Uma fazenda na cidade de
Conservatória, no Sul Fluminense, serve como cenário para saraus dramáticos,
exposições e eventos gastronômicos que contam uma parte importante – e muito
rica – da história do Brasil. A estreia da temporada 2013 de peças ambientadas
na própria fazenda occorreu durante o último Festival Vale do Café, no mês de
julho. Na nova “montagem” – atualmente há quatro em cartaz –, batizada de
“Sarau da República”, oito personagens em figurino de época recriam a atmosfera
do ano de 1931, quando o país ainda vivia os reflexos da grande quebra do café.
A sensação de volta ao passado fica por conta dos trajes e dos acessórios de
época utilizados pelos atores, como um carro Ford 1928 original, além do
cenário constituído pela própria fazenda, é claro.

Erguida em 1852, a Fazenda
Florença tem sua fachada original totalmente preservada. Seus 10 quartos, duas
cozinhas, quatro salas da sede, e outras dezenas de cômodos nos outros prédios,
abrigaravam cerca de 200 pessoas nos tempos em que o Vale era o principal
produtor de café do país. Hoje servem aos hóspedes e grupos que fazem visitas
guiadas e participam dos saraus promovidos pelo proprietário, o dentista Paulo
Roberto Santos, um amante da história do século 19. Ele conta que a fazenda
pertenceu originalmente ao produtor de café José Ferreira Leite, que morreu de
tuberculose ainda jovem. “Deixou como herdeira uma viíva, Carolina Ferreira
Leire, que se casou de novo depois e teve 14 filhos. Nós compramos a fazenda de
uma tatareneta desta senhora”, diz. “Toda a arquitetura externa obedece o
padrão colonial. Nenhum prédio da fazenda destoa. Foi feito um trabalho de
reconstrução. A casa de engenho foi restaurada e é onde funciona hoje o
restaurante”.

Tão preservadas e belas são as
instalações que a fazenda serviu como cenário para as novelas A Escrava Isaura,
O Feijão e o Sonho, Sinhá Moça e Dona Beija. Mas Paulo hoje proíbe filmagens no
interior da casa “porque podem causar danos”. “Em 2009, gravaram aqui a novela
Paraíso, mas só na parte externa”, lembra. Para conhecer a casa sede, há um
serviço de visitas guiadas por historiadores, desde que agendadas previamente.
Durante uma hora, descobre-se mais sobre os hábitos e costumes dos senhores e
dos escravos. Dentro da casa, mobiliário original do século 19, pratarias idem
e uma mesa montada exatamente como era nos tempos do Brasil Império.

Eventos gastronômicos também são
realizados, como brunchs, cafés coloniais e almoços cujos cardápios remontam
aos tempos dos barões. Para lembrar Santos Dumont, por exemplo, que viveu na
região – mais precisamente na cidade de Valença -, é possível provar, durante
os saraus, seu doce preferido: goiabada em pasta, feita à moda da época, em
tachos de cobre sobre o fogão de lenha. No restaurante Dom João, indicado pelo
Guia Quatro Rodas como o melhor da cidade de Conservatória, a culinária é
típica de fazenda, com influência mineira – e só funciona com reservas.

“A visita deixa de queixo caído
os amantes da arquitetura e da história do Brasil. O turista tem contato com
passado de uma maneira única”, garante Paulo. Para agendar uma visita guiada ou
assistir aos saraus, consulte o site da Fazenda. Há
ainda outras dramatizações, como “À Mesa com os Escritores”  e “Barão de Guaraciaba”.


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Fazenda de café centenária é cenário de novela e promove encontro único com a história