Os professores da rede privada do estado de São Paulo querem ser remunerados pelo trabalho extra realizado pela internet. Para a diretora da Federação dos Professores do Estado de São Paulo (Fepesp), Silvia Barbara, a nova rotina virtual, que inclui o uso de redes sociais como twitter e orkut e até mesmo a manutenção de blogs de professores, tem se tornado cada vez mais comum nas escolas particulares.



“Nós reconhecemos a importância da tecnologia e os professores têm feito das tripas coração para se adaptar a esta nova realidade. Porém, queremos ser remunerados para isso”, afirmou.



Segundo ela, os professores não veem problemas em fazer estas atividades virtuais pois seus alunos já nasceram na era digital. “Ter computador, internet banda larga em casa tem um custo. Quem paga por ele? O professor. E quem está pagando a mais por isso? Ninguém”, pontuou.


 


Os professores, que tiveram sua carga de trabalho aumentada por causa das novas ferramentas de ensino, dizem se sentir estressados com o volume extra de atividades. Para Anderson, professor de um colégio de classe média alta de São Paulo, o atendimento online que a escola em que leciona presta toma seu tempo quando está em casa. “Tenho que responder dúvidas dos alunos pela internet fora da sala de aula.”


 


Anderson disse que não é obrigado a desenvolver tal atividade, mas a recusa em fazer o trabalho pode ameaçar seu emprego. “Eles usam isso como critério de avaliação. A direção, no final do ano, irá questionar quantos atendimentos online o professor fez. Se você fez poucos ou nenhum, seu contrato pode não ser renovado.”



O professor explicou ainda que, além da aula virtual, ele e seus colegas também têm que passar notas e faltas – anotadas manualmente em sala – para um programa que só funciona na escola. “No ano passado, demitiram as secretárias que faziam isso. Hoje, nós temos que fazer todo o trabalho – o delas e o nosso”, criticou.


 


O presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieeesp), Benjamin Ribeiro da Silva, afirma que o trabalho extra dos professores é remunerado. Ele alega  que os professores ganham um adicional de hora atividade para fazer as tarefas virtuais.



Anderson confirmou o recebimento de uma remuneração extra pelas atividades que desenvolve em casa, mas alegou que o tempo não é suficiente para preparar aulas, corrigir provas e trabalhos. “Na nossa convenção coletiva há uma definição clara de que hora atividade é apenas para isso: preparar aulas, corrigir provas e trabalhos, não tirar dúvidas de alunos.”


 


O presidente do Sieeesp defende que a tecnologia adotada pelas escolas facilita o trabalho dos professores. “Ele [o professor] usa o twitter para quê? Para fazer isso [corrigir trabalhos, provas e preparar aulas]. Antes, era muito mais trabalho do que é hoje, quando ele está na internet ele está fazendo isso.”


 


Jussara, professora de uma escola paulistana, afirma que o uso da internet acaba aumentando o trabalho uma vez que é preciso preparar duas aulas, a virtual e a presencial. “Nós usamos um sistema no qual conversamos com os alunos e também criamos fóruns, temos que pesquisar sites e informações úteis e interessantes para alimentar este sistema. No fim, acabo preparando aula para dar na escola e aula para os alunos terem em casa”, disse.


 


“Nós, professores, estamos sobrecarregados com tanto trabalho”, definiu.



Para a docente, as novas ferramentas de trabalho aplicadas à educação e feitas pela internet são positivas e saudáveis, mas não possuem qualquer relação com as tarefas extras de professores, como corrigir provas e trabalhos. “Isso não tem nada a ver com preparar aula, que é o que somos pagos a mais. Para os alunos, isso é importante, mas para os professores têm sido estressante”, completou.


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Professores de São Paulo querem ser remunerados por trabalho extra na internet