“Vai ter ciclovia”. O grito entoado pelas cerca de cinco mil pessoas que se reuniram na Avenida Paulista, na noite de sexta-feira (27), no Ato pelas Ciclovias surtiu efeito. A Justiça derrubou a liminar que mandava interromper a implantação de mais de 400 km de vias cicloviárias em São Paulo. A decisão – uma vitória para os ciclistas e para cidade – é do desembargador José Renato Nalini, presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Bicicletada a favor das ciclovias

Ciclistas se reúnem na Avenida Paulista em protesto contra liminar que paralisava as obras de ciclovias
Créditos: Gabriel Quintão

“Depois de quase quarenta anos de luta, a gente começa ver as coisas acontecendo, então a gente tem a tendência de não querer focar nos problemas pontuais. A política pública é muito mais importante do que uma cor de piso, uma rachadura, um poste no meio”, disse a cicloativista Renata Falzoni, 61 anos, durante o bicicletaço.

“Rachadura, poste no meio não matam  ciclista. O que mata ciclista é falta de estrutura urbana e falta de educação”, completou. Criadora do site Bike é Legal, a jornalista usa a bicicleta como meio de transporte há quase quarenta anos.

“Ciclovia é imã”, diz a cicloativista e jornalista Renata Falzoni, no ato da sexta-feira

O professor universitário e integrante do Ciclo ZN Odir Züge Junior lembra que quando começou a fazer mobilizações, como a da noite de ontem, conseguia reunir pouco mais de dez pessoas. Hoje esse número já passa de mil. “Ciclovia, ciclofaixa, fiscalização, implantação de um rede cicloviária completa são a grande demanda do ciclista aqui em São Paulo”, afirma.

Há dez anos, quando começou a usar a bike como meio de transporte, Felipe Benevides, 29 anos, do Instituto CicloBR, a ciclovias e bicicletas não estavam na pauta de discussão política das câmaras municipais e prefeituras. “Hoje em dia a gente é respeitado. Contra uma decisão dessas [liminar] a gente incomoda. As pessoas ficam com receio de mexer com um grupo organizado, educado, respeitoso, que pede apenas o que é direito, o que tá no código de trânsito” .

 ENTENDA O CASO 

A promotora de Justiça de Habitação e Urbanismo Camila Mansour Magalhães da Silveira moveu uma ação civil pública pedindo a paralisação das obras de todas ciclovias na cidade de São Paulo, alegando falta de estudos técnicos básicos. A Justiça acatou parte do pedido, mas negou a interrupção das obras na Avenida Paulista.  Na sexta-feira (27), o juiz Luiz Fernando Rodrigues Guerra havia negado pedido da Prefeitura de reconsiderar a decisão de interromper parte das obras de ciclovias. Na semana passada, ele acolheu o pedido do Ministério Público de São Paulo. A construção de ciclovias é uma das principais bandeiras do prefeito Fernando Haddad (PT). São Paulo tem 262,8 km de malha cicloviária.


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Vitória dos ciclistas: Em noite de bicicletaço, Justiça suspende liminar contra construção de ciclovias

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