Pina 3D, homenagem de Wim Wenders à coreógrafa e dançarina Pina Bausch


Créditos: divulgacao

Nome mais importante da dança contemporânea no último século, Pina Bausch completaria 72 anos neste sábado (27). A coreógrafa que rompeu com o establishment da dança, trazendo novas formas de pensar narrativas, iluminação, movimento e teatralidade, morreu aos 69 anos em 2008, vítima de um câncer no pulmão.

“Artisticamente ela era como uma grande mãe”, revelou ao Virgula  Marco Goecke, coreógrafo do Balé de Stuttgarter, Alemanha. Mesmo país da companhia de dança Tanztheater Wuppertal, da qual ela foi diretora de 1972 até sua morte. Hoje, a companhia leva seu nome.

Outra ruptura marcante de Pina com os processos da dança contemporânea foi na construção de suas histórias. As narrativas de seus espetáculos eram criadas durante suas turnês, pelo mundo envolvendo coletivamente seus dançarinos e histórias pessoais.

“Quando comecei a dançar, vi as performances de Pina e elas tiveram um impacto muito forte sobre mim. Finalmente, pensei, existem pessoas que me compreendem e que me guiaram para a direção que eu gostaria de trafegar”, explica Marco. A mesma lógica se aplica, certamente, a qualquer nome de dança da dança contemporânea atual.

Um dos mais renomados coreógrafos europeus na atualidade, Marco foi revelado por Pina como novo ícone de dança mundial. Em 2004, no início de sua carreira, ela o convidou para apresentar duas peças – Blushing e Moping – em seu festival de dança anual em Wuppertal. “Senti que finalmente poderia dar algo de volta à ela”, explicou.

Ganhadora de prêmios como Goethe e Kyoto, Pina despertava o interesse também por sua figura quase mística. “Ela estava sempre vestida de preto”, conta Marco. “Era muito frágil.” Tal fragilidade é capturada no documentário Pina (2011), do diretor Wim Wenders, gravado pouco após sua morte em 2009. Mesmo na ausência da coreógrafa – e até talvez por causa dela – a intensidade e amplitude emocional de Pina transcende por meio de sua obra.  

“A última vez que encontrei Pina foi em 2006, em Ludwigsburg [Alemanha]. Jantamos juntos e tivemos uma conversa bem-humorada, embora houvesse a tensão da admiração. Mas quando disse adeus nunca pensei que ela iria morrer. Talvez ela esteja para os artistas como pais e mães estão para todos nós: achamos que eles sempre estarão lá”. E talvez, de certa forma, Pina ainda esteja entre nós. 


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