Margaret Howe ensinou o golfinho Peter a falar


Créditos: Reprodução/ BBC

Golfinhos são animais inteligentes, capazes de se comunicar por meio de sons e, quem diria, até de se apaixonar por seres humanos. Margaret Howe Lovatt tinha 23 anos quando, em 1965, viveu por 10 semanas com o golfinho Peter, como parte de um experimento financiado pela Nasa. Em um laboratório inundado por água, nas Ilhas Virgens, a jovem tentou ensinar o animal a falar inglês e, no fim, descobriu que ele estava apaixonado por ela. Hoje, com 72 anos, ela falou pela primeira vez sobre o assunto, em um documentário realizado pela BBC, intitulado The Girl Who Talked To Dolphins (a garota que conversava com golfinhos).

O laboratório pertencia ao neurocientista John C. Lilly, que pesquisava a capacidade comunicativa dos golfinhos. Margaret, uma residente das Ilhas Virgens, tornou-se sua assistente. Ele mantinha três golfinhos, incluindo Peter, no que chamava de “Casa dos Golfinhos”, um condomínio inundado por água salgada. Margaret passou a viver dia e noite com o animal. Os dois comiam juntos, dormiam juntos e tomavam banho juntos.

As lições de inglês aconteciam de domingo a sexta-feira. “O som do ‘M’ era difícil. Eu trabalhava com ele o som do ‘M’ e, no fim das contas, ele dava cambalhotas para tentar borbulhar o som na água. Ele trabalhou duro nessa letra”, diz Margaret, ao documentarista Christopher Riley. Peter aprendeu as palavras “um”, “nós”, “triângulo” e “olá”. Quando Margaret dizia “trabalhar”, “trabalhar”, “trabalhar”, o golfinho respondia, “brincar”, “brincar”, “brincar”.

O golfinho, algumas vezes, ficava excitado sexualmente e passava a esfregar seu genital na perna, nos pés e na mão de sua professora. Inicialmente, quando isso acontecia, ela levava o golfinho para a companhia das duas fêmeas da Casa dos Golfinhos, em outro recinto. No entanto, as investidas tornaram-se cada vez mais frequentes, o que atrapalhou o andamento das aulas.

“Eu deixava ele se esfregar em mim. Não me incomodava, desde que não fosse muito bruto. No começo, nós colocávamos ele no elevador, e eu dizia ‘Vá brincar com as garotas'”, explica Margaret. No entanto, por motivos práticos, ela decidiu aliviar as necessidades físicas de Peter com as próprias mãos. “Era apenas mais fácil fazer isso e deixar acontecer. Era algo muito gentil. Era sexual por parte dele e não das minha parte”, diz.

Peter começou a sentir ciúme de Margaret. Quando ela falava ao telefone, ele fazia sons altos para competir. “Aquela relação de estar com ele meio que se tornou algo divertido. Eu gostava de estar com ele e sentia a falta dele”. No fim, o experimento teve um fim trágico.

Quando Margaret estava realizando progressos com Peter, o experimento acabou e o laboratorio fechou. Sem verbas, o Dr. John C. Lilly enviou os golfinhos para outro laboratório, em Miami. Lá, Peter definhou fisicamente e, depois de algumjas semanas, Margaret recebeu a notícia de que ele havia cometido suicídio, se recusando a respirar e afundando no fundo de seu tanque.


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