A notícia sobre a franqueza com que o diretor do Instituto Potsdam de pesquisas sobre mudanças climáticas, Hans Shellnhuber, tratou sobre o assunto em recente entrevista para a agência de notícias Reuters, tem circulado o mundo. “Ao contrário do que acontece nos Estados Unidos, se você analisa pesquisas em relação ao que o público conhece sobre mudanças climáticas, até no Brasil e na China você verá que existem mais pessoas que entendem sobre o problema e que acreditam que profundos cortes na emissão CO2 sejam necessários”, avaliou.

De acordo com a entrevista do cientista, publicada ontem (28), os Estados Unidos são “ignorantes ambientais” e, inclusive, muitos representantes do Partido Republicano nem teriam uma opinião sobre o assunto. Shellnhuber teme que esse desconhecimento seja uma ameaça ao sucesso das negociações durante a 15ª Conferência das Partes (COP-15) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, que será realizada em dezembro em Copenhague, Dinamarca.

O diretor do instituto alemão disse que a COP-15 é a reunião mais importante da história da humanidade. A avaliação, já bastante aceita na comunidade científica internacional, é que o mundo precisa reduzir em até 40%, até 2020, as emissões de carbono no nível registrado em 1990. Somente assim seria possível prevenir que o aumento da temperatura superasse o limite aceito de 2ºC. A reunião é justamente para chegar a um efetivo acordo global sobre o tema que substitua o já ultrapassado Protocolo de Kyoto.

Caso isso não ocorra, cientistas estimam um aumento de 4ºC na temperatura global em um período de 50 a 100 anos. Como consequência, mais da metade das espécies animais e vegetais poderiam ser extintas, sem contar o aumento do nível dos mares e outras catástrofes naturais quem ameaçariam boa parte da população mundial.

Shellnhuber lamenta, no entanto, que apesar dos alertas, muitos países ainda não possuem projetos concretos de redução de emissões de gases de efeito estufa e cita os Estados Unidos como exemplo. Por enquanto pretendem, no máximo, cortar as emissões em apenas 15% em relação ao nível de 1990.


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Para diretor do Instituto Potsdam, ignorância sobre aquecimento global é perigoso para a humanidade