Lira

Lira, em foto de Caroline Bittencourt

José Paes de Lira, o Lirinha, além de músico, é um poeta e ator nato. Aos 12 anos, se lançou como declamador de poesia em Arcoverde, Pernambuco. Em 1997, idealizou e construiu o espetáculo cênico musical Cordel Do Fogo Encantado. Com o grupo alcançou sucesso nacional e lançou os álbuns Cordel do Fogo Encantado (2000), O Palhaço do Circo sem Futuro (2002), Transfiguração (2006).

Mas Lirinha quis ir além do sertão e passou a se interessar por outras referências, como “literatura fantástica e a poesia mística persa e John Cale”, apenas para ficar entre algumas citadas na conversa com o Virgula. Em 2011, apresentou seu primeiro disco solo LIRA, em que dialogava com música contemporânea. Em O Labirinto e o Desmantelo, lançado em maio, ela mostra-se ainda mais disposto a mergulhar na eletrônica psicodélica em um disco com produção de Pupillo, do Nação Zumbi.

Mesmo estando em outro momento, no entanto, Lira não renega o passado. “Aprendi a compor no Cordel”, afirma. “Amor e respeito máximo por essa fase”, completa. Se liga na nossa conversa com o ícone pernambucano.

Ouça o disco O Labirinto e o Desmantelo:

É difícil ver um artista que se preocupe em fazer letras elaboradas hoje em dia, acha que a canção está morrendo?
Lira – Não acredito na morte da canção, acredito na transformação. E acho que essa sensação hoje em dia se deve ao alto ponto de elaboração das canções ( poesia + melodia ) feitas até a década de 80. O que restou pra nós foi o grande desafio de fazer novas canções depois de tudo que já foi feito. Um grande desafio.

O disco está bem eletrônico. Por que buscou essa sonoridade?
Lira – Venho, desde o meu primeiro disco solo onde escrevi uma música chamada Eletrônica Viva, ouvindo e vivenciando fundamentos da música eletrônica. Tenho muita atração pela música psicodélica quando cruzou com os primórdios da eletrônica.

Que outros nomes da nova música brasileira mais gosta e indica?
Lira – Céu, Vitor Araújo, Guri Assis Brasil, Jonnata Doll e os Garotos Solventes, Nação zumbi, Emicida, Cidadão Instigado…

E da música mundial?
Lira – 
Black Keys, Devendra Banhart, Seu Jorge, James Blake…

Se imagina hoje fazendo música baseada em cultura popular como na época do Cordel?
Lira –  Continuo fazendo música e poesia como na época do Cordel. E o Cordel do Fogo Encantado era música inventiva, não era a música que escutávamos no sertão. Essa música não existia antes do grupo fazer mas se tornou símbolo de uma região depois de feita. O Cordel era um espetáculo que nasceu no teatro, um cênico musical. No começo eram 40 minutos de poesia falada e 30 minutos de música, fomos virando uma banda na estrada. Aprendi a compor no Cordel do Fogo Encantado. Amor e respeito máximo por essa fase.

O que mudou no seu processo de composição entre 2011, quando apresentou seu primeiro disco solo LIRA e agora em 2015
Lira – Hoje componho a música dos meus sonhos e a poesia também se tornou mais pessoal.

Teve alguma referência de sonoridades ou temáticas em O Labirinto e o Desmantelo que só percebeu que estava lá depois que o disco estava pronto?
Lira – Sim, na temática a literatura fantástica e a poesia mística persa. Na sonoridade, o último disco de John CaleShifty Adventures in Nookie Wood (2012).

SERVIÇO

O Labirinto e O Desmantelo
São Paulo – 20 e 21 de Junho
Duração: 1h40
Datas: 20 e 21 de Junho de 2015 (sábado e domingo)
Horário:
Local: Caixa Cultural São Paulo
Endereço: Praça da Sé, 111 – Centro – São Paulo/SP
Telefone: (11) 3321-4400
Classificação Indicativa:
Entrada franca (os ingressos poderão ser retirados na bilheteria com uma hora de antecedência)
Lotação:
Acesso para pessoas com deficiência.

Rio de Janeiro – 26 e 27 de Junho

Duração: 1h40
Datas: 26 e 27 de Junho de 2015 (sexta-feira e sábado)
Horário: 19h
Local: Caixa Cultural Rio de Janeiro – Teatro de Arena
Endereço: Av. Almirante Barroso, 25, Centro (Metrô: Estação Carioca)
Telefone: (21) 3980-3815
Classificação Indicativa: livre
Ingressos: R$ 20 e R$ 10 meia – à venda no local.
Além dos casos previstos em lei, clientes Caixa pagam meia.
Lotação: 226 lugares (mais 4 para cadeirantes)
Acesso para pessoas com deficiência
Patrocínio: Caixa Econômica Federal


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Lirinha se aproxima da eletrônica psicodélica, mas não renega Cordel Do Fogo Encantado