Tawiah

O Jazz Re:freshed surgiu como evento semanal de música ao vivo em Notting Hill, Londres. Depois, expandiu-se para organizar um festival de jazz anual e apoiar festivais, incluindo Glastonbury, SXSW e AFROPUNK International.

Hoje, eles são uma gravadora, produzem uma revista anual, tem sua própria gama de vestuário, lançaram um clube de cinema atualmente tem programas de desenvolvimento voltado para a educação em  escolas, faculdades e universidades.

Nós falamos com Justin “TopRock” Mckenzie, uma das duas cabeças do Jazz Re:freshed, diretor criativo e Co-Chief Executive.

Atração da Semana Internacional de Música de São Paulo, na quinta (6), ele vai estar no Pitch Breakfeast UK Jazz Re:freshed Outernational, no Centro Cultural São Paulo.

Sexta, no Jazz nos Fundos, na noite UK Jazz re:freshed Outernational apresentam-se nomes da cena inglesa como Tawiah, Project Karnak, AWATE, KOKOROKO a paulistana Drik Barbosa, o carioca radicado em São Paulo Kastrup, com participação de moçambicana Selma Uamusse também estão na escalação.

Leia nossa entrevista com Justin “TopRock” Mckenzie em que ele fala da cena UK Jazz progressiva, música brasileira, influência da música brasileira e política cultural:

Que características você considera mais importante a destaque da cena musical com o qual você está envolvido?
Justin “TopRock” Mckenzie – Eu acho que a energia e a coragem dos músicos e a música que eles estão criando, seja ao vivo ou gravado, são as maiores características da cena jazz no Reino Unido. Também a energia e o entusiasmo dos públicos do Reino Unido, uma grande mistura de jovens e “não tão jovens”.

Que características diferem da nova música instrumental dos grandes heróis do passado?
Justin – Musicalmente, eu acredito que a nova música está alinhada com o espírito dos grandes nomes e continua a linhagem dos grandes, de ultrapassar fronteiras e desbravando novos caminhos.

Eu acho que a tecnologia que foi disponibilizada ao longo dos últimos anos, tem permitido à geração atual ignorar antigos esquemas que restringiram a diversidade de som, até certo ponto, que agora deu-lhes mais oportunidades para apresentar o seu trabalho diretamente ao público, sem filtros.

Isto permitiu a eles serem mais livres para expressar seu próprio som e da maneira que escolhem, ao invés de sentir que eles tinham que seguir na linha de um certo som a fim de ser ouvido.

O que é mais interessante na música hoje, na sua opinião?
Justin – Eu não tenho certeza quanta diferença há nas músicas sendo criadas em relação ao que estava sendo criada antes, mas eu diria que é mais sobre a atitude para com a música e como ela se encaixa na paisagem de música em geral.

É tornar-se novamente divertido, dançante, ser politicamente consciente e sério quando precisa ser, não se importando tanto sobre se é mesmo “jazz”, mas nunca trair a musicalidade e o espírito que veio para marcar o jazz através dos tempos.

Existe alguma coisa na música brasileira que é uma influência para você?
Justin –  Música e cultura brasileira tiveram uma influência enorme sobre mim, pessoalmente, bem como sobre o UK Jazz e muitos outros gêneros de música no Reino Unido. Os ritmos, melodias, estruturas únicas, sempre irá inspirar e me tocar.

Continuo a tocar música brasileira como DJ, não só jazz. Eu cresci ouvindo artistas como Azymuth, Ed Motta, Hermeto Pascoal, Caetano Veloso, The Ipanemas, Jayme Marques, Airto, Flora Purim, Tom Jobim, Elza Soares, Tania Maria, Burnier e Cartier, Eliane Elias, Zeco Pagodinho, bem como, Sabrina Malheiros, Patrícia Marx, a lista vai longe.

A música brasileira tem uma qualidade atemporal, sons do passado ainda soam como se tivessem feito esta manhã.

Qual dica você daria para nós brasileiros a desenvolver mais a nossa cena musical instrumental?
Justin – Em primeiro lugar eu diria, saiba o valor da sua identidade e da cultura musical. A tradição da música brasileira é extremamente rica e continua a influenciar fortemente a música e músicos em todo o mundo. Não perca essa identidade ao criar o novo, é extremamente precioso, mas também ser destemido quanto à fusão de novas influências e inspirações para essa tradição.

Além disso, certifique-se de que existem espaços acessíveis que permitem que os músicos para experimentar e expressar-se, enquanto dando a liberdade para o público dentro destes espaço para expressar-se também.

E certifique-se de que a cena é apoiada e ligada à cultura das artes de modo mais amplo, artistas visuais, designers, cineastas, dançarinos, etc. Cultura é fundamental.

Artistas novos que você precisa ouvir agora


Créditos: Caroline Lima

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'Não perca identidade ao fazer o novo', diz co-criador do Jazz Re:freshed