Rhythms del Mundo – Classics


 


Idealizado pela organização ecológica Artists Project Earth, o CD Rhythms del Mundo parte de uma ótima premissa: covers de clássicos do rock e do R&B feitos por astros da música atual – The Killers, Amy Winehouse e Kaiser Chiefs, por exemplo – em ritmos caribenhos. Na prática, entretanto, o resultado ficou irregular, oscilando entre momentos interessantes e outros esquisitos.


 


No encarte do CD, consta que todas as faixas têm acompanhamento da orquestra Rhythms del Mundo, especializada em salsa, merengue, chá-chá-chá e outros estilos da América Central. Só que, em ertas músicas, a impressão é que o grupo não se reuniu com os popstars para fazer a gravação, prejudicando a unidade dos arranjos. Faixas como Cupid, clássico de Sam Cooke na voz de Amy Winehouse, parecem duas músicas diferente juntas, como um remix malfeito.


 


Em outras músicas, esse problema não é perceptível e a junção de música caribenha com standards do pop e do rock ficou bem legal. Alguns exemplos? Walk on the Wild Side (Lou Reed) com Editors, Stairway to Heaven (Led Zeppelin) na releitura instrumental dos violonistas Rodrigo y Gabriela e, acredite, My Cherie Amour (Stevie Wonder) na versão cantada pelo italiano Eros Ramazotti.


 


Apesar desses e de outros pontos altos, se for preciso escolher só uma faixa como a melhor do disco, o troféu vai para Bohemian Rhapsody (Queen) com Augusto Enriquez, um dos vocalistas da orquestra. A dramaticidade da música combinou à perfeição com a letra, entoada em espanhol, e o estilo passional do canto caribenho. E o arranjo ficou genial de tão cara-de-pau. (Denis Moreira)


 


Cidadão InstigadoUhuuu!

O sexteto cearense Cidadão Instigado está lançando o seu terceiro disco de estúdio, sob o sugestivo título de Uhuuu!, como uma interjeição de festividades com clima dos anos 70.

Liderado pelo vocalista e principal compositor Fernando Catatau, o grupo apontado como um dos mais produtivos do atual cenário da MPB simplifica suas composições e tenta utilizar uma roupagem mais clean em relação aos álbuns anteriores.

Os destaques ficam por conta das contagiantes Contando Estrelas e Escolher pra Quê, da “roberto-carlística” Como as Luzes, da 100% rock psicodélico Deus é uma Viagem e da divertida Doido, que conta com a participação de Arnaldo Antunes. Outra participação de peso é a do ex-guitarrista do Ira!, Edgard Scandurra, que gravou com os cearenses os vocais de Dói.

Uhuuu! merece uma audição por condensar muitas influencias diferentes em um só disco. Para quem gosta de todo esse clima saudosista dos anos 70, é um prato cheio. (Luiz Filipe Tavares)


Identidade – Antiguidades x Modernidades



Os gaúchos do Identidade podem ser desconhecidos do grande público, mas já têm dez anos de estrada e três álbuns lançados. O mais recente, Antiguidades X Modernidades, chegou às lojas em junho e mostra um grupo maduro e com um trabalho instrumental digno de nota.


 


O sucessor de Jogo Sujo (2006) tem como destaque a faixa-título, que abre os trabalhos com uma pegada rock que não fica devendo a bons momentos dos também gaúchos do Cachorro Grande, Não Para De Dançar, Groove e Pequenas Doses. Nas duas únicas baladas do CD, Só Agora Eu Sei e Dias Arrastados, a banda também não faz feio, intercalando bem elementos rock clássicos e contemporâneos.


 


A guitarra pesada, o piano e o naipe de metais são as sonoridades que dominam este CD do Identidade, que poderia ser impecável não fossem as letras: muitas vezes, elas descambam para o tema “olhem como sou moderno e atormentado e o mundo não me compreende”.


 


A sonoridade do álbum, aliás, pode lembrar em alguns momentos (e, claro, guardadas as devidas proporções!) o som intenso e cheio de referências do Júpiter Maçã – nenhuma coincidência, já que o álbum foi co-produzido por Ray-Z, responsável pelas guitarras da trupe de Júpiter e Astronauta Pingüim.


 


O Identidade pode não ser a nova promessa do rock nacional, mas tem um trabalho autoral que merece destaque por unir o clássico e o moderno, além de experimentar sonoridades que vão além do emocore tão comum na cena pop nacional. (Stefanie Gaspar)


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Lançamentos de CDs: Cidadão Instigado, Identidade e Rhythms del Mundo