Já imaginou encontrar o Rodolfo, vocalista do Rodox, no metrô? Pois saiba que isso não é muito difícil, não. Foi assim mesmo que ele e Marcelo chegaram aqui no Virgula, na última sexta-feira, para participar de um chat com os internautas e de uma entrevista para o nosso site. Canisso chegou mais tarde, com seu carro importado. Ah, detalhe que fundiu o motor aqui no estacionamento do prédio. Básico!

Os demais integrantes da banda estavam se preparando para o show que fariam algumas horas depois no Centro Cultural Vergueiro, aqui em Sampa.

Tá bom, tá bom, é claro que a gente perguntou como estava a nova fase do Rodox, com a chegada de Canisso e Marcelo. Para Rodolfo, os novos integrantes deram à banda uma maior harmonia, deixaram-na mais homogênea. Apesar de continuar seguindo o mesmo modelo, de um rock pesado aliado à música eletrônica do DJ Bob, o novo som está mais alinhado. “A parte musical do show está mais coladinha”, afirma o vocalista. Os antigos eram muito bons, mas “agitavam muito”.

Marcelo já chega em defesa da nova banda. O cara, que sempre viveu da música, afirma que o som do Rodox não é uma cópia de outras bandas atuais, como algumas pessoas acusam. Ele diz que o uso de elementos eletrônicos já fazia parte do estilo da banda muito antes de aparecerem Linkin Park e outros gringos. Mas só agora é que se dá atenção para isso.

Tocar novamente com Canisso, três anos depois de deixar o Raimundos, está sendo ótimo para Rodolfo. Foi ele mesmo quem convidou o ex-companheiro para entrar para o Rodox, já que a amizade dos dois não acabou nesse tempo. “Foi coisa de Deus mesmo”, afirma Rodolfo. E completa: “Ele tem um carisma legal e tá feliz. É um recomeço pra ele”. Canisso reitera as palavras do amigo: “Eu não pensava mais em voltar para a estrada. Até que pintou o convite”.

Mas se a relação com Canisso vai às mil maravilhas, Fred e Digão ficaram no passado. “Eles me tomaram como inimigo”, declara o vocalista. Quando saiu do Raimundos, em 2001, Rodolfo foi chamado de traidor. E ele tem uma explicação pra isso: “Eles tiveram de fazer música pela primeira vez na vida”. Mas ele garante que não tem mágoas em relação aos ex-companheiros e diz qual é o seu maior desejo: “Que parem de me associar ao passado”.

A saída do Raimundos foi apenas uma parte da mudança que dominou o músico. Tornar-se evangélico foi a melhor saída encontrada para livrar-se da drogas. Pelo menos é o que ele acredita: “Eu era muito louco. Tinha minhas drogas e a minha mulher tinha as dela. Quando a gente se juntou, os dois levaram as drogas e a casa ficou aquela bagunça. A gente brigava demais. O clima estava muito carregado. Umas amigas dela resolveram fazer alguns cultos em casa, mas eu sempre dava um jeito de fugir. Até que um dia eu fiquei e gostei. Foi coisa de Deus”. Agora, o cara sai com a mulher pelo país para contar as suas experiências e tentar ajudar outras pessoas.

A dedicação à Igreja é quase integral. Até o gosto musical mudou. “Só ouço música gospel”. E nem rock ele curte mais. Mudou mesmo!

Rodolfo é enfático ao declarar que sofreu muito preconceito ao mudar de religião e transmitir uma mensagem diferente. Ainda sofre, aliás. Para Canisso, porém, a mudança da mídia na abordagem do tema teve de mudar. Se no começo a imprensa nem dava atenção, com o tempo não teve mais como fugir da realidade que todos já conheciam.

Pois é, a mudança total chegou aqui e parou. Mas antes de acabar a matéria, vamos dizer qual foi a pergunta mais citada durante o chat (sem brincadeira, no mínimo umas três vezes). De onde saiu o nome Rodox? Bom, esse era um apelido de adolescência de Rodolfo e a gravadora achou que utilizá-lo seria a melhor maneira de associar a banda ao ex-vocalista do Raimundos. Respondido? E que não perguntem mais, heim! Porque eles já cansaram de responder.


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Entrevista com Rodolfo, vocalista do Rodox