voltadas para o reconhecimento, desenvolvimento e promoção da arte urbana deveriam favorecer as periferias de São Paulo e 74,8% têm orgulho da arte e cultura de rua da cidade. Por fim, 89,3% dos entrevistados são favoráveis ao Projeto de Lei nº 379/2020.


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Para 86%, arte em espaços públicos melhora qualidade de vida em SP