Quando se fala em trabalhar em uma campanha política, muita gente pensa logo em gente vestindo camiseta, balançando bandeira e entregando santinho. Ou nos assessores que seguem os candidatos onde quer que eles estejam. Mas a estrutura por trás de um candidato (ou partido) é bastante complexa. E, o melhor, garante emprego para muito mais gente do que parece.

Dois bons exemplos são os jornalistas Denis Moreira e Luiz Filipe Tavares. Ambos foram parar em campanhas poucos dias depois de saírem de empregos tradicionais. Mas as semelhanças param por aí. As funções e até as cidades onde estão trabalhando são bem diferentes.

“Estou trabalhando para um partido como revisor de textos e banners, folders e outros materiais de propaganda de vários candidatos a deputado (federal e estadual) e senador espalhados pelo País”, conta Denis, que em 2004 já havia trabalhado para outro partido nas eleições municipais de São Paulo.

Já Luiz Filipe está estreando em uma campanha e foi fazer isso longe: se mudou temporariamente para o Rio de Janeiro por causa do trabalho. “Vim pra atuar em várias frentes. Faço pautas para o blog de um deputado, divulgação do material em redes sociais, faço alguma coisa de Photoshop, copydesk, revisão gramatical… enfim… tem muito trabalho, então não dá muito para pensar. É só fazer, fazer e fazer”, explica.

Um trabalho “comum”

Em geral as vagas nas campanhas eleitorais são preenchidas por gente indicada por quem já trabalha nelas, como foi o caso de Luiz. Mas há quem entre nessa da mesma maneira que se consegue qualquer outro trabalho: mandando currículo e passando por um teste, que foi o que aconteceu com Denis.

E é justamente assim que eles encaram o que estão fazendo, um trabalho como outro qualquer. “A relação é apenas profissional. E acho que é assim não só para mim, mas para muita gente, pois nunca me perguntaram sobre preferência partidária ou voto nas próximas eleições. Nas produtoras, o político é apenas um cliente, como é uma marca de automóveis ou qualquer outra empresa”, opina Denis.

Luiz Filipe se sente ainda mais tranquilo em relação a isso, já que nem vota onde está trabalhando. Mas ele ressalta que mantém seus princípios, e por isso não aceitaria qualquer convite. “Dispensaria tranquilo propostas para vários candidatos. Não tenho muita relação com nenhum partido ou candidato, mas nunca trabalharia para o Maluf, só para dar um exemplo entre os mais procurados pela Interpol”, brinca.

Salários

E quanto à lenda de que em campanha se trabalha muito, mas também se ganha muito dinheiro? Segundo os dois, existe uma parcela de verdade nisso.

“Olha, não ganho nenhuma fortuna não, mas também não é pouco dinheiro. Se bem que estou entre o escalão mais baixo de salários. Para quem trabalha com vídeo, marketing ou comunicação em geral, normalmente os salários de campanha estão mesmo bem acima da média no país. Se você tem pique pra encarar os meses de trabalho pesado, com certeza não será mal pago para fazer isso”, diz Luiz.

Denis concorda, mas faz algumas ressalvas: “Depende muito da sua função, mas, no geral, é mega cansativo (adeus fim de semana, feriado, noites de sono…) e vale a pena pelo dinheiro. Pelo que sei, aqui em São Paulo a coisa é mais tranquila, só que se paga menos. Nas campanhas em cidades do interiorzão do Brasil, ganha-se rios de dinheiro (e tem muita gente que sai de SP só para isso), mas tem gente que corre até risco de morrer. É coisa para heróis!”.


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