No festival americano Coachella, que começa nesta sexta (16), a maioria das atenções estará voltada para super-nomes como Them Crooked Vultures, Thom Yorke, Jay-Z e LCD Soundsystem.

Mas, nos andares abaixo dos superstars, existe um exército de artistas se apresentando, entre DJs, projetos eletrônicos, bandas cult, rappers e nomes independentes.

Quem olhou para o vasto lineup com atenção notou ali uma digníssima representante da música brasileira: a cantora paulistana Céu.

Há alguns anos, Céu vem, organicamente, contruindo uma elogiada e consistente carreira. Eleita musa principal de uma suposta “nova MPB” (rótulo que ela mesmo vê com ironia), passou pelos melhores palcos do Brasil e foi ganhar o mundo. Foi destaque na Rolling Stone americana e excursionou diversas vezes por Europa e EUA.

Seu último disco, Vagarosa, fez coleção de boas resenhas. E, agora, ela se prepara para algo novo: se apresentar na meca da música pop moderna americana: o festival californiano Coachella (que está com os ingressos esgotados).

Virgula falou com Céu pelo telefone sobre como vai ser isso.

O que você está achando de tocar no Coachella?

Incrível demais. Não esperava mesmo, foi uma surpresa. Eu estava tocando na Europa quando fiquei sabendo. Estou muito feliz com isso.

Dá um certo nervoso se apresentar num evento como esse?

Dá um frio na barriga, sim, é um festival muito importante. Mas qualquer show dá isso, na verdade. Já fiz muitos festivais, especialmente de jazz. Toquei no North Sea Jazz Festival, na Holanda, por exemplo, que é bem grande.

Você disse uma vez que nos EUA geralmente era colocada na gaveta do jazz. O Coachella é importante para se libertar desse rótulo?

É muito interessante esse lance dos rótulos. No Brasil, não sabem onde me encaixar, não sabem se sou MPB ou não. São gavetas que o cérebro inventa, faz parte. É por essas que tocar num festival que é pop, rock e eletrônico é uma alegria muito grande, porque estou expandindo as fronteiras.

Vai ficar no Coachella para ver alguma atração?

Não sei se consigo por causa da agenda. Dia seguinte já tenho show em Los Angeles. Queria muito ver Specials, Charlotte Gainsbourg, MGMT e Jay-Z, mas não sei se vai rolar.

E o Coachella paga bem?

Não, ele paga mal. Pensando no esforço todo que temos, o pagamento não é bom. O que vale aqui é a exposição e a experiência de tocar num evento assim.

Em quantos outros lugares você vai tocar nos EUA?
 
Nem sei quantos, sei que a turnê é extensa. Faremos Estados Unidos de ponta a ponta, de Nova York a Seattle. Estou brigando no momento para ter algumas pausas entre os shows, tipo três dias de descanso, porque é muito puxado.

Tanta viagem rende inspiração? Você é do tipo que anda com bloquinho ou gravadora para registrar ideias?

Eu ando com um gravador digital e um bloquinho porque adoro rabsicar e desenhar nas viagens. Mas nem sempre rola muita ideia nessa rotina de viagem, hotel, show. O lounge do Holiday Inn não é um lugar que inspira muito.

Existe algum lugar para fazer show que é “um sonho de consumo” seu?

Ah, eu sou bem caipira, nem conheço muitos nomes fora esses manjados tipo Coachella, Lollapalooza… ah, pode por o Apollo, no Harlem (tradicional casa de soul e R&B), esse sim seria um sonho.

Céu – Nascente


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Céu: tocar no Coachella dá um frio na barriga