Armados com muita vontade e conhecimento, centenas de jovens de todo o mundo iniciaram hoje na sede da ONU uma conferência de três dias na qual assumirão o papel de diplomatas profissionais para discutir soluções para males globais como a pobreza e a fome.

Os mais de 600 adolescentes que participam da chamada Assembleia Juvenil da ONU debaterão até o próximo dia 7 as estratégias, atividades e programas que podem ser implantadas em suas respectivas comunidades para combater a falta de recursos e estimular o desenvolvimento econômico.

O objetivo deste tipo de encontro, organizado pela fundação americana Friendship Ambassadors é incentivar a participação dos jovens, particularmente dos países em desenvolvimento, em ações que ajudem a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, lembrou em mensagem enviada aos delegados presentes a esta sexta edição da Assembleia que os efeitos negativos das diversas crises que afetam o planeta recaem de maneira desproporcional sobre os jovens.

Segundo Ban, a prova disso é que 40% dos desempregados no mundo são jovens, apesar de representarem 25% da força de trabalho.

“Os números de desemprego refletem apenas uma parte da realidade, já que, para a maioria da juventude que vive em países em desenvolvimento, os empregos inseguros e mal remunerados são a regra, e não a exceção”, apontou.

O secretário-geral da ONU assegurou que os jovens demonstraram ser “atores dinâmicos” na busca do desenvolvimento sustentável e encorajou os participantes da conferência a “se inspirar uns nos outros”.

“O mundo precisa que cada um de vocês cumpra com sua parte para poder transformá-lo e construir um futuro sustentável e igualitário”, acrescentou.

Esse é o desejo levado para Nova York por Karen Galindo, de 18 anos, estudante de enfermaria e moradora de uma comunidade no norte de Honduras. Ela foi uma das delegadas a falarem nesta quarta-feira no plenário da Assembleia.

Karen se mostrou particularmente orgulhosa do projeto de construção de uma escola de educação básica em sua comunidade, com ajuda da ONG americana Children International.

Além disso, expressou o desejo de aprender durante este encontro “alternativas” que possam servir para “combater a fome e a miséria”, problemas que afetam boa parte de seus compatriotas.

O dominicano José Pachecho, de 16 anos, admitiu que sua família de oito irmãos passava fome até ganhar uma bolsa de estudos da Children International, o que permitiu atenuar a difícil situação econômica de sua família.

José espera reunir ideias nesta Assembleia Juvenil da ONU que o permitam levar à frente iniciativas para “lutar contra a pobreza e a criminalidade” que castigam sua cidade, Bayaguana, no sudeste da República Dominicana.

Ao longo destes três dias de encontro, os jovens poderão conversar com especialistas em desenvolvimento das Nações Unidas, embaixadores e membros de ONGs como Médicos Sem Fronteiras e World Vision.

Além disso, ouvirão atletas olímpicos como a medalhista americana de remo Michelle Guerette e o jamaicano Devon Harris, membro da lendária equipe de bobsled de seu país que surpreendeu o mundo nos Jogos Olímpicos de inverno de Calgary, em 1988.

A chilena Valeria Guerrero se mostrou encantada por poder trocar ideias com personalidades e jovens como ela.

“Me chamou a atenção ver que, apesar de não falarmos os mesmos idiomas, nos entendemos e sabemos que queremos a mesma coisa”, comentou a jovem de 18 anos.

Segundo a ONU, a pobreza e a falta de empregos dignos dificultam a incorporação dos jovens ao mundo adulto, apesar de esta ser a geração mais bem educada da história.

Os avanços no campo educacional se veem prejudicados pelos efeitos negativos da pobreza, que limita as perspectivas de futuro de muitos desses jovens quando alcançam a idade adulta, afirma o organismo em relatório que elaborou em 2007 sobre o estado mundial da juventude.


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Jovens buscam na ONU soluções para a pobreza e a fome