Os efeitos da crise financeira internacional também chegaram às exportações brasileiras. As vendas externas do país tiveram pela primeira vez, desde 1978, uma mudança de perfil, com os embarques de commodities superando os de produtos manufaturados. Na época, o Brasil era um país predominantemente rural.

Commodities são mercadorias que têm preços estipulados pelo mercado internacional e que servem de matéria-prima para outros setores. Dentre janeiro e agosto deste ano, elas representaram 42,8% das exportações brasileiras. Já os produtos já industrializados responderam por 42,% das vendas externas. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior e constam na edição desta sexta-feira do jornal O Estado de S. Paulo.

Esse fato, de acordo com a publicação, gera uma preocupação no governo, já que o cenário para as exportações de produtos manufaturados não é favorável. A constatação é que a demanda mundial por estes produtos segue baixa e os preços estão em queda. Além disso, a desvalorização do dólar prejudica a competitividade do setor.

O jornal ouviu o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, Benedicto Fonseca Moreira, e o presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica, Humberto Barbatto. Eles alertam que o governo não deve contar que as commodities sejam suficientes para cobrir o déficit comercial dos manufaturados. “Um quilo de notebook dá quatro toneladas de carnes em valor”, comparou Barbatto .

Uma das medidas que o governo deve adotar, segundo o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, é aumentar a linha de financiamento de pré-embarque de bens de capital. Esse crédito já ultrapassou R$ 6 bilhões, mas há mais R$ 1 bilhão de pedidos em carteira.

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que o governo estuda medidas para trabalhar a competitividade do setor exportador. No entanto, ele destacou que o real segue a oscilação normal das moedas e que o Brasil será um grande exportador de petróleo por contra do pré-sal.


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Com crise, Brasil volta a exportar mais matérias-primas