Há um ano, elas foram às ruas, algumas pela segunda, terceira, milésima vez, outras chegaram em estreia a um movimento que começou a pulsar mais forte no início de 2017. Milhares delas – e alguns deles também – marcharam, gritaram e protestaram por um “não” ao retrocesso dos direitos femininos. Mas o ato organizado em Washington, nos Estados Unidos, um dia após a posse do presidente Donald Trump, ecoou. Foi o início de uma nova era para o feminismo e para a luta pelo direito da mulher. 

Nova York, Chicago, Boston, Atlanta e mais tarde Berlim, Londres, Amsterdã, Melbourne, Sydney, Cidade do Cabo, São Paulo, Cidade do Panamá e, claro, nas redes sociais, imprensa e televisão. A voz das mulheres tomou conta do mundo. O movimento atraiu artistas, teve participação de Madonna, Natalie Portman, Viola Davis, Scarlett Johansson, Whoopi Goldberg, Jane Fonda, Emma Watson e outros que compõem uma lista longa no país norte-americano. No Brasil, as famosas Camila Pitanga, Taís Araújo, Bruna Marquezine e Monica Iozzi também apoiaram a causa.

O início das marchas foi motivado pelas declarações sexistas do presidente Trump, no entanto a luta se estendeu para além das ofensas e provocações do republicano. As mulheres  se uniram pelo “basta” ao assédio sexual e machismo. Com adaptações de acordo com as leis e problemas de cada país, os protestos pró mulher seguiram ao longo do último ano. No dia 8 de março de 2017, mulheres saíram às ruas de São Paulo em marcha pela legalização do aborto, contra a violência machista e o feminicídio. Na Faixa de Gaza, mulheres palestinas protestaram contra a violação de direitos de prisioneiras em Jerusalém.

#MeToo
Em outubro de 2017, a quebra de silêncio sobre casos de abuso sexual teve início. Vítimas de violência que passaram décadas sem se manifestar tiveram espaço para falar e serem ouvidas. As acusações contra o produtor de Hollywood Harvey Weinstein foram o pontapé inicial: Ashley Judd, Mira Sorvino, Angelina Jolie e Gwyneth Paltrow deram depoimento sobre assédio cometido por Weinstein. Usando a hashtag #MeToo, mulheres – famosas e anônimas – começaram a contar seus próprios casos de abuso.

Usada milhões de vezes nas redes sociais de 85 países diferentes, a tag foi considerada a “Personalidade do Ano” pela revista Time em dezembro de 2017. Segundo editores, #MeToo representa uma mudança social inédita. Ela deu voz a segredos e fez com que o aceito se tornasse inaceitável. #MeToo invadiu o Twitter, Facebook e Instagram, semanas de moda, a noite do Globo de Ouro, o British Academy Film Awards e até o evento de premiação do Oscar.

No Brasil, mulheres usaram a hashtag #eutambém para expor casos de assédio sexual ao mundo. Atrizes fizeram protesto contra o ator Jose Mayer, acusado de assediar a figurinista Susllem Meneguzzi. As famosas Monica Martelli, Deborah Secco e a cantora Luka também contaram casos em que foram assediadas. A Ordem dos Advogados do Brasil lançou uma campanha para apoiar a denúncia sobre casos de abuso.

Time’s Up
O movimento contra assédio sexual foi fundado em janeiro de 2018, em resposta aos depoimentos sobre os abusos cometidos pelo produtor Harvey Weinstein e como suporte ao #MeToo. Time’s Up é um fundo de defesa legal para proporcionar apoio a vítimas de assédio e agressão no local de trabalho.O fundo já arrecadou cerca de R$ 80 milhões e conta 200 advogados voluntários. A iniciativa teve apoio de famosos no mundo inteiro e atores usaram broche do movimento na premiação do Oscar na última segunda-feira (5).

A onda de ações relacionadas ao direito e proteção da mulher celebra um ano agitado em protestos que prometem tomar as ruas no mundo todo no Dia Internacional da Mulher. A luta vai continuar.


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Mulheres quebram as pernas do machismo e ensinam que 'não' é 'não'