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Créditos: reproducao

Com ou sem seu nome, J.K. Rowling demonstrou seu talento
depois que The Cuckoo’s Calling, o romance que escreveu sob pseudônimo, vendeu
bem e recebeu ofertas para adaptação para a televisão antes que se soubesse que
ela era a verdadeira autora.

Mundialmente conhecida por criar a saga mágica de Harry
Potter
, a britânica lançou em 2012 o seu primeiro romance adulto, Morte Súbita,
enquanto preparava às escondidas uma nova saga que publicou com um nome falso
para evitar a pressão.

O novo livro, suspense policial sobre a vida de um
ex-combatente de guerra que virou detetive particular, foi o resultado do
experimento assinado pelo escritor fictício Robert Galbraith, que chegou às
livrarias britânicas em abril.

Inicialmente, as vendas foram discretas e as críticas,
positivas, mas positivas demais para um autor tão novo, segundo o argumento do
jornal The Sunday Times ao justificar recentemente as suspeitas sobre
Galbraith.

A desconfiança foi confirmada e, há uma semana, o jornal
publicou que o suposto escritor não existia e que, na realidade, a autora era
Rowling, o que gerou um grande aumento das vendas do romance, assim como da
decepção da escritora e dos agentes literários que se recusaram a publicar a
história.

“Foi uma experiência libertadora. Foi maravilhoso
publicar sem burburinho ou expectativa, e por puro prazer, para obter uma
resposta com um nome diferente”, disse Rowling.

Dias depois, no entanto, a decepção deu espaço ao incômodo e
à incredulidade, quando a autora começou a questionar como a imprensa teve
acesso a uma informação que só era compartilhada por um círculo íntimo de
amigos e por seu agente literário, o que incentivou uma busca pelo delator.

Ligando os pontos, a escritora descobriu que a curiosidade
do Sunday Times não era inteiramente autônoma, pois o jornal conseguiu os
detalhes do romance através de uma dica a uma de suas colunistas, India Knight,
no Twitter.

Segundo a imprensa britânica, a jornalista recebeu no dia 9
de julho uma mensagem pública da usuária Jude Callegari, que garantia que as
aventuras do detetive eram fruto da mesma mente que criou o órfão Harry Potter
há 16 anos.

Parecia um boato, pois Callegari, que eliminou seu perfil da
rede social, não conhecia Rowling pessoalmente, como a escritora reconheceu em
comunicado quando descobriu a responsável pelo vazamento.

“Só um reduzido grupo de pessoas conhecia meu
pseudônimo e não foi agradável ficar me perguntando durante dias como uma mulher
que eu nunca tinha ouvido falar podia saber de algo que muitos dos meus amigos
mais íntimos não sabiam”, afirmou.

A explicação final não deixou de ser confusa: Chris Gossage,
um dos sócios da Russells, empresa britânica da indústria do entretenimento,
teria revelado a autoria real de The Cukoo’s calling à Callegari, então melhor
amiga de sua mulher.

Enquanto Rowling encontrava o delator, as livrarias de todo
o país ardiam e o grupo editorial Little Brown, que publicou o romance,
enlouquecia para imprimir mais cópias e dar resposta à inusitada demanda dos
livros.

“Começamos a imprimir na segunda-feira à tarde (um dia
depois do vazamento na imprensa, no dia 14 de julho) sem nenhum aviso e sem
material, não era algo previsto. Já fizemos reimpressões antes por causa de
prêmios à escritores, mas para isso não havia nem sequer um plano de
atuação”, afirmou um responsável da gráfica Clays.

Com os novos 140 mil exemplares nas livrarias britânicas, o
sonho anônimo de Rowling chega ao fim, apesar dela mesma reconhecer que não
seria possível manter a farsa por muito tempo.

“No momento em que fui descoberta, ‘Robert’ (o escritor
fictício) tinha vendido 8.500 cópias em inglês nas diferentes plataformas e
havia recebido duas ofertas de redes de televisão para adaptar a história. A
situação estava se complicando”, explicou.

Falta saber se a escritora britânica assinará os próximos
exemplares de The Cuckoo’s Calling, que terá continuação, com sua assinatura
original ou com a desenhada para Robert Galbraith, embora Rowling ainda não
tenha explicado como pensava comparecer aos eventos de autógrafos escondendo a
sua identidade. 


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“Foi maravilhoso publicar sem burburinho ou expectativa”, diz J.K.Rowling sobre os dias de anonimato