Ego Kill Talent por Vinícius Cerchiari

No dia 19 de março a banda Ego Kill Talent lançou o álbum The Dance Between Extremes. Lançado em 3 partes separadas com EP’S, o trabalho completo foi gravado no estúdio 606 na Califórnia e traz a junção de todas as faixas lançadas nos EP’s.

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Além do rock clássico com a presença de riffs incontestáveis, bateria destacada e um vocal alto e consistente, a banda formada por Theo Van Der Loo (baixo e guitarra), Jean Dolabella (bateria e guitarra), Raphael Miranda (bateria, baixo e guitarra), Niper Boaventura (guitarra e baixo) e Jonathan Dörr (vocalista), apostou também no audiovisual para ampliar o trabalho do The Dance Between Extremes.

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Nos clipe da faixa Deliverance, conhecemos o desfecho da história apresentada nos vídeos “Tommy” – The Call (Chapter 01)” e “Grace – The Call (Chapter 02)”, que expandem a faixa The Call. Nos registros temos contato com a relação de pai e filha de Tomy e Grace e as dificuldades enfrentadas pelos dois ao longo dos anos de amadurecimento.

Em entrevista, Theo Van Der Loo, baixista e guitarrista do grupo, falou um pouco mais sobre os processos de produção do álbum, a influência do audiovisual na banda, o cenário do rock atual e o retorno da banda aos palcos com shows internacionais. Confira toda a entrevista abaixo.

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Daniela de Jesus: Como que a banda surgiu e como foi todo esse início?

Theo Van Der Loo: A banda começou por volta ali de 2014. O Jean era batera do Sepultura, ele saiu e me ligou. Nós temos algumas coisas em comum, moramos em São Paulo mas não somos daqui, eu sou do Rio e ele de Minas. Ele me falou na época se estava em dúvida se continuava aqui ou voltava para Minas, nessa conversa ele perguntou o que eu estava fazendo e nessa época eu não estava tocando muito. Nisso ele falou para começarmos a levar um som. Ali começava a surgir as primeiras ideias do que depois veio a se tornar o Ego Kill Talent, até que teve um ponto que a gente falou, em transformar isso numa banda mesmo, sabe? Porque acreditávamos no material. Um dia o baterista do System of Down estava no Brasil e conhecíamos eles. Eu levei ele para um ensaio nosso e pedi uma opinião, não tinha nem vocal ainda, era só instrumental. E aí ele falou, cara, ó, eu acho que vocês tem potencial pra ser uma banda grande, isso foi um incentivo muito grande, né? Acabamos indo pra cima de escolher um nome, chamamos o Jonathan pra entrar na banda cantando. Lançamos o primeiro disco em 2017 e partimos para vários shows.

D: O The Dance Between Extremes é segundo álbum que vocês gravaram, como foi o caminho que vocês percorreram desde Ego Kill Talent (2017) até esse último?

T: Foi muito show, tocamos a Europa, vários países da Europa, fizemos muito Brasil. Foi muito show, nós formamos  esse último disco na estrada mesmo. Com passagem de som e quarto de hotel, com as ideias e ouvindo íamos desenvolvendo. Quando voltamos da última turnê que decidimos gravar ele, que foi aí que gravamos no estúdio 606, do Foo Fighters. Quando voltamos para o Brasil pegamos um estúdio aqui para ensaiar, fazer uma pré-produção e ficamos em Los Angeles para finalizar. Essa experiência de gravar no estúdio do Foo Fighters foi surreal.

D: Como que surgiu essa oportunidade de gravar no estúdio do Foo Fighters?

T: Foi por conta da turnê que fizemos com eles aqui. No final da turnê, alguém da equipe deles, eu não lembro exatamente quem, mas alguém da equipe sugeriu de gravar no 606. E aí colou, nós chamaram e foi surreal, gravar na mesa de som que era do Sound City, outro estúdio icônico de Los Angeles. Pô, naquela mesa de som, o McCartney já gravou, Metálica, Nirvana e nós gravamos o nosso disco lá também. Então foi bem legal.

D: Como que surgiu a ideia de lançar o disco em três EPs em três partes diferentes?

T: Em 2019, o nosso plano era fazer uma turnê mundial em 2020. Então, o nosso plano era lançar single em março, abril de 2020 e fazer uma turnê com Metálica e o Greta Van Fleet. Depois que as coisas começaram a ser canceladas percebemos que não ia ter turnê. Paramos todos os planos do disco, até que decidimos ao invés de lançar o disco todo de uma vez, fatiar em três lançamentos para lançar coisa nova durante o isolamento. Então também foi bem por causa da pandemia mesmo.

D: E a parte audiovisual dos clipes? Porque tem uma história entre os clipes, como surgiu isso?

T: Nós já tínhamos vontade de fazer alguma coisa nesse sentido assim. De que os clipes se conectassem entre eles, sempre falamos muito nisso, e eu acho que tem uma chance grande de ser algo que vamos sempre estar elaborando. Eu acho que expande um pouco o universo, da banda, do clipe e da música. Dentro da banda temos como se fossem territórios, que integrantes diferentes eh assumem a frente. O Jonathan é um cara muito bom de audiovisual, ele tem uma visão muito boa. Então, quando é clipe jogamos muito na mão dele, ele meio que dirige junto com os diretores. Ele passa para gente a ideia e só falamos ‘Cara, mete bronca’. Então isso foi muito da cabeça do Jonathan, da construção desses personagens e ficamos bem felizes com o resultado.

D: Nós vemos o começo da história e se parece com uma série que já queremos saber a continuação. Você falou que o Jonathan tem muito essa veia do audiovisual, o resto da banda também é ligado com o mundo dos filmes e séries?

T: Eu sou alucinado por cinema e série, é meu passatempo predileto. Semana passada eu revi todos os filmes da Marvel na ordem. No Disney+ tem opção de ver na timeline e eu assisti. Cara, incrível, eu não vejo a hora de assistir “Eternos” que vai sair aí em novembro. Eu sou bem fã. Eu gosto de tudo de um filme cabeça para caramba, de blockbuster de super-herói, filme de terror. Meu gosto para cinema é muito eclético, igual música. Ouço dede Billie Eilish a Gojira. Na realidade, é muito relativo, não dá pra jogar um filme ou uma música pelo estilo, é o artista.

D: Theo, como você vê a cena do rock tanto nacional quanto internacional? Porque se a gente comparar com anos atrás mudou bastante coisa. Então, eu queria saber como que você vê essa cena.

T: Cara, eu acho assim, primeiro temos consciência que estamos em lugar que a maioria da das bandas não estão. Fechamos shows para este ano, estamos fechando 4 turnês fora do Brasil no ano que vem. Eu entendo que estamos em uma posição diferente. Então isso tudo dito, eu acho que assim, eu até dei uma entrevista para um podcast americano que o cara falou ‘Cara esse papo de que é muito difícil ter banda de rock, mas vocês estão em um momento bom, como é isso para vocês?’. Eu costumo falar assim, quando me perguntam isso, qualquer coisa que você decidir fazer na sua vida, em termos de carreira profissional, de trabalho, vai ser difícil. Viver é difícil, ganhar dinheiro é difícil. Então vão ser vários desafios e várias dificuldades, você vai ter que cair e levantar, vai ter que aprender a tomar decisões que te levam onde você quer chegar. Isso é para qualquer coisa que você faça na vida. Viver e prosperar é trabalhoso e ponto, independente do que você escolha fazer. Então isso é o primeiro de tudo, dá muito trabalho ter uma banda de rock, você tem que ensaiar para caramba, tem que se dedicar e muitas vezes você tem que tirar leite de pedra para fazer as coisas tanto de logística quanto financeiramente. Principalmente no início quando você precisa gravar. Em termos de segmento, de outros ritmos terem mais sucesso, o que eu vejo é focar no que você quer fazer. O rock é um mundo gigante, outros ritmos podem ser maiores, mas olha quantos festivais de rock tem no mundo, é surreal. Eu acho que foca no que quer fazer, esse é o real para mim e é isso que eu quero fazer, essa diferença de tamanhos são voláteis. Tem momento que um faz mais sucesso que o outro. Mas fazer com verdade e ralação é o caminho.

D: E como você a renovação da nova cena do rock?

T: Eu vejo com bons olhos, tem muita banda boa que está surgindo. No Brasil tem o Far From Alaska, que faz um som muito foda, o Violet Soda, o Project 46. Tem uma no Rio que se chama Pink Roof, são três meninas e é excelente.

D: Vocês estão confirmados no festival Aftershock, na Califórnia e no Welcome to Rockville, na Flórida. Como está a expectativa de fazer show depois de tanto tempo?

T: Estamos muito felizes, na realidade quando anunciou eu ainda estava meio receoso de que ia realmente acontecer. Na semana seguinte começamos a ver como o Estados Unidos realmente está fazendo eventos, deu uma tranquilidade. Fizemos uma reunião com a parte de imigração e a pessoa que cuida do visto de trabalho falou que ia ser tranquilo. Deu uma alegria danada, sabe? Nem contar em palavras.


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Ego Kill Talent conta sobre a produção do álbum "The Dance Between Extremes"