Os sobreviventes japoneses das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki manifestaram nesta sexta-feira (11) sua decepção pelo discurso do presidente americano, Barack Obama, ao receber na quinta-feira (10) o Prêmio Nobel da Paz, quando defendeu a necessidade de ir à guerra em ocasiões específicas.

“(Obama) admitiu o uso da força enquanto defende um mundo sem armas nucleares, por isso seu diálogo é contraditório”, disse Kazushi Kaneko, de 84 anos, que é diretor-geral da organização de pessoas afetadas pelos efeitos das bombas atômicas em Hiroshima.

Durante seu discurso em Oslo (Noruega), o presidente americano defendeu tanto a luta em guerras “necessárias”, como sua recente decisão de aumentar o número de tropas no Afeganistão.

Nove dias antes de receber o Nobel da Paz, Obama anunciou o envio de mais 30 mil soldados para a guerra no país da Ásia Central e também a data para o início da retirada das tropas, em julho de 2011.

“Um movimento não violento não poderia ter detido os exércitos de Hitler. As negociações não podem convencer os líderes da Al Qaeda de que devem depor as armas”, lembrou o presidente americano, ressaltando que “dizer que a força é às vezes necessária não é um apelo ao cinismo. É reconhecer a história”.

Hideo Tsuchiyama, ex-reitor da Universidade de Nagasaki e especialista em políticas para a redução do armamento nuclear, também criticou as palavras de Obama.

“Percebi a intenção do presidente de justificar o envio de mais tropas ao Afeganistão”, disse o ex-reitor.


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Sobreviventes de bombas atômicas no Japão criticam discurso de Obama