A qualidade musical das canções de Tom Zé é inquestionável. Sua música  flutua entre o experimental, o inovador e o popular sempre com muito bom humor. Ele foi aluno de grandes nomes da música contemporânea, durante seus anos de Universidade de Música da Bahia, na década de 60. Teve aulas com Walter Smetak, Ernst Widmer e o introdutor do dodecafonismo no Brasil, o alemão Hans Joachim Koellreutter, a nata da vanguarda musical na época.

Tudo isto, mais seu amor pela música nordestina e pela bossa-nova, fez com que seu som não soasse como algo muito óbvio, mas mesmo assim, sempre algo inspirador. Tanto que compositores da nova geração como o rapper Emicida e Malu Magalhães adoraram gravar com ele no seu último álbum Tropicália Lixo Lógico.

Aos 77 anos, completados nesta sexta-feira (11), Tom Zé continua esta figura engraçada, inteligente, eloquente, mas ainda não teve o reconhecimento que ele realmente merece no cenário nacional de música e cultura.  

Virgula Famosos listou algumas razões para amar esta persona gratíssima, para além de sua excelente música:

1 – Em sua primeira viagem de avião para São Paulo, na década de 60, a aeromoça ao perguntar para Tom Zé o que ele queria para beber, ele foi enfático: Pinga!

2 – Consegue enxergar inteligência musical em um funk carioca como Atoladinha. Ele afirma que o refrão da música é um metarrefrão microtonal e polissemiótico. Só assistindo para entender a cabeça doida, esperta e cheia de insights do músico.

3 – Quando era um escândalo mulheres usarem calças compridas nos anos 1960, Gal Costa resolveu vestir uma, bem no centro de São Paulo, e quem foi seu “guarda-costas”: sim, ele, Tom Zé, que aliás namorou a cantora na época.

4 – Enquanto os brasileiros sempre adulam e veneram os estrangeiros. Tom Zé está cheio de paga-pau internacional: David Byrne, Sean Lennon, Beck, Tortoise, Stereolab, Cibo Matto.

5 – Fez uma das capas mais polêmicas da MPB. Em 1973, com o experimental Todos os Olhos, colocou uma bolinha de gude literalmente no terceiro olho, se é que você em entendem.

6 – Ele foi um dos fundadores do Tropicalismo junto com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal. Porém, foi o menos aclamado dos tropicalistas. Viveu uma espécie de ostracismo cultural durante duas décadas, até ser redescoberto por David Byrne. Enfim, foi o “loser” do tropicalismo e a gente sempre tem mais simpatia por este arquétipo.

7 – É o mais urbano dos tropicalistas, muito de seus arranjos tem liquidificadores, serra elétrica, rádios de pilha, máquina de escrever, enfim, objetos do cotidiano contemporâneo.

8 – Tom Zé foi professor de música de Moraes Moreira, que não podia pagar pelas aulas. Mesmo assim, ele o ensinou de graça.

9 – Ele está casado há mais de 44 anos com Neusa, sua mulher e empresária. Uma história de amor e respeito mútuo de longa duração, raro no mundo das celebridades.

10 – Tom Zé acorda antes das 7 horas para fazer tai chi chuan. É  bem magro, mas disse em uma entrevista para Isto É: “Sou magrinho porque meu organismo é mal-agradecido. Não é fome”.


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Dez razões, além da música, para amar Tom Zé