DJ Ashba


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Tudo corria bem. Contatos feitos, e o Virgula Música faria uma entrevista exclusiva com o guitarrista principal do Guns N’ Roses, o DJ Ashba, que entrou no grupo há cinco anos.

E lá começamos, com a ligação feita na hora marcada, justamente para falarmos de como ele estava a fim de vir ao Brasil pela terceira vez, país em que a South American Tour 2014 do grupo começa.

“É um sonho realizado. É muito surreal e, você sabe, estou muito agradecido por estar nessa posição e é uma honra estar no palco com Axl Rose tocando músicas clássicas”, respondeu ele sobre sua entrada no Guns e já encavalamos outra pergunta.

“Você coloca suas influências nas músicas mais clássicas do Guns?”

“Eu coloco, sabe (risos). Tenho o meu próprio jeito de tocar, mas, dito isso…”, interrompeu. Só que não foi DJ, foi a ligação, que caiu pela primeira vez.

Aí recomeçamos. Nova ligação. Dá uma vergonhinha. Refaço a pergunta anterior forçadamente cortada, avisando que não tinha pegado a resposta completa e “É… penso que… já não respondi essa?”. “Não, não, a conexão caiu bem nessa hora”. (silêncio). “Pode dizer de novo como você coloca influências suas nas músicas clássicas do Guns?”. Silêncio. Rezo para não ter caído novamente a ligação.

“DJ não estou te escutando”. Passam alguns momentos. Desligo e penso.

É engraçada a situação vista depois do acontecido, já que na hora fiquei meio que desacreditando que daria certo o papo com DJ. Você pensa: “Não, eles não vão ligar pela terceira vez”. Sim, eles que ligavam, e estavam nos Estados Unidos.

Mas ligaram. Era a produtora da entrevista, só que me dando a escolha de falar com o nosso alvo somente em meia hora ou para outro dia, a marcar. Como queria resolver tudo logo, bem, e realmente resolver sem contar com o acaso, combinamos para que nos falássemos em trinta minutos.

Pois bem, e aí sim. E nem quis saber se ele já tinha respondido à pergunta anterior ou não. Nessas horas a gente precisa se impor um pouco, pra não ficar abaixando a cabeça pra gringo. Brincadeira. Perguntei de novo, escolhendo as palavras. DJ Ashba é o guitarrista principal de uma das bandas mais importantes do rock.

“Vamos lá. Vou ter que voltar em uma questão. Você coloca características suas nas músicas clássicas do Guns ou toca com o livro de baixo do braço?”, indaguei.

“Bem, quero dizer, eu definitivamente penso que tenho o meu próprio estilo de tocar. Mas tento me manter o mais fiel possível às músicas que já existiam, porque eu sempre me coloco fora do palco e penso: se eu aparecesse num show e visse um outro cara tocando a guitarra, o que eu esperaria dele? Eu ficaria muito ferrado se ‘esse cara’ mudasse cada solo que eu cresci ouvindo e lembrando. Então tento me manter o mais fiel à música original possível”, aludiu claramente ao lendário Slash.

Já que falou no ex-dono da guitarra no Guns, que saiu da banda em 1993, a pergunta sobre suas influências no instrumento surgiram: “Fale os seus principais, DJ. E bandas também, faça o favor”.

“Tem tantos. Scotty Moore, ele tocou guitarra com o Elvis Presley, é um dos meus favoritos. E… você sabe… sabe… Billy Gibbons (do ZZ Top), Steve Vai… Cara, tem tantos… Eddie Van Halen. A lista é interminável. E bandas, são as quais eu cresci escutando, como Mötley Crue, Guns N’ Roses, Van Halen, você sabe… continue você”, pediu manhosamente.

O Guns N’ Roses firmou o seu nome na cena do rock no final dos anos 1980, justamente quando o heavy metal e o hard rock decaíam em popularidade, dando espaço para o tão falado grunge de Pearl Jam e Nirvana, pra citar as mais pops.

Então, quem queria ouvir algo pesado, que não fosse tão triste como o movimento que acabou se tornando uma espécie de rival (entre os fãs, principalmente), os roqueiros-roqueiros iam no show do Guns, ver Axl e seus cabelos ruivos, seu corpo então em forma, e a virtuose de Slash e companhia. Com um show notório por confusões em St. Louis, Estados Unidos, em 1991, o conjunto até ganhou o status de “a banda mais perigosa do mundo”.

“Isso é sensacional. Os fãs ainda vivem isso. Os shows do Guns N’ Roses são sempre imprevisíveis, você nunca sabe o que vai acontecer. É simplesmente sensacional. E eu adoro isso, é muito excitante, você nunca sabe o que vai ver, ou o que esperar. Qualquer coisa pode acontecer, e aí é que está a brincadeira”, disse.

É, DJ, os fãs realmente nunca sabem o quê ou o quanto esperar.

Já com cinco anos fazendo parte do GnR, DJ Ashba não se vê apto para resumir o quão foda é participar do, hoje, octeto (!).

“Penso que resumir em poucas palavras é difícil. (Mas) É rude, cruel, é um rock and roll imprudente. Penso que é muito imprevisível. Estamos tocando melhor juntos agora do que estávamos antes. Penso que os shows são superdivertidos pra galera vir e curtir, e ouvir tudo de Appetite (for Destruction – 1987) até Chinese (Democracy – 2008). É sempre uma noite cheia de foguetes, bombas e rock and roll”, exemplificou bem.

Se o fato de estar no Guns já é bom, ter como amigo e parceiro o vocalista Axl Rose só mostra como sua adaptação está boa, seja com os companheiros de banda ou com o público, que ainda lota as apresentações. Todos num tipo de revival dos anos 1990.

“É incrível. E eu Axl nos damos maravilhosamente bem! Ele está se tornando um amigo muito próximo e conversamos quase que diariamente. Ele tem sido um dos desgraçados mais bacanas que conheço”, confessou, sem medo, e foi além: “Eu o conheci há mais ou menos uns 15 anos. A Sharon Osbourne (esposa e empresária de Ozzy) foi quem nos apresentou”.

Rasgando seda para o nosso continente, DJ mostrou se sentir bem quando na América do Sul, onde o Guns começou as suas turnês de 2014 como lembramos acima.

“Não sei a razão, só sei que a banda realmente adora tocar na América do Sul porque os fãs, você sabe, são tão maravilhosos! A paixão e a lealdade que eles têm com a banda, e sempre tivemos ótimos momentos no Brasil. É um lugar muito legal pra ir e começar a turnê”, disse.

E, sobre a terceira vez que vem ao Brasil…

“Estou ansioso! A terceira vez é a que vale (risos). É como eu disse, o que pensamos quando o nome Brasil vem à cabeça é a paixão (que vocês têm). Quando olho na plateia as pessoas têm lágrimas nos olhos. Eles sentem cada nota. Cantam cada nota, mesmo que seja em um outro idioma. Eles são tão apaixonados pelas letras que o Axl canta e pela música que tocamos. Para mim, é realmente algo que coloca o meu coração pra fora, de um jeito legal. É algo que eu digo ‘Nossa!’. Há muitos, muitos, muitos anos eu luto como músico, mas faria tudo de novo amanhã para ver e sentir tudo isso de novo. É irresistível. É a coisa mais impressionante de todas”, derreteu-se.

Ele que já compôs, tocou e produziu no meio musical, teve também carreira solo na qual lançou três discos. Além disso, teve e tem projetos paralelos, como a banda Beautiful Creatures e a Sixx:A.M., na qual também toca bateria em parceria com o baixista do Mötley Crue, Nikki Sixx, e o guitarrista, vocalista e produtor James Michael.

Mas e aí, DJ, você tem 41 anos e está NESTA banda. Como é?

“Sim, penso que a minha carreira está apenas começando. A coisa legal de estar no Guns é que você acaba conhecendo um público totalmente diferente. Você sabe, o Guns N’ Roses é realmente o meu objetivo e é uma honra fazer parte dessa banda lendária, e uma honra fazer parte da história da música. É uma coisa muito, muito legal”, contrapôs ao fato de ter outros projetos.

Como a entrevista foi feita antes de sua chegada ao país, perguntamos para ele se teria coisa nova rolando nos shows. Música mesmo. O grupo, que já se apresentou em Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro tocou uma canção nova. Na real, é um solo de DJ, que disse que é sim possível trazer mais coisa ainda não escutada por ninguém.

“Eu escrevi alguns solos novos para essa turnê chamada La Bella Vita (assista abaixo), e eu espero tocá-la. Claro, sempre somos cheios de surpresas e levaremos convidados surpresas. Mas não vamos estragar a surpresa. Será legal e é legal não saber antes”, finalizou.

Veja mais fotos de DJ na galeria acima!

SERVIÇO: 

Guns N’ Roses
Quando: 28 de março, às 22h
Onde: Parque Anhembi (Avenida Olavo Fontoura, 1209 – Santana)
Quanto:
Paradise City – Budzone (Lote 2* / inteira) – R$ 580
Paradise City – Budzone (Lote 2* / meia-entrada) – R$ 290
Pista (Lote 1* / inteira) – R$ 270
Pista (Lote1* / meia-entrada) – R$ 135
Pontos de venda:
– Internet: www.ingressorapido.com.br
– Call-center: 4003-1212 (de seg a sex, das 9h às 22h)
– Ponto de Venda (sem Taxa de Conveniência)
Teatro Tuca – Rua Monte Alegre, 1.024, Perdizes .De terça a sábado, das 14h às 19h; domingo das 14h às 18h
Bilheteria (apenas no dia do evento): Anhembi – Rua Olavo Fontoura, s/n – Portão 27, das 9h até o início do show.
Classificação: 16 anos – Menores de 16 anos somente acompanhados dos pais ou responsáveis legai


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