HOLLYWOOD/SÃO PAULO (Reuters) – Cancelado em 2001 por causa dos atentados de 11 de setembro, o 3o Grammy Latino voltou a acontecer em Los Angeles na quarta-feira com pinta de prêmio hollywoodiano e com o espanhol Alejandro Sanz como o favorito da noite pelo segundo ano consecutivo.

Sanz, que no ano passado conquistou quatro gramofones, venceu desta vez as categorias de álbum do ano, gravação do ano e canção do ano com a faixa “Y Solo Se Me Ocurre Amarte” e o disco “MTV Unplugged”.

“Estou um pouco envergonhado por tirar este prêmio de Celia Cruz”, afirmou Sanz ao aceitar a estatueta de álbum do ano. “Ganhar duas vezes em seguida é muita coisa.”

O brasileiro Ivan Lins, que concorria com Sanz nessa categoria pelo trabalho “Jobiniando”, deixou o Kodak Theatre, que também foi sede do Oscar em março passado, de mão vazias.

Sua performance, porém, foi uma das mais aplaudidas da festa, que teve ainda shows de Thalía, Juanes, Santana e P.O.D, entre outros.

Lins iniciou a apresentação brasileira com “Bossa do Avião” ao piano. Em seguida foi a vez do grupo Bossacucanova e de Roberto Menescal despejarem “Garota de Ipanema” que, além da participação de Lins, teve um trecho cantado em inglês.

A cubana Celia Cruz, 77, era uma das prediletas da noite em função do conjunto de sua carreira e por ser um dos nomes mais respeitados da música latina no mundo, mas acabou conquistando apenas o prêmio de melhor álbum de salsa.

BRASILEIROS

O rap nacional dos grupos Nocaute e Camorra também ficaram sem a estatueta, que acabou sendo concedida ao porto-riquenho Vico C na categoria de melhor álbum de rap/hip hop por “Vivo”.

Em prêmios menos expressivos, Xuxa ganhou a categoria de melhor álbum infantil por “Xuxa Só Para Baixinhos vol. 2”, enquanto o padre Marcelo Rossi venceu a disputa de melhor álbum de música cristã com “Paz — Ao Vivo”.

Na premiação que homenageia apenas artistas brasileiros, Lenine venceu o principal prêmio de melhor álbum pop contemporâneo brasileiro com “Falange Canibal”.

O disco “Acústico MTV, de Cássia Eller, foi eleito o melhor álbum de rock; Zeca Pagodinho conquistou a categoria de melhor álbum de samba/pagode por “Deixa a Vida me Levar”.

Chico Buarque e Edu Lobo venceram a disputa pelo melhor álbum de MPB com “Cambaio”, e Gilberto Gil ficou com a estatueta de melhor álbum de raízes brasileiras com “São João Vivo”.

CERIMÔNIA PRODUZIDA

O 3o Grammy Latino, que foi transmitido ao vivo pelo SBT com comentários de Marília Gabriela e do músico e produtor João Marcelo Bôscoli, começou com a apresentação de “Celos”, por Marc Anthony. Em seguida veio o dueto do roqueiro colombiano Juanes com a cantora pop Nelly Furtado e a enérgica performance da mexicana Thalía com “No Me Ensenaste” em um palco cheio de pirotecnia.

Carlos Santana e os metaleiros da banda P.O.D. cantaram a canção inédita “America”, do próximo álbum de Santana ainda sem data de lançamento.

A cerimônia ainda teve presenças de peso, como as atrizes Jennifer Love Hewitt (de “Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado) e Leah Remini (do seriado “The King of Queens”), além do Backstreet Boy Nick Carter e do ‘NSync Justin Timberlake como apresentadores.

Gloria Stefan comandou a premiação ao lado do ator Jimmy Smits. Sempre elegante, a cantora, que no ano passado havia protestado contra a mudança da festa de Miami para Los Angeles, voltou a se mostrar como a principal representante da comunidade musical latina nos Estados Unidos.

O Grammy foi transferido de Miami pela Academia Latina de Artes e Ciências de Gravações (Laras, na sigla em inglês) por medo de violentos protestos anti-Fidel Castro e contra artistas cubanos participando da cerimônia. PROTESTOS PRÓ-CUBANOS Um grupo de manifestantes se uniu do lado de fora do Kodak Theatre para protestar contra o fato de Washington ter negado o visto para os artistas cubanos indicados entrarem nos Estados Unidos. Durante a premiação pré-televisiva, Jorge Moreno, vencedor da categoria artista revelação, lembrou que, apesar da alegria de fazer parte da festa, as questões políticas não podem ser esquecidas.

“Não acho que política e música se misture, mas entendo que muitas pessoas ainda se sintam machucadas por tudo o que Fidel Castro fez. Consigo entender os dois lados da questão”, afirmou Moreno, um descendente de cubanos radicado em Miami.

Para ser indicado ao Grammy Latino em uma das 41 categorias, um álbum precisa ser 51 por cento produzido em espanhol ou português.

Assim como no ano passado, os indicados eram em sua maioria inovadores e menos conhecidos do grande público, refletindo uma diversidade de nações e culturas latinas e hispânicas.


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Grammy Latino volta com pompa hollywoodiana