“Eu vou pisar”. Essa é a frase que Jade Baraldo entoa repetidas vezes no single “Não Ama Nada”. A faixa, lançada nesta sexta-feira (13) pela Warner Music, marca a nova era anti-heroína da artista. A cantora afirma que esse novo momento é fruto de uma versão mais madura de si. “Mais madura, mais mulher, mais brutal, brutalmente feminina”, declara a artista.

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Inspirada pelas vilãs da Disney, principalmente por Cruella, Jade explora a versão boa e má que há dentro de si. Com a dualidade de uma faceta meiga e outra agressiva expressa no clipe, a artista busca ressaltar que todas as pessoas têm suas sombras internas por alguma razão.

Para produção de “Não Ama Nada”, a cantora trabalhou junto com Lucs Romero. Com um beat forte e influência do pop, a música fala sobre atitude junto com a falta de medo de se expressar e se impor.

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Geralmente mulher com personalidade assusta. Mas não, na verdade é uma questão de posicionamento. Porque a gente precisa se posicionar, precisamos nos colocar, senão o mundo vai nos engolir. Então é uma questão de necessidade, se posicionar e ser ouvida”, reflete.

A faixa foi composta por Jade Baraldo em parceria com Lucs Romero e Julia Sicone. A produção musical é de Lucs Romero, Janluska e Jvck. O clipe conta com a direção de Dauto Galli.

Em entrevista, Jade Baraldo contou sobre as inspirações de “Não Ama Nada”, sobre como aprendeu a se posicionar e revelou algumas novidades que estão por vir. Abaixo, confira a entrevista na íntegra.

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Jade, agora você assinou com a Warner Music Brasil e anunciou uma nova era. O que a Jade de agora tem de diferente da sua versão do começo de carreira em 2018?

Jade Baraldo: Tem diferença que a Jade agora está muito mais madura, muito mais certa do que ela quer. Já passou por vários perrengues e aprendeu muito, já botou muita mão na massa. Não que eu tenha parado de botar a mão na massa, muito pelo contrário, mas todo esse meu percurso no independente me serviu muito pra chegar onde eu estou. Sem esse percurso eu não estaria aqui, como uma Jade mais madura, mais mulher, mais brutal, brutalmente feminina.

Como foi para você sair do cenário independente e alcançar essa parceria com a Warner Music?

Jade Baraldo: Eu acho que o grande objetivo dos artistas que sonham alto é querer expandir, depende muito do caminho de cada um e cada um tem o seu caminho. Não tem uma regra estabelecida, a única regra é trabalho, tem que trabalhar muito. Tem que fazer muita música. Mas assim, chegou um momento que eu quis ter essa estrutura de uma gravadora e achei que foi num bom momento para mim, depois de ter passado por essa experiência de independente. Eu estava precisando de uma mudança, de um novo suporte, uma nova estrutura. Eu estou amando trabalhar com todos eles, confesso que fiquei com muito medo de não ter liberdade artística. Mas eu vejo que está tudo muito na minha mão, tudo é muito conversado. As ideias na maioria das vezes surgem de mim, mas claro, sou aberta a ideia de outras pessoas também. Vejo que tem sintonia, está sendo muito bom e eu quero ser uma das maiores do Brasil.

De onde veio a nova Jade anti-heroína, o que motivou essa mudança?

Jade Baraldo: Desde pequenininha eu sempre fui muito mais fã das vilãs do que das princesas. Eu sempre gostei muito, eu me identificava muito mais com as vilãs. Principalmente com esse filme da Cruella, que é a minha vilã favorita e tem referência na história do videoclipe. Eu gosto muito dessa coisa da dualidade, do bem e do mal, de que ninguém é totalmente bom ou totalmente mau. Todos nós temos sombras, né? Todos temos essa dualidade, todo mundo tem uma história, ninguém está aqui sendo rebelde do nada. Todo mundo passa por perrengue, tem trauma, rancor, ódio e rebeldia. Eu acho que vale muito da nossa compreensão ter um olhar humano para essas vilãs também.

No material de lançamento, essa nova era é apresentada como uma forma de união entre as mulheres para repelir diversas situações, como a objetificação feminina. Ao longo desses anos da sua carreira, como você lidou com esses acontecimentos?

Jade Baraldo: Eu acho que o mais importante é a gente não se calar, não ser omissa. O refrão de ‘Não Ama Nada’ é como um grito de guerra, um grito rasgado. Acho que essa é a principal mensagem da música, não ficar calada, se posicionar. A importância de você se posicionar, e não ter medo do que as outras pessoas vão falar. Geralmente mulher com personalidade assusta. Mas não, na verdade é uma questão de posicionamento. Porque a gente precisa se posicionar, precisamos nos colocar, senão o mundo vai nos engolir. Então é uma questão de necessidade, se posicionar e ser ouvida

Como você acha que a música pode ajudar as mulheres do outro lado a entender a importância de se impor?

Jade Baraldo: Eu acho que a música pode fazer ela sentir essa rebeldia, uma rebeldia consciente no caso, né? Porque quando a rebeldia vem nessa forma de mudança para o bem, é uma rebeldia boa e necessária. Eu acho que essa música provoca muito isso, ela tem uma força, tem uma intensidade muito grande, é muito envolvente, tem uma magia que é isso que vai tocar as pessoas. E tomara que as pessoas se conectem consigo mesmo.

No clipe você trabalha um pouco da dualidade que você falou, como surgiu a ideia e quais foram as principais referências?

Jade Baraldo: Eu me inspirei muito nessa dualidade das vilãs que sempre foram muito julgadas durante toda a história. Agora a Disney está humanizando essas personagens, depois do filme de Cruella eu senti que eu precisava referenciar. Eu tenho até a mecha aqui [risos]. Eu sempre busco referências de vários lugares para dar o meu toque. Não gosto de nada óbvio, essa é a verdade, eu gosto de causar intriga. Então, se eu estiver muito comportadinha ou muito má, pode ter certeza que vai ter um turning point que vai mudar tudo e fazer as pessoas refletirem sobre isso, sobre essa mudança.

Essa virada foi até uma coisa que pensei quando olhei o material de divulgação e vi que só a versão mais meiga do clipe estava sendo divulgada.

Jade Baraldo: Uma galera acreditou! Vários amigos me mandaram mensagem perguntando o que tinha acontecido, mas aprovando, e eu enganando todo mundo. Eu acho que isso é legal também, trazer essa ironia e esse sarcasmo. Isso faz as pessoas refletirem também. Eu não estou julgando quem é fofinha ou má, só estou mostrando que todos nós somos múltiplos.

Na faixa você contou com a parceria com o Lucs Romero, como foi esse processo?

Jade Baraldo: Foi muito maneiro porque eu mostrei uma referência pra ele, falei assim, quero meio da Rosália, porque eu estou botando uma mensagem para fora e queria uma coisa forte. Um beat pesado, que vem do submundo que pega do seu xácara base para cima e explode tudo. Eu estava em Curitiba, me juntei com ele e com a Julia Sicone e fizemos a música os três juntos. Foi muito legal esse processo, é muito bom a gente botar essa energia para fora, ela fica guardada em algum lugar. E as mulheres tendem a fazer isso, engolir muito sapo, a botar muito para dentro. E nessa, a gente acaba morrendo pouco a pouco, por não botar para fora e ficar sufocada. Foi muito bom fazer tudo isso.

Como foi esse processo de mudança para você? De entender que agora você não precisava mais engolir sapo, que você tem a sua voz e pode se impor.

Jade Baraldo: Eu tive que me fuder muito! E mesmo tendo essa personalidade forte, que eu achava que sabia de tudo, porque quando você é mais jovem acha que sabe de tudo, né? Fulano não vai me enganar, vai sim! Eu tive que passar por muita opressão em relacionamentos para descobrir que a voz que realmente importa é a minha. Eu acho que a gente pode criar a nossa própria realidade, desde que essa realidade não desrespeite o espaço do outro. Graças a Deus eu faço arte e eu consigo criar um monte de realidade mirabolante [risos].

Jade, esse é o primeiro lançamento da sua nova era. O que mais podemos esperar, alguma parceria, o que está vindo pela frente?

Jade Baraldo: Eu não posso dar certeza dos próximos lançamentos, mas com certeza os próximos três terão em algum lugar deles. O que eu posso falar é para esperar várias facetas da Jade, eu gosto muito de performance e de brincar com personagens. Eu gosto muito de cinema e de criar essa realidade distante, que ao mesmo tempo se conecta com a realidade de agora.

Você falou que gosta de criar novas realidades, então nos próximos lançamentos vamos encontrar o desenvolvimento dessa Jade anti-heroína ou novas camadas?

Jade Baraldo: O meu objetivo a partir de agora, sobretudo, é dar voz às mulheres. Eu sempre vou estar trocando com mulheres e os próximos videoclipes vão estar falando da nossa história. Eu quero ser uma porta voz para as mulheres. Escutar relatos para trazer para as minhas músicas e fazer as pessoas escutarem, observarem e refletirem.


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“O refrão de ‘Não Ama Nada’ é como um grito de guerra”, diz Jade Baraldo sobre novo single