Diego Costa, Pepe, Eduardo dos Santos, Thiago Motta. Todos eles são brasileiros naturalizados por outras nações que terão a chance, em 2014, de disputar a Copa do Mundo em seu país natal, além, é claro, dos 23 selecionados por Felipão para defender a Seleção Brasileira. Caso inverso ao do atacante Jonatas Obina, natural de Sete Lagoas, Minas Gerais, que, desde 2013, representa o selecionado de Guiné Equatorial.

Convocado no ano passado para disputar três jogos das Eliminatórias Africanas para a Copa do Mundo do Brasil, Jonatas, que é conhecido como Obina por sua semelhança com o ex-atacante de Palmeiras e Flamengo, conta como sua história na seleção guineana teve início.

“Recebi a proposta de um empresário amigo do ex-treinador da seleção (Gilson Paulo). Ele, junto com o presidente do país, veio me fazer o convite no começo do ano passado. Eles já haviam assistido a vários jogos meus e acabei aceitando o convite, já que tinha familiares guineanos”, disse o atacante.

Lanterna do Grupo B das eliminatórias, a seleção de Guiné Equatorial contou com Jonatas Obina nos jogos diante de Tunísia, Serra Leoa e Cabo Verde, sendo titular no duelo contra a última equipe, fora de casa. Para o atacante, foi uma experiência importante.

“Jogar em Cabo Verde foi tranquilo, parecia estar jogando no Brasil, por outro lado, jogar em Serra Leoa, foi difícil, pois o país é completamente diferente do que pude imaginar. Mas foi bom conhecer todos esses países, foi bastante interessante”, explicou o jogador, que lamenta o insucesso do selecionado na luta por uma vaga no Brasil em 2014.

“Quase fomos, mas perdemos pontos. Enfim, perdemos a oportunidade de jogar a Copa no meu país, mas fiquei feliz em fazer parte do grupo”, completou.

Sem a vaga para o torneio, Jonatas Obina “trocará” o Mundial de 2014 pelo trabalho, e diz que já sonha com a chance de levar Guiné Equatorial para sua primeira edição de Copa do Mundo, em 2018, na Rússia, quando terá 32 anos de idade.

“Provavelmente devo acompanhar a Copa do Mundo em casa, junto da esposa e de toda família, mas será coisa rápida, porque também estarei trabalhando mesmo durante a competição”, disse o atacante. “Meu pensamento é de ajudar a seleção a chegar à Copa na Rússia. Agora, se irei jogar deixo, nas mãos de Deus, ele tem o melhor pra cada um”, concluiu.

Com apenas três jogos no currículo como guineano, Jonatas Obina, atualmente defendendo as cores da Ferroviária de Araraquara, ainda não possui um prestígio internacional, mas em Guiné Equatorial já é tratado como estrela da seleção.

“Infelizmente não tive oportunidade de jogar na Europa, já que não tinha um empresário ou alguém que pudesse me ajudar em relação a contratos e clubes de fora do Brasil. Mas como falei, fiquei feliz em defender a seleção de Guiné Equatorial. Todos somos reconhecidos em Guiné, mas claro que tem jogadores que já atuam há muito tempo por lá, então eles têm um assédio um pouco maior. Mas é gostoso ter o carinho deles e fazê-los felizes”, explicou.

Apesar do reconhecimento por parte das pessoas em Guiné, Jonatas revelou que teve um início difícil com os torcedores por ser brasileiro.

“A princípio não gostaram da minha convocação, pois achavam que estávamos tomando os lugares de outros guineanos. Só que com o tempo as coisas foram mudando e hoje sou tão africano quanto eles. Entenderam que futebol hoje é assim, somos todos irmãos e estamos juntos em um só objetivo, que é levar a seleção pra Copa do Mundo de 2018”, contou.

Revelado pelo Barra, da cidade de Barra do Garça, no Mato Grosso, Jonatas Obina já atuou por equipes como Mixto, Boa Esporte, Ipatinga, Atlético-MG, América de Teófilo Otoni, Tricordiano, Caldense, América-MG, Venda Nova e Formiga.

Além dele, outros sete jogadores brasileiros, naturalizados guinéu-equatorianos defendem a seleção do país. São eles: o goleiro Danilo, os zagueiro Ronan e William, os meias JudsonRincon e Ricardinho, além do atacante Nena.

Fora da Copa, a seleção continuou atuando após as eliminatórias do Mundial de 2014 e chegou a enfrentar a Espanha, em um amistoso de data Fifa, perdendo a partida por 2 a 1. Sem Jonatas Obina, que não foi chamado na última convocação, os guineanos foram à loucura ao marcar um gol contra os atuais campeões mundiais e nem se importaram com a derrota.

Assista abaixo os gols do amistoso disputado entre Guiné Equatorial e Espanha:


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Brasileiro naturalizado guineano, atacante ‘esquece’ Copa de 2014 e sonha com 2018