Com lançamento oficial nesta segunda-feira (31), o álbum de figurinhas da Copa do Mundo de 2014 é produzido pela Panini desde o Mundial de 1970. De lá para cá, foram outras 11 compilações de jogadores que participam do torneio mais falado do planeta e, se a febre só pegou forte mesmo na era da internet – dos anos 2000 para cá – é possível encontrar fãs das pequenas fotos autocolantes que antecedem a esta era que é, digamos, a mais popular do colecionador de álbuns das Copas.

O Virgula Esporte conversou com Fábio Felice, um publicitário de 24 anos, palmeirense, que não é um “maluco por álbum”, como fez questão de salientar, mas que tem bastante da história do maior torneio de futebol nas mãos.

O rapaz possui nada menos que oito álbuns. Sentiu invejinha? Fã de futebol, Fábio conta que vê mais graça em colecionar e trocar com os amigos do que ficar na fissura para não ver mais nenhum espacinho faltando.

“Na verdade, o prazer do processo de colecionar é mais prazeroso que completar. Você coleciona com as pessoas e completa sozinho, acho que é por isso”, disse, colocando uma veia meio filosófica na resposta. É realmente melhor ter assim do que não ter.

Desse álbum incompleto, lembra uma “mágoa” que teve com a seleção que foi a maior surpresa do último Mundial que aconteceu na França.

“Em 1998 eu não conseguia de jeito nenhum a figurinha do Robert Prosinecki, da estreante Croácia. Eu tinha oito anos. Durante a Copa, acabei pegando raiva dele e da Croácia, torcia contra quando jogava. E no final foi terceira colocada e com o artilheiro, Suker”, lembra muito bem o publicitário do atacante que marcou cinco gols em gramados franceses. Veja abaixo o teimoso meia croata em sua foto oficial para álbum de 1998.

 

De tão apaixonado pelo jogo, conta que um golpe de sorte o ajudou a ter ainda mais história para contar. Morando em Portugal durante a Copa da África do Sul, em 2010, deu um jeito para que a mãe, diretora, colecionasse o álbum para ele. E ainda foi lá na Terrinha que achou algo que engordou, com estilo, sua coleção.

“O álbum de 1982 eu encontrei na Feira da Ladra, uma feirinha tradicional, o principal mercado de pulgas de Lisboa. Ele estava no meio de outras revistas e LPs antigos, numa das várias barracas. Não acreditei quando vi, achei fantástico. Custou só 3 euros e está completo”, comentou.

Provavelmente um pouco triste após a eliminação do seu time na semifinal do Campeonato Paulista (derrota de 1 a 0 nesse domingo para o Ituano), Fábio mostra que torce pelo esporte, e só por causa do esporte. Aliás, nem deve estar triste. Olha a fantasia que ele e uns amigos utilizaram em um Carnaval recente (na foto abaixo, ele é o segundo agachado da direita para a esquerda). Com muito humor, reproduziram toda a seleção de 1982.

 

“Quando eu era pequeno eu comprava tudo que era revista e publicação relacionada a futebol. Meu pai viajava pro exterior e me trazia France Football, Onze, Gazzeta Dello Sport. Eu ainda tenho bastante coisa guardada, e os álbuns estão juntos, em sacos plásticos. Guia da Copa eu também sempre comprei. E o Guia tem a função de informar, é muito mais completo que o álbum. Mas o álbum tem o desafio de completá-lo, e esse é o grande barato”, comenta.

Se, para Fábio, álbum é só um “algo a mais” na Copa do Mundo, essa arte vai continuar por mais uma geração, a depender dele. Assim como herdou os de 1974 e 1990 do pai, e somente ajudou o irmão na empreitada de 1994 (tinha apenas quatro anos), imagina que seu filho um dia poderá se orgulhar da enorme coleção (os últimos seis são os da foto abaixo). Ele já fez até planos.

“Não vejo como um hobby, é apenas uma das várias coisas que eu faço da atmosfera Copa, em ano de Copa. Mas enquanto tiver Copa, vou colecionar o álbum. Se eu tiver um filho daqui a 10 anos, ele vai colecionar seu primeiro álbum na Copa de 2030. Aí, na Copa de 2050 (quem sabe no Brasil), ele vai dar entrevista falando dos 16 álbuns da Panini da coleção dele”, disse.

Com o álbum de 2014 sendo lançado já nesta segunda, Fábio e os amigos já poderão começar mais uma página nessa história. Isso porque ele, acompanhado de três parceiros, viajará pelo país para assistir jogos do Brasil e de mais outras seleções.

“O álbum virou algo obrigatório para se fazer durante a Copa. Para a ‘experiência’ Copa ser completa, colecionar o álbum sempre foi algo fundamental. E isso se manteve, pois vi as Copas com quatro, oito, 12, 16, 20 e agora estou com 24 anos. Eu nunca tive a oportunidade de ir a algum jogo ou estar no país durante a Copa. Esse ano a Copa é no Brasil e eu consegui alguns ingressos. Vai ser uma experiência sensacional e o álbum não vai faltar”, prometeu.

Que os bons fluidos de Fábio ajudem o Brasil novamente, para que ele possa repetir a foto abaixo, que captou na final da Copa das Confederações 2013, no Maracanã (segundo da esquerda para a direita). Para quem gosta de lembrar, o Brasil venceu a Espanha por 3 a 0 e ficou com a taça.

E, se formos apelar para a superstição, que ele complete o álbum de 2014, já que em 1998 ficamos no quase.

Maldito Prosinecki!


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Para colecionador, álbum é fundamental para a ‘experiência Copa’ ser completa

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