A palestra conduzida por Marcelo Tas na noite da última quarta (29) já gerava altas expectativas desde cedo, principalmente por causa do grupo de índios verdadeiros que circulavam pela Campus Party em trajes típicos e altamente interessados em tudo o que acontecia. Com a presença de dois grandes nomes da comunidade indígena brasileira no palco (TC, líder tecnológico quilombola e Anápuáka, do projeto Web Brasil Indígena), Marcelo conversou sobre as mudanças que a Internet sofreu nos últimos anos.

Anápuáka abre a discussão lembrando seu primeiro contato com a web, que foi a ferramenta que o possibilitou reatar laços com um familiar depois de 17 anos longe de sua aldeia. A sua porta da entrada foi o site www.indiosonline.org.br, que ele conheceu em 2001 através de sua esposa (uma jornalista) e do qual tornou-se um dos principais colaboradores até 2007, transformando-o na maior rede de informações sobre a cultura indígena da Internet brasileira.

TC explica como sua rede Mocambos consegue reunir 50 comunidades indígenas espalhadas em 17 estados graças à velocidade do acesso à informação que a web nos proporciona. TC fala inclusive que muitas destas não possuem – por enquanto – nem mesmo orelhões nas ruas. “Por enquanto mesmo”, corta Anápuáka, que declara que uma de suas prioridades no momento é levar o projeto do Orelhão VoiP (não por acaso uma das atrações de maior sucesso da Campus Party e que permite ligações gratuitas para 55 países do mundo todo) para as aldeias mais distantes.

“Orelhão democrático para todos, assim como a Internet também deve ser!”, ele grita sobre uma calorosa salva de palmas da plateia enquanto exibe sua camiseta onde podemos ler a legenda “Telefonei, Não Paguei, e Protestei!”.

Em clima de descontração, Marcelo começa falando sobre sua experiência com a Internet e por um breve minuto encarna seu antigo e saudoso personagem Professor Tibúrcio (para a alegria geral da plateia) enquanto mostra um slideshow onde elege o escritor Arthur C. Clarke e o cientista Alec Reeves como os dois maiores e mais importantes nerds de todos os tempos. Marcelo causa ainda mais risos quando diz que Reeves (responsável pela invenção do Pulse Code Modulation, que permitia a transmissão de dados em formato binário) foi o pai da pirataria e que por isso merecia uma praça inteira dedicada à ele bem no meio da Campus Party.

Já na parte das perguntas do público, Marcelo respondeu muito bem sobre a nova lei de propaganda eleitoral na web e como os internautas devem reagir à ela: “Os políticos querem fazer com que nós acreditemos que eles são os responsáveis por essa lei, e isso é uma grande mentira. A Internet é e sempre foi livre, nunca precisamos de autorização de políticos para expor nossas ideias e agora mais que nunca precisamos fazer nossa voz valer. Com certeza, pela primeira vez na história, a enorme quantidade de internautas vai fazer os ponteiros das pesquisas eleitorais balançarem muito. Cabe a cada um de nós nos engajarmos e expormos nossa opinião. Só depende de nós!”.


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Marcelo Tas discute o futuro da internet na CP