O artista Guardiano lançou na sexta-feira (03) o álbum “Lokomotiva”. No disco, o artista traz influências da MPB e Folk para uma viagem de trem em que ele reflete sobre diferentes momentos de sua vida. Em entrevista, o artista deu mais detalhes ao Virgula sobre a produção do novo álbum.

PUBLICIDADE

Entre os altos e baixos presentes na vida, e nas viagens, o artista conta sobre momentos mais introspectivos ao passo que celebra conquistas e novas descobertas. A sonoridade traz a presença da viola caipira, do rock psicodélico e também da MPB, a influência desses ritmos criam identidade de “Lokomotiva”.

O álbum conta com a produção musical de Francisco Romaro, enquanto o clipe do single “Lokomotiva” traz a direção de Alex Kim.

PUBLICIDADE

Em entrevista ao Virgula, Guardiano revelou alguns detalhes sobre a produção do álbum. Confira.

Como surgiu a ideia do álbum e como foi o processo de produção?

PUBLICIDADE

Guardiano: O álbum é resultado de um mergulho dentro da minha própria vida, resgates de sonoridades que me alegram, desabafo em tempos de isolamento e acima de tudo, expressão genuína do que sou, penso e sinto. É tão pessoal, que pode inspirar as pessoalidades de outras pessoas, em um desejo sincero de sintonia. 9 das 10 músicas foram escritas durante o isolamento, em um período que compus quase que diariamente para manter a mente nos trilhos. Existiu um processo muito orgânico junto ao meu produtor e parceiro musical Francisco Romaro (Single Mama studio), que foi fundamental nas composições sonoras do álbum, em um talento de mestre em lapidar os timbres e arranjos. Tive a felicidade de também reservar boa parte do meu tempo para estudos de novos instrumentos e sonoridades, e usufruir desse laboratório para criar uma atmosfera de início, meio e fim para a história que é Lokomotiva.

Guardiano, o álbum conta com uma grande influência do folk, mas também tem a interação de outros ritmos como rock e MPB. Quais foram os principais artistas e álbuns que inspiraram a sonoridade do “Lokomotiva”?

Guardiano: Lokomotiva é um álbum com muita influência brasileira. É costume pensar na música “folk” como algo estritamente americano, eu penso que existem tantas vozes brasileiras que eu pessoalmente classifico como Folk, um exemplo é “Tião Carreiro e Pardinho” com a viola caipira e as letras que falam sobre natureza e a vida. Penso que é necessária muita sensibilidade para enxergar a beleza da simplicidade da natureza, pois é o que somos em essência, e esse é um exemplo do que é a inspiração de músicas como: “Cancioneiro”, “Colibri”, “Aurora” e “Viva!”. O que se mistura a essa brasilidade é a psicodelia de Mutantes, a ousadia de Raul Seixas, a simplicidade e alegria da música caipira.

Nas faixas você fala bastante sobre passado, futuro e a certeza do presente. Nesse papo de viagem, o que você mais sente falta do passado, o que mais espera do futuro e com o que você está satisfeito no agora?

Guardiano: Ao passado, reservo a saudade da inocência da descoberta, da curiosidade pela vida e a conversa espontânea entre amigos. Ao futuro, os frutos da plantação do presente, os aprendizados dos tempos tempestuosos e a leveza dos bons momentos. Ao presente, apenas gratidão. Não se chama presente por acaso.

Sobre o clipe de “Lokomotiva”, como surgiu a ideia?

Guardiano: Durante a pandemia, em uma oficina de teatro online (improclube, um abraço) conheci um diretor de vídeo genial, que é o Alex Kim. Eu havia acabado de lançar “Presente” (2020) e o Kim disse o seguinte “quando você lançar seu próximo trabalho me chama, quero trabalhar contigo!” E assim chegou a vez de Lokomotiva, a gente tinha pouco recurso, mas muita vontade de produzir algo psicodélico, e com um projetor e alguns bastões de luz, produzimos um clipe fantástico! O resto foi apenas interpretação, suor e whisky.

“Lokomotiva” é como se fosse uma viagem de trem, as faixas nos levam para diferentes cenários. Para você, qual é o destino da viagem de “Lokomotiva”?

Guardiano: Em uma viagem pra Argentina com minha esposa Isabela, tomamos um trem. E nas nossas conversas, ela brincou com o barulho que o trem fazia, “tchu tchu” eu respondi fazendo um outro barulho que não vou saber escrever, mas era semelhante ao das rodas sobre os trilhos. Fiquei com esses sons na cabeça e comecei a pensar no que daria pra fazer uma música com um barulho de trem, e que tipo de letra isso daria. Assim veio Lokomotiva, não é como a vida? Vem de pressa, a gente quando menos espera tá no meio dela, e quando se deu conta já foi. Ou está sendo. Foram esses trilhos que me levaram ao conceito do álbum, em contar uma história como com quem tivesse embarcado em um vagão, encostando sua cabeça sobre seu assento, olhando a paisagem pela janela….e se deixando levar por todas sensações, sonoridades e cenários que aquela viagem vai te levar. O destino do que essa Lokomotiva vai levar cada ouvinte, eu estou curioso pra descobrir. Pois garanto que em seus trilhos, como uma montanha russa, vão se passar muitos sentimentos. Mas o que desejo, é que quando acabe, fique o sabor de ter levado algo bom de mim e o entusiasmo de um breve retorno. Viva! Até breve!


int(1)

Guardiano se inspira nas viagens de trem no álbum “Lokomotiva”