As imponentes cúpulas das Montanhas Rochosas, um dos principais atrativos do estado do Colorado, na região centro-oeste dos Estados Unidos, podem perder em breve seu lugar de destaque e serem substituídas pelos novos ponto de venda de maconha legal que, segundo projeções, suporão mais entradas para o fisco que o turismo.

No entanto, o entusiasmo dos residentes do Colorado, por contar com uma nova e próspera indústria de venda legal de maconha, acaba sendo barrado nos constantes conflitos com o governo federal e pela crescente ameaça de traficantes infiltrados.

“Durante anos alertamos nossos jovens que não usassem maconha porque era a porta de entrada para outras drogas mais potentes e, agora, permitimos seu consumo legalmente”, comenta Fidel Montoya, ex-vice-prefeito de Denver e ex-chefe de segurança dessa cidade, agora um religioso cristão evangélico.

“Sei que os tempos mudam, mas não tenho certeza que estejam mudando para bem ou se devemos nos contentar com isso”, acrescentou.


Montoya foi um dos dirigentes de uma coalizão que se opôs em vão à legalização da maconha no Colorado, a qual foi aprovada por votação popular em novembro de 2012 e entrou em vigor no dia 1º de janeiro deste ano.

O ponto de vista de Montoya sobre a maconha recreativa não só continua sendo minoritário, como também vem perdendo força diante de um contínuo aumento no respaldo da nova indústria.

Segundo uma pesquisa divulgada pela Universidade Quinnipiac no último dia 10 de fevereiro, 55% dos adultos do Colorado respaldava a legalização da maconha em 2012, contra 58% em 2014.

A legislação aprovada deixou em mãos do Departamento de Impostos do Colorado regular as atividades dos novos pontos de venda de maconha, que terão que pagar imposto de 10% sobre a venda para fundos públicos e outro adicional de 15% destinado para a construção de escolas.

Segundo o escritório do governador do Colorado, John Hickenlooper, essas arrecadações tributárias poderiam chegar aos US$ 250 milhões somente neste ano e, inclusive, poderiam se quadruplicar a partir de 2016, quando a lei permitirá a abertura de novos pontos de venda de maconha.

Por enquanto, a maconha recreativa só pode ser vendida em 650 estabelecimentos que já existiam e que, anteriormente, se dedicavam a venda de maconha medicinal, legal no estado desde 2002.

Se as projeções oficiais se confirmarem, em poucos anos o imposto sobre a venda da maconha legal no Colorado superará aos impostos arrecadados pelo turismo, que agora são de uns US$ 750 milhões ao ano.

Desta forma, Aaron Smith, diretor-executivo da Associação Nacional da Indústria da Maconha (NCIA), opinou que os eleitores do Colorado, ao aprovar a legalização desta substância, “já estão colhendo os benefícios de uma nova e próspera indústria”.

Já Michael Elliott, diretor-executivo do Grupo Industrial de Maconha Médica (MMIG), assegurou que “as leis do Colorado em relação à maconha tiveram um impacto muito positivo na economia local e estatal, no mercado imobiliário residencial e no mercado imobiliário comercial e industrial”.

O Departamento de Impostos do Colorado calcula que a indústria da maconha já comprou quase 280 mil metros quadrados de espaços comerciais e também alugaram outros 185 mil metros quadrados, isso só na zona metropolitana de Denver.

Tanto é o entusiasmo pelos fundos gerados pela nova indústria que, no dia 19 de fevereiro, Hickenlooper anunciou que o Colorado destinará mais de US$ 45 milhões em programas de prevenção de dependências entre jovens somente neste ano, um número dez vezes superior ao orçamento de 2013 para essas mesmas finalidades.

Além disso, haverá US$ 40 milhões adicionais para tratamento de viciados, outros US$ 40 milhões para construção de escolas e outros US$ 12 milhões para saúde pública.

No entanto, segundo Elliott, algumas preocupações ainda persistem, já que as leis federais consideram a maconha como droga ilegal e os bancos não podem oferecer serviços nem aos estabelecimentos nem aos negócios relacionados.

Os pontos de venda também não contam com as frequentes deduções do Serviço de Impostos Internos dos Estados Unidos (IRS) que possuem outros negócios e, por isso, Elliot afirmou: “Somos talvez a indústria que mais pagamos impostos no país”.

Além disso, agentes federais averiguam possíveis conexões entre os pontos de vendas do Colorado e os cartéis de droga da Colômbia e do México, que, segundo Tom Gorman, chefe desse serviço, poderiam usá-los para lavar dinheiro ou para transportar maconha para outros estados.

Os estados do Colorado e Washington são os únicos dos EUA onde o uso recreativo da maconha é legal, enquanto o consumo só é permitido para fins medicinais em outros 20.


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Venda de maconha substitui a neve como principal atrativo no Colorado