As florestas e os oceanos têm uma capacidade maior do que se acreditava de absorver as emissões de dióxido de carbono (CO2), segundo um estudo da Universidade de Bristol (Reino Unido), que contradiz as previsões mais pessimistas a respeito.

Segundo o autor do estudo, Wolfgang Knorr, os ecossistemas terrestres e marítimos absorveram de forma constante 55% das emissões de CO2 humanas liberadas na atmosfera nos últimos 160 anos, embora estas tenham aumentado de 2 bilhões de toneladas anuais em 1850 para os 35 bilhões atuais.

Knorr disse que o estudo apresenta dados mais otimistas diante da próxima cúpula da ONU sobre o clima, em Copenhague. Nessa reunião, que acontecerá de 7 a 18 de dezembro, devem ser definidas novas medidas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, evitando um reaquecimento irreversível do planeta.

Segundo o cientista, o estudo também confirmou que o aumento de CO2 na atmosfera provocado pelo desmatamento de florestas foi superestimado e é calculado em 12%, frente aos 20% inicialmente calculados.

Por isso, a recomendação de Knorr à cúpula de Copenhague é que se concentre, principalmente, em reduzir as emissões industriais à atmosfera, já que o reflorestamento pode não ser tão útil para combater a mudança climática como se acreditava.

O estudo, publicado na edição digital da “Geophysical Research Letters”, baseia-se em dados históricos e estatísticos e inclui medições obtidas no gelo da Antártida. Isso, segundo o especialista, torna o estudo mais confiável que os modelos matemáticos de mudança climática, segundo os quais o potencial natural de absorção do CO2 diminui à medida que as emissões crescem.

Knorr disse que, segundo esses modelos, os “escoadouros” naturais de CO2, como os oceanos e as florestas, deveriam ter reduzido sua capacidade, uma conclusão que qualificou, por enquanto, de “falso alarme”.

Apesar disso, pediu cautela e disse que “não se deve levar o ecossistema ao limite”, porque esse declive, “em algum momento, acontecerá”.
Na opinião do cientista, o mais preocupante de sua pesquisa é que ela mostra que resta muito a aprender para poder prever o clima.


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Florestas e oceanos têm capacidade maior de absorver CO2, diz estudo