Toda vez que o Banco Central reduz ou aumenta a taxa de juros no Brasil a decisão é recebida com uma enxurrada de críticas. Na maior parte das vezes, são as entidades de classes – que representam setores como a indústria e o comércio – que mais reclamam. Elas argumentam que o custo de empréstimos no país é muito alto e que isso reduz a capacidade de crescimento da economia.

No governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as críticas vieram até mesmo de seu vice, José de Alencar, que sempre defendeu cortes mais agressivos dos juros. Agora é a vez do presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, dizer em entrevista ao UOL que a taxa poderia ser de 6% ao ano. O instituto é uma fundação pública federal vinculada ao Núcleo de Assuntos Estratégicos da presidência da república.

No entanto, Pochmann explicou que o cenário ideal da Selic a 6% ao ano dependeria do comportamento da inflação. “Ela está em queda e, se de fato isso se confirmar, o patamar de juros do nosso estudo poderia ser ainda mais reduzido”.

Atualmente, o juro básico está em 9,25% ao ano e já representa o menor valor para a Selic desde que ela passou a ser usada como meta da política monetária, em 1999. Na noite desta quarta-feira (22), acontece uma nova reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e a expectativa é de uma nova redução, para 8,75% ao ano.
“A gente acredita que o Brasil ainda pode reduzir a taxa de juros. Desde o início da crise, muitos países estão com as taxas reais negativas (menores que a inflação). Não temos a necessidade de fazer isso, mas não precisamos manter nosso patamar atual”, disse o titular do Ipea.

O responsável pelo instituo comentou também que o Banco Central já cometeu dois erros recentemente. O primeiro foi ter aumentado a Selic no auge da crise e o segundo foi demorar para reduzir a taxa quando a decisão se mostrou equivocada.

Apesar dos comentários, Pochmann destacou que não é papel do Ipea determinar qual é a taxa mais adequada ao país. Sendo que o mais importante que ela seja compatível com a inflação baixa e que estimule o desenvolvimento nacional.


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Ipea critica Banco Central e defende juros em 6% ao ano