Uma comissão da Câmara dos Deputados aprovou na noite da última quarta-feira (30) uma resolução para que um grupo de parlamentares se desloque para diferentes cidades que tiverem registradas casos de racismo no futebol, para investigar as respectivas denúncias.

A resolução, proposta pelos deputados federais Benedita da Silva (PT-RJ) e Eurico Júnior (PV-RJ), determina que a comissão vá às cidades para ouvir depoimentos dos casos de racismo sofridos pelos jogadores Tinga e Arouca, assim como pelo árbitro Márcio Chagas.

A decisão foi dada em meio a uma campanha contra o racismo no futebol que se expandiu por todo o mundo desde que o lateral-direito Daniel Alves, do Barcelona, comeu uma banana jogada por um torcedor em sua direção durante partida contra o Villarreal, no último domingo (27), pelo Campeonato Espanhol.

Um dos pioneiros da campanha foi o atacante Neymar, companheiro do lateral no Barcelona e que, após o incidente no estádio El Madrigal, publicou nas redes sociais uma foto com uma banana na mão e a legenda “somos todos macacos”.

As mensagens contra o racismo e imagens de bananas se multiplicaram rapidamente nas redes sociais. As manifestações de apoio ao jogador tiveram o apoio da presidente Dilma Rousseff, que disse estar disposta a utilizar a Copa do Mundo na luta contra a discriminação racial.

Apesar da mensagem da governante sobre o orgulho dos brasileiros por ser uma nação com origem multirracial, a decisão do Congresso mostra que também há casos de racismo no país cuja maior parte da população é descendente de africanos.

A investigação da Comissão Externa de Combate ao Racismo da Câmara dos Deputados se concentrará em três casos no futebol registrados neste ano e que tiveram ampla repercussão na imprensa brasileira.

Márcio Chagas foi chamado de “macaco” várias vezes quando apitava uma partida entre Esportivo e Veranópolis, em março, pelo Campeonato Gaúcho.

No mesmo mês, o volante Arouca, do Santos, foi alvo de insultos racistas no final da partida que sua equipe venceu o Mogi Mirim por 5 a 2, pelo Campeonato Paulista.

O outro caso foi o do volante Tinga, do Cruzeiro. Durante uma partida no Peru contra o Real Garcilaso, em fevereiro, pela Taça Libertadores, a torcida imitava sons de macaco toda vez que o jogador pegava na bola.


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Congresso brasileiro vai averiguar casos de racismo no futebol