O Comitê do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) analisará em sua reunião anual, que começou nesta segunda-feira na cidade espanhola de Sevilha, 37 candidaturas a esse título, dentre elas a do Caminho do Ouro e sua paisagem, em Paraty (RJ).

Outras duas candidaturas latino-americanas fazem parte da seleção: San Luis Potosí, no México, que faz parte do Caminho Real Intercontinental Binomial de Prata e Mercúrio junto com Almadén (Espanha) e Idrija (Eslovênia), e o conjunto arqueológico peruano da Cidade Sagrada de Caral-Supe.

O diretor-geral da Unesco, Koichiro Matsuura, disse na apresentação do encontro que os 186 países que integram o organismo deveriam ter pelo menos um bem qualificado como Patrimônio Mundial da Humanidade – 41 deles ainda não possuem tal título.

Em sua maioria, os que carecem desta qualificação são países da África Subsaariana, do Oceano Pacífico e do Caribe. Um dos “desafios” da Unesco deve ser enfrentar “uma estratégia global que fomente uma maior cobertura no número de países” com bens declarados de interesse universal e excepcional, afirmou Matsuura.

A reunião de Sevilha estudará o estado de conservação de 177 bens declarados como Patrimônio Mundial, dos quais 88 deles serão debatidos em caráter de urgência.

Em entrevista coletiva antes da abertura da reunião do comitê, Matsuura lembrou que, há dez anos, 114 países contavam com Patrimônios da Humanidade. Agora, são 145.

Este número poderá crescer caso as candidaturas de três países que não têm nenhum – Quirguistão, Burkina Fasso e Cabo Verde – sejam aceitas no encontro em Sevilha.

O diretor-geral da Unesco também lembrou que, há uma década, existiam 582 Patrimônios da Humanidade e que, hoje em dia, eles são 878. Em um ano, esse número pode chegar a 900.

Matsuura defende “diversificar os bens” que possam ser declarados como Patrimônio da Humanidade. Se em princípio estes eram apenas monumentos, agora podem ser também paisagens culturais, complexos industriais e até exemplares da arquitetura moderna.

Ao falar sobre as principais ameaças enfrentadas pelo patrimônio, o diretor-geral da Unesco mencionou a densidade demográfica das grandes cidades e a mudança climática que afeta os bens naturais.

Quanto ao caso da África, disse que a escassez de bens declarados como Patrimônio Mundial da Unesco no continente, sobretudo na área subsaariana, “não quer dizer que não haja cultura na África ou que não haja bens dignos de estar na lista”.

Matsuura aproveitou para destacar o “patrimônio cultural imaterial” africano, como cantos, danças e cerimônias tradicionais.

O Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco é integrado por representantes de 21 países que formam a Convenção da Unesco para a Proteção do Patrimônio Mundial Cultural e Natural, que foi aprovada em 1972.

Os países que fazem parte do comitê ocupam a posição por um período de seis anos. Para este ano, das 37 candidaturas, cinco correspondem a sítios naturais, 29 a sítios culturais e três são mistas. A reunião que começou nesta segunda em Sevilha termina no próximo dia 30.


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Caminho do Ouro de Paraty é candidato a se tornar Patrimônio Mundial