O desmatamento no Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pantanal e Pampas será monitorado por satélites, como já ocorre com a Amazônia desde 1988. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) anunciou ontem (16) o início do monitoramento desses biomas, com a elaboração de relatórios anuais sobre a situação da cobertura vegetal nessas áreas.

Por ocupar 24% do território nacional e estar em áreas relacionadas ao avanço do desmatamento no bioma amazônico – em Mato Grosso e no Maranhão, por exemplo – a análise do Cerrado vai ser prioritária, segundo o Ibama.

Assim como o monitoramento da Amazônia, feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a análise do Ibama vai ser baseada em imagens do satélite Landsat, além de informações do satélite sino-brasileiro Cbers e do radar Alos, que vão permitir a visualização das áreas mesmo quando houver alta cobertura de nuvens.

A medição do desmatamento vai considerar a situação dos biomas em 2002 e comparar com imagens atuais para verificar as mudanças na cobertura vegetal. Em uma das imagens apresentada hoje pelo Ibama, é possível verificar pelo menos 5 mil hectares de novas áreas desmatadas para implantação de pivôs de irrigação em uma região entre os estados de Minas Gerais e do Espírito Santo.

De acordo com o coordenador do Centro de Sensoriamento Remoto do instituto, Humberto Mesquita, o levantamento vai apontar as áreas que sofreram corte raso (desmatamento total), o que não inclui as queimadas. Segundo Mesquita, o Ibama e o Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig) da Universidade Federal de Goiás estão avaliando a possibilidade de emitir alertas mensais para o Cerrado, a exemplo do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) na Amazônia.

Na avaliação do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, a extensão do monitoramento vai mostrar que o “Brasil não é samba de uma nota só, não se preocupa só com a Amazônia” e é um pré-requisito para o estabelecimento de metas de redução do desmatamento nessas regiões.

“Alguns biomas estão sendo detonados sem dó nem piedade, às vezes num ritmo muito pior do que o da Amazônia”, comparou. Segundo cálculos do ministro, a devastação do Cerrado cresce em ritmo pelo menos três vezes maior do que na Amazônia, principalmente por causa da expansão agropecuária.

A primeira revisão do Plano Nacional de Mudança do Clima, prevista para abril de 2010, deverá incluir metas de redução de desmatamento em todos os biomas brasileiros, segundo Minc. Atualmente só há compromissos para a Amazônia, onde o governo espera reduzir o desmate entre 30% e 40% até 2017.

O diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Flávio Montiel, acredita que o monitoramento por satélites de outros biomas, além do amazônico, vai auxiliar as ações de fiscalização e controle das derrubadas. “Na medida em que o histórico de análises vai definir quais são as áreas críticas, poderemos nos antecipar aos futuros desmatamentos”, avaliou.

Os primeiros resultados do levantamento das imagens serão os do Cerrado, com previsão de apresentação em setembro, seguido pelo relatório sobre a situação da Caatinga, em novembro.

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Monitoramento por satélite de áreas desmatadas chegará a todos os biomas

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