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Britney: Humana, demasiadamente humana

Para alguns devotos fãs, ela será a eterna princesinha do pop, aprisionada na imagem de imaculada virgem. Já para os neomoralistas, ela se perdeu ao se jogar de cabeça nas drogas e não merece mais tanta atenção da mídia e do público. Mas Britney Spears que completa 29 anos, nesta quinta-feira (02), vai além do que esperam tanto seus admiradores como seus detratores. Ela foi a primeira a quebrar a aura inalcançável das celebridades do mundo pop e mostrar publicamente – quase como um relity assistido por todos – que antes de princesinha ou monstro, ela é humana, demasiadamente humana. 

Madonna já mudou muito de persona para tentar mostrar um ser em construção. Ela se fez ora mulher mundana ora discípula da Cabala ora mãe de família, mas sempre dentro da chave do mundo inatingível dos famosos e em certo sentido podemos dizer que superficial. Michael Jackson também mudou ao passar dos tempos sua aparência com diversas cirurgias plásticas, mas por tratar exatamente de algo visível, o corpo (mais preciso seria dizer a face), de uma certa maneira o Rei do Pop também trabalhou no terreno da superfície, da matéria.

Britney operou em outra ordem, sua mudança é espiritual em certo sentido. Ela torna público e podemos acompanhar em tempo real as angústias que em certa medida também atingiram grandes divas como Judy Garland ou Billie Holiday, ou mesmo toda a literatura que se criou na infância de uma Drew Barrymore ou de um Michael mas que ficaram no âmbito do privado e só mais tarde revelado ao público.

Com a trsiteza dos fãs da imagem de princesinha do pop, tudo vem à tona simultaneamente. Sua “loucura” ao casar com um amigo de infância Jason Allen Alexander, em 2004 e no dia seguinte pedir a anulação. Seu estresse ao raspar o cabelo ou sua raiva ao tentar atingir o paparazzo brasileiro Roberto Maciel com um guarda-chuva.

Para os neomoralistas, tudo é motivo de críticas. Seu aplique mal feito, suas celulites à mostra, seu descuido ao sair de um carro e mostrar mais do que deveria.    

Mas o que acontece de magnífico com Britney é que ela mesma a todo instante parece nos jogar na cara: Eu sou uma mulher, eu sou humana! E como humana tenho direito ao erro. Nesse momento, ela coloca todos na parede, fãs e neomoralistas, e questiona a hipocrisia do culto aos famosos.

Esse novo entendimento de Britney está relacionado com o fato de uma cantora como Lily Allen regravar Womanizer em outra chave.

Com certeza, na dimensão humana que Britney ganhou e explicitou nos últimos tempos, Oops!… I Did It Again ou Toxic vão ser revistas com outra conotação, talvez menos alegre, talvez mais sofrida mas com certeza, mais espiritual. 

Britney traz – de forma inconsciente – ao mundo das celebridades de hoje o direito ao erro. Sem ler Oswald de Andrade, ela também parece acreditar no brasileiro quando ele escreve que devemos valorizar “a contribuição milionária de todos os erros”.


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Britney Spears foi a primeira popstar a mostrar publicamente o lado humano das celebridades

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