Já em sua segunda temporada no Botafogo, Clarence Seedorf é visto como a principal peça do time. Além do resultado no campo, o holandês também mostra que está colocando o clube em evidência internacional. Prova disso é a entrevista que concedeu ao site da Fifa, divulgada nesta segunda-feira (26), na qual contou que já se sente um brasileiro e comentou as diferenças entre os estilos europeu e sul-americano de praticar o esporte mais popular do mundo.

“O diferente é a disciplina, a aplicação tática. A disciplina existe muito mais na Europa do que aqui. Aqui existe muito mais talento puro, mais qualidade individual. Não estou falando que lá não tem qualidade ou aqui não tem tática. Isso dentro do campo. Fora do campo é completamente oposto. Quem vive e joga na Europa viaja no máximo quatro horas, e isso durante a Liga dos Campeões. Quando joga no próprio país, viaja 1h30 no máximo. As viagens aqui… De Porto Alegre para a Bahia são 4h30. É bem difícil a parte logística. Até a diferença de temperatura do norte para o sul. Esses são os maiores desafios para adaptação”, analisou.

No Brasil, em que muitos jogadores estrangeiros vêm se destacando – Montillo, Maxi Biancucchi, D’Alessandro, Valdivia, Guerrero, etc. – o holandês é tido com o maior destaque atual, até pelo momento do Botafogo, atual campeão carioca e vice-líder do Campeonato Brasileiro.

Perguntado se a comparação com um jogador brasileiro o deixa feliz, a resposta foi clara.

“Eu me sinto um pouco brasileiro, sim. Claro que é um elogio. Os fatos dizem que os melhores jogadores saíram daqui. Acho que têm poucos países em que você sai e vê tanta camisa de futebol na rua. Qualquer pessoa, de qualquer situação social, sente o orgulho de levar a camisa do seu clube. O Suriname vê muito a Seleção Brasileira, junto com a holandesa. Quando eu assisti à Copa de 1986, meu pai teve que me levar para fora e me acalmar quando o Brasil perdeu da França. Eu estava chorando, com raiva, era o último torneio do Zico. O futebol para mim era aquele”, disse Seedorf, que nasceu no pequeno país sul-americano e é casado com uma brasileira, fatos que o aproximaram do futebol daqui.


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‘Sentindo-se brasileiro’, Seedorf compara técnica brasileira com a disciplina europeia