O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, disse na terça-feira (24) que os Estados Unidos cometeram um “crime contra a democracia” ao mudar sua posição em relação ao golpe de Estado que o tirou do poder e afirmou que esse país e Panamá podem ser “punidos” por violar a Carta Democrática Interamericana.

“Quando o Departamento de Estado (dos EUA) disse que a prioridade já não era minha restituição, mas as eleições, cometeu um crime contra a democracia”, disse Zelaya à Agência EFE por telefone a partir da Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde está refugiado desde 21 de setembro.

“EUA e Panamá podem ser punidos pela OEA (Organização dos Estados Americanos) nos próximos dias, podem ser punidos também pelas Nações Unidas nos próximos dias”, afirmou.

Essas punições viriam “por violar a Carta Democrática Interamericana, por desacatar as resoluções da OEA, das Nações Unidas, o espírito do plano Arias e o espírito do Acordo Tegucigalpa-San José” sobre sua restituição, disse o presidente deposto.

Estados Unidos e Panamá expressaram seu apoio às eleições do próximo domingo (29) em Honduras. O resto da comunidade internacional ameaça não reconhecer os resultados do pleito caso Zelaya, derrubado em 28 de junho, não seja restituído no poder.

“Ou as eleições são legítimas ou não são legítimas, mas não podem ser meio legais”, disse o governante deposto hondurenho. Outra demonstração da “ambiguidade” americana é que “me reconhecem como presidente, mas estão atendendo as ordens de (Roberto) Micheletti”, o presidente de fato hondurenho, e isso “destrói a Carta Democrática”, assegurou Zelaya.

O líder deposto disse que as eleições têm “vícios de origem” por estarem nas mãos do Governo de fato e que, sem observadores da OEA e das Nações Unidas, existe a “imensa possibilidade de fraude eleitoral”.

Por isso, as eleições “serão impugnadas juridicamente, têm que ser canceladas, terão que ser repetir quando a democracia for restaurada”.

Perguntado sobre se anularia o pleito caso restituído, Zelaya respondeu que não pode fazê-lo “porque não sou juiz, as instâncias jurídicas terão que analisar as impugnações”.


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Zelaya diz que EUA cometem "crime contra a democracia" ao mudar de postura