Uma das palestras mais legais desta quarta feira (27) discutiu o futuro da troca de arquivos de música na web e principalmente a “morte do MP3”. Alexandre Mathias (Editor do caderno Link, do Estadão); Thiago Carandina (Jornalista Musical e ex-Myspace); Thiago Taboada ( MTV); Zé Antonio (Diretor do Notícias MTV) e Brunno Constante (Repórter do Portal MTV) falaram abertamente sobre as mudanças que a indústria da música vem sofrendo nos últimos anos e principalmente sobre como um artista hoje em dia precisa se virar um cinco para conseguir ter algum lucro.

Até pouco tempo, o ato de comprar um CD numa loja era algo quase que sagrado para todos os fãs de música. Juntar dinheiro, chegar na sua loja preferida, buscar durante horas os lançamentos dos seus ídolos e levar pra casa aquele CDzinho com todo carinho era uma rotina que muitos aderiam com muito prazer.

Mas com a chegada da web, e principalmente com o surgimento do MP3 e dos programas de troca de arquivos, essa prática já não entusiasmava tanto. Afinal de contas, pra que enfrentar o trânsito infernal de São Paulo se você pode ter o CD inteirinho em suas mãos em apenas alguns minutos no conforto de sua casa?

Só que são exatamente estes “alguns minutos” que estão agora fazendo com que o MP3 caia em desuso. Mesmo com a popularização da conexão de banda larga, muita gente ainda sofre para baixar arquivos grandes. Sem contar que, quanto menor o tamanho de um arquivo MP3, menor sua qualidade.

DO MP3 AO STREAMING

Hoje em dia, o sucesso de sites que oferecem música que pode ser ouvida quase que imediatamente sem precisar baixar nada evidencia que o streaming veio para ficar, e que o download deve ser coisa do passado. Atualmente, ter mais horas acumuladas no LastFM tem o mesmo status que ter uma uma pilha de CD’s guardados dentro do seu quarto.

Todos os participantes do debate concordam neste ponto: a facilidade do streaming é a tecnologia que deve dominar a web do futuro. “O sucesso do YouTube, por exemplo, é totalmente por causa do streaming. Ninguém baixaria aqueles vídeos todos”, diz Alexandre Mathias. “Não teremos mais um iPod recheado de gigas de arquivos MP3, mas sim contas em sites que tenham toda nossa biblioteca de músicas preferidas em um lugar só e que possam ser ouvidas com um simples toque”.

Thiago Carandina cita porém que mais que uma simples mudança tecnológica, trata-se de uma mudança no hábito pessoal de cada um. “Um fã de música sempre vai querer algo especial. É o tal fetiche pelo vinil, por exemplo. O fã do Radiohead com certeza fez o download das músicas do grupo, mas também fez questão de comprar o CD que tinha uma edição especial”.

Essa tal manobra dos artistas, que liberam suas músicas na web mas que também oferecem um diferencial para aqueles fãs que procuram algo exclusivo, deve ser um bom caminho à percorrer. “Uma tecnologia não mata outra”, concorda Bruno, citando o atual revival do vinil que ocorre inclusive aqui o Brasil. Oferecer um produto de boa qualidade sempre atingirá um ótimo público.
 
Hoje em dia nenhum artista precisa mais de uma gravadora para conseguir fazer sucesso. “O fã de música não quer mais que digam para ele o que é legal ouvir”, cita Alexandre. Uma prova disso é a banda Vampire Weekend, que chegou essa semana ao topo da para americana sem qualquer apoio de uma grande gravadora por trás deles. É a nova ordem mundial no mundo da música, e é você quem já decidiu quem deve ganhar.
 


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Jornalistas discutem a morte do MP3 e a era do streaming

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