Em uma profissão onde um rostinho bonito pode contar muito mais do que talento, Mickey Rourke – que completa 58 anos nesta quinta (16) – é um caso mais do que curioso: foi justamente quando deixou a boa aparência e se transformou em uma criatura bizarra que ele conseguiu mais respeito e reconhecimento do que nunca.

Não que ele não tivesse conhecido o sucesso antes. Na década de 80, Rourke foi protagonista de filmes como O Selvagem da Motocicleta, Coração Satânico e o polêmico 9 ½ Semanas de Amor, que até hoje chamam a atenção.

Mas uma série de escolhas equivocadas, um comportamento nada exemplar e o desinteresse pela carreira tornaram a década de 90 e boa parte da seguinte um período que o ator prefere nem comentar.

Na verdade, a pouca dedicação ao cinema não foi uma simples questão de pouco caso. A decadência aconteceu porque Rourke preferiu se dedicar à outra paixão, inclusive bem mais antiga que a atuação: o boxe.

Só que o preço foi caro. Mesmo tendo ganho todas as lutas que disputou entre 1991 e 1994, um nariz quebrado e um osso deformado no rosto exigiram plásticas que – como todo mundo percebe – não foram exatamente bem sucedidas. O próprio ator admitiu o problema, em 2009, quando disse que procurou “o cara errado” e acabou com o rosto “estragado”.

Depois de deixar o esporte pela segunda vez (ele treinou seriamente durante toda a adolescência e ganhou 20 lutas entre 1964 e 1972), veio um período nada agradável. Separado da segunda mulher, Carré Otis, sem a boa aparência de antes, fazendo papéis pequenos em filmes sem importância e esquecido pelo público, Rourke encontrou conforto naqueles que até hoje considera seus maiores amigos: os cães.

Amante dos chihuahuas, ele já teve vários e foi um deles, Beau Jack, que praticamente salvou sua vida. Em 2009, ele confessou à apresentadora Barbara Walters que, no auge de sua depressão, cogitou o suicídio, mas Beau olhou para ele como se dissesse “quem vai cuidar de mim?”. O amor, inclusive, é tão grande que ele já levou uma de suas cachorrinhas, Loki, a premiações e agradeceu aos animaizinhos em seu discurso, quando ganhou o Globo de Ouro, em 2009.

Mas nem tudo estava perdido. Robert Rodriguez, que já havia dado a ele um papel em Era Uma Vez no México, em 2003, quis que Rourke fosse Marv na adaptação de Sin City para o cinema, em 2005. Foi o primeiro passo para o renascimento, já com direito a prêmios por sua atuação. Três anos depois, ninguém mais ignoraria Mickey Rourke.

Quando recebeu o convite de Darren Aronofsky, ele não gostou muito da ideia de fazer um filme sobre um lutador decadente. Mas queria muito trabalhar com o diretor e este concordou em deixar que ele mesmo reescrevesse toda a parte de seu personagem na história. O resultado? Um Globo de Ouro, um BAFTA (considerado o Oscar inglês) e uma indicação ao Oscar por O Lutador.

O que aconteceu de lá para cá já nem é preciso comentar muito: Homem de Ferro 2, Os Mercenários…e até um par romântico com Megan Fox no ainda inédito Passion Play (clique AQUI para ver fotos), só para citar alguns. E a lista não para de crescer. Definitivamente, os dias ruins ficaram para trás.

Para marcar o aniversário de Mickey Rourke, o Virgula fez uma galeria contando toda sua carreira. Clique na imagem abaixo para ver fotos de seus principais papéis e saber mais detalhes sobre seus filmes.


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Em seu 58º aniversário, veja uma galeria do renascido Mickey Rourke