Dados apresentados pelo economista Ademir Figueiredo, coordenador de estudos do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) indicam grande desigualdade racial no mercado de trabalho. Segundo a pesquisa, 60% dos trabalhadores negros têm rendimento de até dois salários mínimos.

O estudo revela que os negros são a maioria nos setores de atividade econômica com maior jornada de trabalho (como emprego doméstico, 60,8%) e com uso mais intensivo da força física de trabalho (construção civil, 59,5%), sendo que são historicamente menos protegidos pelo sistema previdenciário (setor agrícola, 60,4%). Outro ponto levantado é que os negros formam a maioria dos trabalhadores sem carteira assinada (55,3%).

Além de serem maioria nos setores menos favorecidos do mercado, os negros são minoria no conjunto dos trabalhadores com melhor remuneração e melhor condição de trabalho. Dos empregados com carteira de trabalho assinada, apenas 43,2% são negros. Dentro da administração pública (onde há estabilidade de emprego, entre outras vantagens), os negros também são minoria (41,3%). Menos de um quarto dos empregadores (empresários) são negros.

A pesquisa foi divulga durante painel que debateu o mercado de trabalho, promovido durante a 2ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial em Brasília, com a participação de 1.500 pessoas, segundo os organizadores.

Segundo dados do Dieese, 24,6% dos negros com mais de 15 anos não têm instrução alguma; 42,8% têm o ensino fundamental incompleto. No topo da pirâmide, com ensino superior completo apenas 2,3% dos negros, enquanto entre os não negros o percentual é de 8,8%.


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Desigualdade racial marca trabalho, mostra Dieese

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