O escritor e jornalista Zuenir Ventura é um personagem da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). Enquanto caminha lentamente pelas ruas de pedra do centro histórico, atende todos que o abordam interessados em uma conversa inteligente ou um autógrafo. Em entrevista à Agência Brasil, Zuenir disse que a crise econômica que abalou os países desafia o jornalismo. Acrescentou que o fim da exigência do diploma para o exercício da profissão não dispensa o jornalista da formação universitária. E alertou que melhorar o sistema político “não é coisa de um dia para outro”.

“É um momento de muita perplexidade. É muito difícil entender este mundo, que está meio caótico. Mas há alguns valores que ainda considero universais e permanentes, como a fraternidade e a solidariedade. O jornalismo deve explicar o que está acontecendo. A gente tem informação demais e informação demais é ruído. Não é fácil explicar o que está acontecendo. São momentos que desafiam o jornalismo”, avaliou.

Zuenir pediu cautela na discussão sobre o fim da obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo, decidida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo ele, a formação universitária é importante para qualquer profissão, inclusive para o jornalista.

“É preciso cuidado para não confundir as coisas. A não obrigatoriedade de diploma não significa dispensa da faculdade e do ensino. Todas as faculdades são muito ruins. É preciso melhorar e não acabar com elas a pretexto de que não cumprem o seu papel porque são deficientes. A gente tem que melhorar, mas não dispensar a faculdade e a formação”, afirmou.

Autor de 1968 – O Ano que Não Terminou, o escritor disse ainda que o Congresso Nacional precisa melhorar, mas ponderou que o processo democrático é lento. Apesar de todos os problemas, ressaltou Zuenir, é melhor ter o Parlamento. “A gente sabe como é viver sem liberdade. O processo democrático é lento, gradual, cumulativo. Não é mágica.”

Zuenir Ventura participará hoje (5) da mesa Antologia Pessoal, sobre Manuel Bandeira, ao lado de Edson Nery da Fonseca, amigo e correspondente do poeta pernambucano.


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O mundo está meio caótico, avalia Zuenir Ventura na FLIP