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“Se as pessoas puderem se sentir lindas, empoderadas, confiantes, felizes e seguras ouvindo minha música, então eu atingi meu objetivo”, diz Maia Reficco, que aos 20 anos se lança nesta missão ao estrear como artista solo, com uma faixa co-escrita por ela mesma.

Ao lançar o single “Tuya”, Maia deixa para trás Kally Ponce, personagem da série da Nickelodeon “Kally’s Mashup” que marcou sua carreira. A faixa foi escolhida exatamente por ter sido a primeira música escrita pela cantora neste novo capítulo – e a que mais refletia quem é Maia atualmente.

“Eu escrevo canções desde que eu tinha uns 15 anos ou até menos. Então tenho muitas músicas meio que [guardadas]. E ‘Tuya’ foi a primeira canção que parecia com a Maia em uma música”, explicou ao Virgula durante um bate-papo feito pelo Zoom. “Foi muito bonito ter a sensação de que era aquilo que eu estava procurando”, completou.

A cantora ressaltou ser extremamente transparente: “se a canção não for genuína, vai dar para saber”. Então ela entrega aos fãs um pedaço autêntico de suas vivências.

Com o cabelo preso em um rabo de cavalo despojado, pouca maquiagem e um sorriso no rosto desde o momento que entrou na chamada de vídeo, Maia mostrou que o “genuíno” não é só uma promessa. Ali, conversando com a reportagem, estava a cantora que acabou de debutar, a jovem de 20 anos que ainda transita entre ser criança e  adulta, que parece estar sedenta por mudanças e uma revolução feminista, e que além de ouvir Paloma Mami sem parar, também é obcecada pela trilha sonora de “Hamilton”. Tudo isso é Maia Reficco, não Kally.

E por mais que a separação seja difícil – e a artista tem descoberto que fica ainda mais conforme prossegue – ela também é recompensadora. A artista tem consciência de que leva consigo o público jovem conquistado na Nickelodeon e que isso traz uma grande responsabilidade.

Durante a conversa, Maia falou sobre os pedidos pela terceira temporada de “Kally’s Mashup”, suas maiores inspirações, novidades sobre o EP e o peso de ser uma mulher latina na música. Ah, e ela mandou um recado especial para os fãs brasileiros que você confere abaixo:

Virgula: Na Nickelodeon seu público era majoritariamente infantil. Como você separa a artista Maia, que é uma adulta agora, da sua personagem Kally?

Maia Reficco: É muito difícil. Acho que tenho descoberto que fica mais difícil conforme vou prosseguindo. É definitivamente complicado, mas ao mesmo tempo, é recompensador porque são crianças, e crianças são o futuro. Sei que tenho uma plataforma direcionada a elas e fico esperançosa com o que posso dizer, claro que de um jeito muito respeitoso. Há diversas coisas que preciso considerar, pois em muitas ocasiões estou me comunicando com crianças. Mas vejo isso como uma responsabilidade.

E sobre separar a Kally e Maia, acho que é a coisa mais difícil. É complicado até para mim, então imagina para o público que só ouviu uma música da Maia. Estou tentando separar aos poucos. Talvez eu faça alguma coisa voltada para a Kally para finalmente finalizar a série. Porque ainda estão pedindo pela terceira temporada e tantas outas coisas que são lindas, mas eu sou a Maia agora.

V: Como você se descreveria como artista?

MR: Acho que a [artista] Maia é basicamente eu cantando. Tento me enxergar como artista da forma mais genuína e transparente possível. Tento ser eu e não montar uma persona. Porque é o que sempre digo: sou muito transparente. E se não é genuíno, é impossível.

Sou uma pessoa muito intensa. Gosto de sentir as coisas com intensidade, sou muito apaixonada. Essa paixão é direcionada para minha música e para o assuntos que estou compondo. Então a artista Maia é essencialmente uma pessoa de 20 anos, que canta R&B com trap.

V: Qual é a mensagem que você quer passar para o público com sua estreia como artista solo?

MR: Sinto que ao ter uma plataforma, vem uma grande responsabilidade. Ainda mais sendo uma mulher e passar pelo que mulheres passam diariamente. Então para mim era muito importante estar em um estado mental que eu pudesse expressar o que eu queria. Antes, sentia que era uma criança – e ainda sou, tenho 20 anos – mas queria estar confortável para contar minha história e dizer às meninas o que eu gostaria de ter ouvido quando estava crescendo. Se as pessoas puderem se sentir lindas, empoderadas, confiantes, felizes e seguras ouvindo minha música, então eu atingi meu objetivo

V: Quais são os próximos passos? Podemos esperar um EP?

MR: Sim! Quero me apresentar aos poucos para as pessoas que têm me acompanhado, e que estão sendo muito carinhosas e incríveis. Ainda este ano vou lançar mais um single e o próximo sairá no começo do ano que vem. Há também um EP em breve e depois volto a atuar. Ano que vem trabalharei com algo que me deixou muito animada, é um projeto* muito legal. O elenco é incrível, sou amiga da maior parte dos atores, muitas pessoas os conhecem, então acho que ficarão animadas também.

*O projeto será em espanhol, fica a dica!

V: Quais artistas te inspiram atualmente?

MR: Toda vez que respondo isso falo algo diferente [risos]. Sempre há artistas diferentes influenciando as diversas fases da minha vida. Agora eu diria que amo cantoras que não têm medo de serem elas mesmas. Como
Billie Eilish, Rosalía, Paloma Mami, Ariana [Grande]… Essas artistas abriram espaço para as mulheres. Tipo a Madonna, que abriu caminho para as mulheres fazerem o que quiserem, se vestirem para se sentirem sexy sem que as pessoas as sexualizassem e objetificassem constantemente. Porque Madonna, Christina [Aguilera], essa geração de mulheres abriu caminho para nós. Então me inspiro em todas elas.

V: Como uma jovem, mulher e cantora, a sexualização é algo que te assusta?

MR: É terrível. Como mulher, é algo que todas nós passamos todos os dias. Qualquer coisa que visto está sujeita a opiniões, “o que a fez vestir isso? É porque atrairia atenção?” E ao fazer música você se expõe ao público e sabe que isso vai acontecer. É muito frustrante porque se eu visto algo é porque quero, e não porque vai ser mais atraente para o público masculino. Honestamente, é triste. Está melhorando, por exemplo, eu era mais sexualizada no início da minha carreira como Kally. Eu postava uma foto de biquíni e tinha mais comentários do que no meu clipe. Então está melhorando, a juventude tem ganhado consciência, então me dá esperança. Essa geração vai trazer a revolução à vida.

Mas ainda acontece – e acontece todo o tempo. Não posso andar na rua sem me sentir desconfortável, e isso parte meu coração. E como mulher, sinto uma grande responsabilidade ao estar sob o holofote e ter crianças, meninas, me assistindo e escutando o que tenho a dizer.

V: Você sente que tem mais responsabilidade do que um homem da sua idade só por ser mulher?

MR: Sim. Homens precisam lidar com várias questões, têm uma série de coisas para falar, mas como uma mulher latina, nascida e criada em uma cidade predominantemente branca dos Estados Unidos, sinto que tenho a responsabilidade de defender as garotas. Na mídia tradicional nunca vi alguém como eu quando estava crescendo. E um homem branco já se viu bastante em outros homens brancos na mídia.

Isso cria uma responsabilidade de ser fiel a quem sou como mulher, a minha raiz latina. Acredito na frase “seja a pessoa que você queria ter visto quando estava crescendo”. Por isso acredito que seja uma grande responsabilidade.

As comunidades latina e negra têm agora uma boa chance de reconquistar o espaço que sempre merecemos, mas que foi tirado de nós.

V: Quais são as três músicas que você não para de escutar atualmente?

MR: Eu amo essa pergunta porque sou muito ruim em respondê-la. Porque minhas músicas vão da trilha sonora de “Hamilton” a… Não sei, é muito aleatória.

Mas diria “Goteo”, da Paloma Mami, “My Future”, da Billie Eilish, e “The Schuyler Sisters”, da trilha sonora de “Hamilton”, pronto, falei! Vou admitir porque sou obcecada.

V: Qual é a sua mensagem para os fãs brasileiros? 

MR: Oi, Brasil! Aqui é a Maia e eu quero agradecer pelo seu amor. Eu amo muito vocês, é a única que sei dizer [em português]. Amo vocês, sou muito grata, muito obrigada. Espero que gostem de “Tuya”, stream em todas as plataformas, o clipe está no YouTube e eu sou Maia Reficco em todas as redes sociais. Amo muito vocês, mal posso esperar para ir até aí e vê-los pessoalmente, especialmente fazer um show… Amo vocês. Obrigada por todo seu amor e apoio, é insano e eu sinto isso. Obrigada!

Maia Reficco

Cantora estreia como artista solo com single
Cantora estreia como artista solo com single "Tuya"
Créditos: Divulgação

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Maia Reficco dá difícil adeus a 'Kally's Mashup' ao se jogar em carreira solo