Foo Fighters


Créditos: Taiz Dering

Todos 70 mil ingressos foram vendidos para o sábado (7), primeiro dia do Lollapalooza Brasil, meses antes da realização do festival. Ao mesmo tempo, sobraram ingressos para o segundo dia do evento. A simples diferença entre um e outro? A presença de um dos shows mais esperados no Brasil há anos: Foo Fighters.

 

De forma gradual, quase lenta, o Foo Fighters se tornou uma das bandas mais importantes do rock produzido dos anos 90 para cá. Claro que o fato de Dave Grohl ter sido baterista do Nirvana ajudou a banda a ganhar destaque, mas desde o disco homônimo de 1995, gravado de forma quase caseira, o grupo cresce a cada single, a cada disco, a cada turnê.

O lançamento de Wasting Light, no ano passado, foi a gota d’água que faltava para acabar com as eternas – e inevitáveis – comparações com o Nirvana: desde The Colour and The Shape, de 1997, a banda não lançava um álbum tão coeso, eficiente e pesado. E foi essa banda no auge que São Paulo viu encerrar o primeiro dia do Lollapalooza Brasil.

O início com All My Life foi de cair o queixo. Liderando o paredão de guitarras ensurdecedoras e berros incessantes, Dave Grohl corria freneticamente pelo palco e pela passarela instalada especialmente para o show. Times Like These e Rope vieram em seguida, e quando o público achou que era hora de respirar, The Pretender e My Hero vieram para mostrar o contrário.

Nessa primeira parte do show, uma falha grave da estrutura do festival foi exposta: a área reservada à plateia do palco Cidade Jardim nitidamente não estava preparada para o frenesi do público, e algumas àreas reservadas à imprensa e à técnica do festival foram invadidas para dar espaço à multidão, esmagada no empurra-empurra.

Distante dos problemas, o Foo Fighters seguiu com uma sequência interminável de hits. Todos os álbuns da banda foram lembrados no repertório, que privilegiou o clássico The Colour and The Shape, com cinco músicas. A performance da banda foi impecável – destaque para o excepcional baterista Taylor Hawkins – tanto pelo ponto de vista técnico quanto pela capacidade de interação com os presentes, e a voz de Dave Grohl – rouca nos shows feitos na Argentina durante a semana passada – só falhou após ser exigida à exaustão nos refrãos de Breakout e Monkey Wrench.

Após a surpresa Hey, Johnny Park!, e uma versão potente para This Is a Call, a banda apresentou uma releitura interessante de In The Flesh, do Pink Floyd. Empolgantes mesmo foram as versões para Bad Reputation e I Love Rock n’ Roll, ambas de Joan Jett, que cantou com a banda. Curiosamente, o público recebeu melhor as versões dessas faixas executadas pelo Foo Fighters do que no show da cantora, que antecedeu o do grupo de Dave Grohl.

“Obrigado, obrigado. Não esperaremos 17 anos para voltar”, prometeu Grohl fazendo referência à idade da banda, e aparentemente esquecendo a primeira visita do grupo ao Brasil, no Rock In Rio III, em 2001. A banda escolheu a magnífica Everlong para encerrar o show, e mostrou a todos os presentes – que com certeza deixaram o Jockey Club com os ouvidos zunindo – porque é um dos grupos mais adorados da atualidade.

Se alguns críticos apontam a falta de experimentalismos e ousadia artística à discografia da banda, o show deste sábado mostrou que o grande público não está nem um pouco preocupado com isso, e sim com o mais puro rock n’ roll feito para as massas – a especialidade absoluta de Dave Grohl.

Setlist:

01) All My Life
02) Times Like These
03) Rope
04) The Pretender
05) My Hero
06) Learn to Fly
07) White Limo
08) Arlandria
09) Breakout
10) Cold Day in the Sun
11) Long Road to Ruin
12) Big Me
13) Stacked Actors
14) Walk
15) Generator
16) Monkey Wrench
17) Hey, Johnny Park!
18) This is a Call
19) In the Flesh (Pink Floyd)
20) Best of You
21) Enough Space
22) For All the Cows
23) Dear Rosemary
24) Bad Reputation (Joan Jett)
25) I Love Rock ‘n’ Roll (Joan Jett)
26) Everlong 


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