Não tem agência bancária, tampouco caixas eletrônicos; farmácia, só há uma pequena; os restaurantes se contam nos dedos e, até pouco tempo, não aceitavam cartões de crédito. O único vestígio de civilização no Sana, distrito de Macaé, são os celulares, que de uns tempos para cá passaram a funcionar. De resto, o isolamento, o descanso e a tranquilidade são garantidos neste pedaço de paraíso a cerca de duas horas do Rio de Janeiro. Situado entre Nova Friburgo, Casimiro de Abreu e Trajano de Moraes, de clima ameno – entre 10°C e 24°C – durante o ano todo, o Sana é uma Área de Proteção Ambiental (APA) onde se reúnem aventureiros e amantes da natureza de todas as idades. Em outros tempos, em gírias antigas, era conhecido como a “meca dos bicho-grilos”, lugar preferido da geração “paz e amor”.

São três as regiões do Sana: Barra, Arraial e Cabeceira. No primeiro, está o encontro das águas dos rios Sana e Macaé; no segundo, vive grande parte da população local; e no último, como o próprio nome indica, nasce o Rio Sana, que recebe afluentes, cerca de 15 cursos d’água, como o Rio Peito de Pombo, do qual brotam dezenas de cachoeiras e um parque aquático de piscinas naturais. A Mata Atlântica exibe seu esplendor na cadeia de montanhas – algumas com mais de 1.000 metros de altura – e vales da serra macaense, por onde fluem rios com corredeiras. No Sana, e nos outros distritos ao redor, muitos praticam esportes radicais como escaladas, downhill, rapel, rafting etc., além de montanhismo, trekking e tudo o que se tem direito.

Reza a lenda que a palavra “Sana” vem de Sena, o Rio Sena, que corta a cidade de Paris. A “ideia” teria partido de um suíço, ainda na primeira metade do século 19, que achou o rio local parecido com o europeu. Quase duzentos anos depois, já batizado como Sana, veio a APA, em 2002, e hoje o local tem conseguido vencer o desafio de manter a natureza preservada, para o bem dos moradores e turistas. Algumas cachoeiras são quase intocadas, até desconhecidas, e outras vivem cheias de gente. A mais conhecida e visitada delas é a Cachoeira do Escorrega, onde uma pedra serve de apoio para os banhistas deslizarem até uma piscina de águas cristalinas.

Em outros recantos do Sana, dá para praticar mergulho. E em outros ainda, é possível fazer hidromassagem natural, como na cachoeira Fervedeira, única queda do Rio Sana, no local conhecido como “Boa Sorte”, entre Arraial e Barra. Na Cachoeira da Mãe, o salto lá de cima chega a 12 metros de altura. E para quem gosta de caminhar, alternativas não faltam. A trilha de sete horas – ida e volta – que leva ao Pico do Peito do Pombo é uma das melhores pedidas. Com 1.120 metros de altura, é possível acessá-lo com o auxílio de guias. Outra formação rochosa interessante da região, porém um pouco mais distante, é o Pico do Frade, de 1.429 metros, ponto mais alto de Macaé, no qual se pratica escaladas.


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Com cachoeiras e corredeiras, Sana recebe adeptos dos esportes radicais