O Atlético de Madri fez valer o lema dito pelo técnico Diego Simeone no último sábado (05) e, à base de muito suor e sofrimento, se classificou para as semifinais da Liga dos Campeões pela primeira vez em 40 anos ao vencer o Barcelona por 1 a 0 nesta quarta-feira (09), no estádio Vicente Calderón.

“Muitos se perguntam por que somos Atlético, e somos por isto, por paixão, trabalho, humildade. E, se for preciso sofrer, sofremos”. Essa frase foi dita por Simeone no último sábado, após vitória sobre o Villarreal pelo Campeonato Espanhol, mas se aplica muito bem à vitória desta quarta em Madri, que garantiu a vaga oito dias após o empate em 1 a 1 no jogo de ida.

A equipe da casa entrou em campo como que se disputasse o principal jogo de sua história, enquanto no Barça a postura era de como fosse um duelo qualquer. Com mais paixão, mais esforço e com um gol de Koke logo no começo, o Atlético voltou às semifinais da Champions, o que não acontecia desde 1974, quando passou pelo Estrela Vermelha, da extinta Iugoslávia, nas quartas, pelo Celtic na semi e perdeu a decisão para o Bayern de Munique.

Se os colchoneros quebraram um jejum, o Barça viu ser desfeita uma sequência positiva. Lionel Messi e companhia não caíam antes das semifinais desde 2007, quando foram derrubados pelo Liverpool nas oitavas. Além disso, caiu o tabu de dez jogos do Atlético sem vencer os catalães.

Ao Barça, resta tentar tirar um ponto de distância justamente para o Atlético e ser bicampeão espanhol, além de tentar o título da Copa do Rei diante do Real Madrid na próxima quarta-feira (16). Já o time rojiblanco espera o sorteio desta sexta (11) para saber qual será seu adversário por uma vaga na final.

Dúvida até momentos antes da partida, o atacante Diego Costa foi vetado pelo departamento médico atleticano devido a uma pubalgia e foi substituído por Adrián. Já Arda Turan, com um problema muscular, deu lugar a Tiago.

No Barcelona, Gerardo Martino não pôde contar com sua zaga titular, formada por Puyol e Piqué. Desta vez, o sistema defensivo contou com Bartra e Mascherano. Na frente, o treinador escolheu Fàbregas, em detrimento de Pedro e Alexis Sánchez, para compor trio com Neymar e Messi, que esteve bastante apagado.

Entre os brasileiros, Daniel Alves e Neymar se destacaram em um Barça que pouco agrediu. Na equipe anfitriã, Miranda e Filipe Luis foram titulares, enquanto Diego, autor do gol no Camp Nou, na semana passada, entrou no segundo tempo.

O Atlético jogou em casa, tem um time que joga de igual para igual com os dois gigantes da Espanha e pode fazer frente a qualquer equipe do mundo, mas dificilmente alguém, mesmo o torcedor mais otimista, esperava ver o massacre visto em boa parte do primeiro tempo.

O gol da equipe anfitriã não demorou a sair. Logo aos quatro minutos, Raúl García recebeu de Villa, fez o giro na área e chutou por cima. Um minuto depois, Adrián carimbou a trave, aproveitou cruzamento de Villa no rebote e ajeitou de cabeça para Koke mandar para a rede.

Era só o começo do sufoco. Aos dez, Koke acionou Villa na esquerda. O ex-jogador do Barcelona bateu forte e acertou o poste direito. O Barça ainda tentou se mostrar vivo na sequência, aos 12, mas a cabeçada de Messi depois de cruzamento de Daniel Alves saiu fraca e passou à esquerda.

A terceira na trave mandada pelo ataque colchonero aconteceu aos 18 minutos, mais uma vez em tentativa de Villa. O camisa 9 acelerou pela direita, cortou a marcação e encheu o pé acertando o travessão.

A equipe madrilenha mantinha a bola no campo de ataque e dominava, enquanto os visitantes dependiam de lances individuais de seus principais atletas. Num deles, aos 23, Neymar deu show na ponta esquerda, passou por três marcadores com direito a caneta em Tiago e rolou para Messi, que arrematou para fora.

Aos poucos, a empolgação do Atlético passou a não ser suficiente para passar pela marcação do Barcelona, que foi se acertando. A equipe mandante voltou a assustar apenas aos 41 minutos, quando Adrián foi lançado na esquerda da área, dividiu com Mascherano e pediu pênalti, que o árbitro não deu.

O começo da segunda etapa foi de sufoco do atual campeão espanhol, que enfim teve um momento de superioridade na partida. Na melhor jogada, logo aos quatro minutos, Neymar saiu na cara de Courtois, mas falhou ao tentar driblá-lo. Na sobra, depois do bate-rebate, a defesa afastou.

Diante de uma defesa fechada, Daniel Alves era uma das principais válvulas de escape da equipe catalã. Aos 14 minutos, o lateral brasileiro cruzou fechado e Xavi cabeceou para fora.

Quando o jogo ameaçava cair de ritmo, os dois treinadores mexeram nos times. No Atlético, quem entrou foi Diego, que já tinha balançado a rede no duelo de ida. E hoje, aos 19 minutos, o ex-jogador do Santos quase repetiu o feito ao acelerar pela direita e encher o pé para Pinto espalmar.

Lançando-se à frente em busca ao menos do empate, o Barcelona se expunha na defesa, e Gabi teve tudo para matar o confronto aos 24. O volante partiu livre pela esquerda, mas ficou procurando Villa para tocar e, com o companheiro marcado, finalizou mal, facilitando o trabalho do goleiro.

Neymar participava bastante, mas ainda não tinha arrematado com perigo. Até que, aos 32 minutos, Daniel Alves fez mais um chuveirinho da direita e colocou na cabeça do companheiro de seleção, que, de peixinho, tirou tinta da trave direita.

Esta foi a última jogada de grande perigo do time visitante. O Atlético soube se segurar e ainda esteve muito perto de marcar o segundo aos 44, quando Cristian Rodríguez perdeu oportunidade de frente para o goleiro.


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Com sofrimento 'esperado', Atlético elimina Barça e quebra jejum na Champions