Sónar São Paulo


Créditos: gabriel quintão

A receita para fazer um bom festival é muito simples, basta uma misturar uma excelente infraestrutura, um som redondo, um line-up recheado de atrações de peso e um público animado. E foi essa fórmula, geralmente ignorada pelas produtoras de eventos de grande porte no Brasil, que o Sónar São Paulo 2012 cuidadosamente seguiu à risca.

Em 2004, intitulado Sonarsound São Paulo Nokia Trends, o evento teve sua primeira edição na capital paulista, abrigado pelo Instituto Tomie Ohtake e com shows de nomes como Matthew Dear, Jeff Mills, Prefuse 73 e François K. Oito anos depois, com o mercado nacional inflado por renomados festivais mundiais, o Sónar SP fez uma digna reestreia na noite desta sexta-feira (11).

“Quem não tem Björk, vai de Kraftwerk mesmo”, comemora o estudante Alysson Souza, que veio de Recife para acompanhar o evento. “É minha primeira vez em São Paulo, e também minha primeira vez em um grande festival. Estou muito satisfeito com a estrutura. Está tudo bem organizado”, elogiou.

“Compramos o ingresso para os dois dias assim que soubemos que Björk estava no line-up, mas ela cancelou”, esclarece o também pernambucano João Albuquerque. “Fiquei triste pelo fato dela não vir mais, mas o festival conseguiu em menos de uma semana encontrar outra grande atração para o lugar da Björk”, completou o estudante. “A única coisa ruim é o preço da cerveja, está muito cara”, brincou Alysson.

Uma boa estrutura, um bom festival

Não foram apenas os amigos pernambucanos que elogiaram a infraestrutura do evento. Nada de banheiros químicos, bebedouros de água gelada espalhados em pontos estratégicos, pequenas filas para comprar fichas nos caixas, e quase nenhuma para pedir refeições que variam entre temakis, massas e lanches.   

Por outro lado, a falta de sinalização deixou o público confuso. Poucos mapas foram distribuídos na entrada e placas indicativas para os palcos eram raras, obrigando a multidão a caminhar sem necessidade em meio ao enorme espaço do Parque Anhembi. Quem se atrasou por conta do caótico trânsito de São Paulo e precisou trocar vouchers por ingresso na bilheteria, enfrentou uma gigantesca espera.

“Fiquei duas horas na fila. Comprei pela internet exatamente para ser um pouco mais cômodo e acabei perdendo o show que mais queria ver, o Kraftwerk”, conta a dentista Fabiana Assunção. “Foi muito tempo esperando para conseguir deixar meu carro no estacionamento, depois para pegar minha entrada. Considero isso uma falta de respeito, mas agora consegui entrar, quero vou aproveitar”, brincou.  

Música boa, público animado

“Esse cara que está agora no palco, o James Blake. Ele me surpreendeu, não esperava um som tão bom”, comenta o designer Vinicius Grego. “Comprei ingresso para os dois dias. Estou ansioso para ver o Kraftwerk 3D, Chromeo, Little Dragon e o Skream. As atrações são incríveis e estou muito animado”.

Após o britânico James Black animar o público que chegava ao local com uma sonoridade minimalista, acrescida de toques de soul music e agradáveis texturas.  Uma onda de energia tomou conta do Sónar Club, em minutos a multidão sacou os óculos de visão 3D distribuídos na entrada, que transformou o espaço em um grande cinema – só que ao contrário.

Então, um dos nomes mais renomados da música alternativa sobe ao palco para delírio do público. O Kraftwerk apresentou um show quase igual ao que fez no Brasil em 2009, no Just a Fest, quando abriram para o Radiohead. Apesar disso, os efeitos visuais arrancaram aplausos e gritos da plateia.

“Isso é sensacional. Amo esses caras. Vi esses show três vezes, mas esse foi o mais especial”, conta o publicitário carioca Ronaldo Abrantes. “Estou muito feliz por poder presenciar esse momento. É um show exclusivo, que só foi feito em Londres”, completou, mas sem retirar suas “lentes mágicas”.

Enquanto isso, do lado de fora do Pavilhão Anhembi, alguns ‘entediados’ procuravam outras atrações. “Eles não mudaram nada do show. É o mesmo que fazem um milhão de vezes. Estou cansada, agora vou dar um pulo no Criolo”, reclama a paraense Carolina Brandão.

Prejudicado pela concorrência de outros grande nomes que se apresentavam ao mesmo tempo que ele, o rapper Criolo mostrou com muita energia, e para um público animado, os hits de seu álbum de canções Nó na Orelha, além de faixas do disco Ainda há Tempo.

“Viu só? Aqui está muito mais legal. Esse cara é muito bom”, brincou Carolina. Para um anfiteatro parcialmente cheio, Criolo declamou sua versão do clássico Cálice, de Chico Buarque e aproveitou para dizer que “música boa, é música independente”.  

Na sequência, DOOM, Little Dragon, o também rapper Emicida e o produtor Hudson Mohwake, dividiram o público entre os palcos do Sónar SP, enquanto outros – assim como eu – aproveitavam para descansar, ir ao banheiro e forrar o estomago.  

Para encerar a noite, nada melhor do que um duelo de titãs. Os DJs brasileiros Marky e Patife mostraram a força do drum’n’bass nacional, revivendo o gênero e animando o pouco público que não sucumbiu à maratona e ainda estava firme no Parque Anhembi.

O Sónar São Paulo continua neste sábado, com abertura dos portões às 16h.

SERVIÇO: SÓNAR SÃO PAULO

Quando: 12/5 (sábado, das 15h às 5h)
Onde: Parque Anhembi (Rua Olavo Fontoura, 1209 – Santana/SP)

Ingressos:
3º Lote
Inteira (para um dia): R$250
Meia (para um dia): R$125
A compra de ingressos na bilheteria do evento funcionará das 12hs às 04hs.


int(1)

Festival Sónar SP tem reestreia aclamada, com bons shows e grande infraestrutura